Um vegano da Geórgia processou o Burger King por propaganda enganosa, alegando que a franquia de sanduíches “enganou” os consumidores para que comprem o Impossible Whopper ao não divulgar que o hambúrguer feito de vegetais é assado com gordura de carne. O processo pretende se tornar uma ação por danos coletivos.
De acordo com a denúncia apresentada num tribunal federal da Flórida nesta segunda-feira (18), Phillip Williams disse que visitou um Burger King em Atlanta em agosto e pediu um Impossible Whopper – que, quando preparado sem maionese, imaginava estar conforme com sua “dieta vegana restrita”. Williams não sabia que estes sanduíches são, por padrão, “assados na mesma grelha que os produtos tradicionais baseados em carne, criando um produto sem carne que é de fato coberto por um subproduto de carne”, alega ele no processo.
Não está claro de que forma Williams ficou sabendo como o Impossible Whopper é preparado. O Burger King anuncia os hambúrgueres baseados em vegetais como sendo “100% Whopper, 0% Carne”, e ressalta em seu site que o sanduíche é feito com maionese – um produto não-vegano que contém ovos. Em letras menores, abaixo da descrição, a empresa diz aos clientes que queiram uma “opção livre de carne” podem pedir que seus “hambúrgueres impossíveis” não sejam preparados na mesma grelha onde os produtos de carne ou frango sejam assados.
Williams alegou que, na loja onde comprou seu lanche, não havia indicações de que o Impossible Whopper era preparado na mesma grelha que os itens de carne do cardápio ou que ele tinha a opção de pedir para que o hambúrguer fosse grelhado separadamente. O processo aponta que houve “inúmeras reclamações online” de pessoas igualmente irritadas e surpresas pela descoberta de que seus hambúrgueres sem carne eram assados na gordura da carne ou do frango.
O processo requer um julgamento por júri popular, indenização por danos e, entre outras coisas, uma liminar para impedir que o Burger King prepare o “hambúrguer impossível” na sua grelha comum.
Verónica Nur Valdés, porta-voz da holding do Burger King, a Restaurant Brands International (RBI Inc.), disse que a empresa não comenta sobre litígios pendentes.
Quando o Burger King lançou o Impossible Whopper, em agosto, alguns consumidores veganos perceberam o fato, confirmado pelos executivos da rede, de que o “hambúrguer impossível” seria assado na mesma grelha que o frango e a carne, a não ser que o cliente pedisse o contrário. A empresa jamais rotulou o produto como vegano em seu anúncio.
“Nós usamos o mesmo método de cocção”, disse Chris Finazzo, presidente do Burger King na América, à Bloomberg, em agosto. “O produto tem o mesmo gosto que um Whopper. Nós não queríamos emprestar nosso nome para qualquer coisa. Ele parece carne, tem cheiro de carne e a mesma textura que a carne”.
A maioria , cerca de 90%, dos clientes que pediram o Impossible Whopper durante os testes do produto comiam carne regularmente, disse à Bloomberg a holding do Burger King, RBI Inc.
Matt Ball, um porta-voz do Instituto The Good Food, que promove carnes alternativas baseadas em vegetais, disse que, por mais que os veganos possam dar boas-vindas à inclusão de opções livres de animais nos restaurantes populares, eles não são realmente o público-alvo para produtos como o Impossible Whopper.
“O alvo não é oferecer um produto vegano. Não é a mesma coisa que o Burger King anunciar algo como ‘ei, veganos, este é seu hambúrguer!’", disse Ball ao The Washington Post. “Ele é voltado para os flexitarianistas, pessoas que desejam comer menos carne vermelha. É por isso que eles o preparam de forma que a experiência culinária seja a mesma de alguém que come Whoppers.”
Empresas como a Beyond Meats e Impossible Foods produzem carnes alternativas baseadas em plantas motivadas pelo impacto ambiental da produção de carne, de acordo com Ball. Ele disse ainda que "as empresas com uma ampla base de clientes provavelmente não tentarão atrair consumidores veganos, que são estimados em 1% da população dos Estados Unidos; e que 'vegano' como identificação não tem particularmente associações positivas perante os olhos dos consumidores; é ainda pior do que identificações como 'diet' ou 'sem açúcar'", disse Ball.
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