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Damares Alves, futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos | Valter Campanato/Agência Brasil
Damares Alves, futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves defendeu nesta terça-feira (11) uma “contrarrevolução cultural” e disse que meninas devem ser tratadas como princesas e meninos, como príncipes.

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“No momento em que coloco a menina igual o menino na escola, o menino vai pensar: ela é igual, então pode levar porrada. Não, a menina é diferente do menino. Vamos tratar meninas como princesas e meninos como príncipes”, declarou.

A futura ministra reconheceu que as mulheres sofrem abuso no Brasil “não só em templos religiosos, nas ruas, dentro de ônibus”, disse.

Damares disse que é necessária uma contrarrevolução cultural para combater o abuso.

“Nós vamos ter que cuidar da mulher na infância, na escola. O menininho de 3 anos vai aprender que a menininha merece ganhar flores. O menininho de 7 anos vai poder levar chocolate para a menina porque a menina é especial.”

As declarações da ministra foram dadas após ela ter sido questionada sobre as denúncias de abuso sexual praticado pelo médium João de Deus. Damares respondeu que leu pouco sobre o caso e disse lamentar pelas vítimas.

Rotulada

Também nesta terça-feira, ao final de uma reunião com deputados federais evangélicos, Damares Alves disse que as feministas querem lhe impingir o rótulo de “opressora das mulheres”. “Me defendam, pastores, me defendam na tribuna”, pediu aos parlamentares.

A reportagem entrou na parte final da reunião, realizada no gabinete do deputado Paulo Freire (PR-SP), pastor da Igreja Assembleia de Deus.

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Na saída, a futura ministra comentou o pedido. “Tem gente que acha que sou a ministra opressora, que veio pra oprimir a mulher no Brasil, por causa do aborto, por causa das minhas posições convictas, firmes [contrárias ao aborto]. Então, não sou uma ministra opressora, sou a ministra da vida”, afirmou.

A futura ministra - que é advogada, pastora evangélica e assessora do senador Magno Malta (PR-ES) - é contra a legalização do aborto para além das situações já permitidas e disse, ao ser indicada, que se “a gravidez é um problema que dura só nove meses, o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher”.

Na parte da reunião com os deputados presenciada pela Folha de S.Paulo, Damares estava expansiva, sorridente, falava alto e fazia piadas. Posou para fotos e, ao final, participou de uma oração conduzida pelo deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP).

Minutos antes, o deputado também havia feito piada, se dirigindo aos colegas: “Deus os criou, Damares os uniu”.

Damares também chegou a comentar com Nascimento que pretende conversar com ele sobre as secretarias de sua pasta, ou seja, os cargos de segundo escalão que, segundo ela disse ao parlamentar, não são muitos, “uns seis ou sete.”

Em um dos momentos de descontração, afirmou ser a “redenção dos assessores”, em referência ao cargo que ocupava no Congresso até a indicação para o ministério de Jair Bolsonaro. “A gente pode!”, exclamou ao abraçar um ex-chefe do tempo em que trabalhou como assessora no gabinete do deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ).

Em outro momento, brincou com o deputado Pastor Eurico (Patriota-PE), ao posar ao seu lado para foto: “Tem uma emenda aí? Me dá uma emenda.”

O Congresso está na reta final da votação do projeto de Orçamento federal para 2019. Deputados e senadores têm direito, cada um, a direcionar R$ 15,4 milhões em emendas ao Orçamento, podendo tanto retirar como engordar as verbas da pasta que será chefiada por Damares.

Na saída, a futura ministra disse que tenta evitar que os recursos para sua pasta sejam tesourados pelos congressistas durante a votação.

“Já é um orçamento pequeno. E meu medo é que, na hora da votação, isso caia”, afirmou, embora tenha dito não lembrar os valores de cabeça. “Temos que lutar para ser maior.”

Pastora da Igreja Evangélica da Lagoinha, em Belo Horizonte, Damares tem um histórico de declarações contrárias a bandeiras defendidas pelas feministas. Ao ser indicada, porém, afirmou ser militante dos direitos humanos e que pretendia deixar suas posições religiosas para o culto, aos domingos.

Disse ter como prioridade o “combater a violência”, inclusive contra a comunidade LGBT. “Se precisar, estarei nas ruas com as travestis, na porta das escolas, com as crianças que são discriminadas por sua orientação sexual.”

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