Se soubessem a verdade, talvez não tentassem o impossível. Porque a linguagem importa. O significado das palavras importa. Isso serve sobretudo quando se trata da ideia de mudar de sexo ou gênero.
A identidade de gênero é um termo inventado que obscurece a verdade. A identidade de gênero, que se refere a como uma pessoa se sente, separa o gênero da realidade corporal e biológica.
Na verdade, o gênero é indissociável do sexo biológico porque é uma expressão do sexo biológico. Embora as expressões possam variar, o gênero, assim como o sexo, não pode ser alterado.
Sei disso por experiência própria. Especialistas dos anos 1980 me disseram que hormônios e o que era chamado de “cirurgia de mudança de sexo” transformariam a mim, um homem, numa mulher.
Mas a transformação prometida não ocorreu. Ainda era homem – como fui desde a concepção – mesmo depois de hormônios, cirurgias e oito anos vivendo como mulher.
Como a mudança de sexo é fisicamente impossível, é necessário deformar a língua para vencer esses procedimentos. Os termos preferidos para se referir a isso mudaram ao longo dos anos. “Mudança de sexo” virou “ressignificação do sexo”, depois “ressignificação de gênero” e depois “afirmação de gênero”.
Essas tentativas de alterar o gênero e o sexo por meio de cirurgias “afirmativas” são em vão.
Sim, as cirurgias plásticas radicais, como mastectomia para as mulheres e a vaginoplastia para os homens, alteram a aparência física. E os hormônios provocam efeitos permanentes nos cabelos e voz. Mas os procedimentos não alteram a realidade física e biológica.
Só podermos alterar a imagem que projetamos em público. O nome disso é “persona”, termo definido como “fachada social que reflete o papel que a pessoa exerce na vida”. “Persona” é um retrato preciso e sincero, dois adjetivos que faltam às brincadeiras lexicais de hoje.
Chamemos isso pelo que ele é: mudança de persona, não mudança de gênero ou sexo. O lado bom disso é estabelecer expectativas adequadas para todos os que consideram se submeter a essa bobagem.
Minha terapeuta, Judy Van Maasdam, chefe do Departamento de Disforia de Gênero de Palo Alto, na Califórnia, me apresentou à palavra “persona” quando a procurei três anos depois de me submeter à “transição”. Ainda tinha disforia de gênero e ela usou a palavra “persona” para, cuidadosamente, remoldar minhas expectativas quanto ao que os hormônios e cirurgias tinham feito com meu corpo – nada mais do que a destruição de órgãos antes perfeitos.
Linguagem enganosa prejudica vulneráveis
Perpetuar a mentira de que uma mudança de sexo ou gênero é possível prejudica as pessoas cuja ideia pretende ajudar.
A história de Blair Logsdon revela a destruição que a mentira causa em pessoas psicologicamente vulneráveis. Logsdon se submeteu a 167 cirurgias supostamente necessárias entre 1987 e 2005, em sua busca para mudar o “gênero” e curar sua disforia de gênero.
Infelizmente, quando eu e minha esposa nos sentamos com ele para um café num dia frio, ficou claro que todos os procedimentos cirúrgicos foram incapazes de lhe dar o alívio psicológico que ele buscava.
Mas ele conseguiu mudar sua “persona”, porque seu rosto traz as cicatrizes das cirurgias. Ele nos disse que se arrependia profundamente das muitas cirurgias a que se submetera em sua busca por se tornar uma mulher trans.
Os adolescentes são os mais vulneráveis aos que vendem a “afirmação de gênero” como solução para seus problemas. Com o apoio dos pais, Nathaniel foi a uma clínica aos 15 anos e, uma semana depois de completar 18 anos, se submeteu ao que é eufemisticamente chamado de “cirurgia das partes baixas”.
Para um homem como Nathaniel, isso significava transformar sua genitália masculina numa pseudovagina. Um ano mais tarde, aos 19, ele entrou em contato comigo e disse que “tudo foi uma péssima ideia. Tenho 19 e acho que estraguei minha vida”.
Essa é a consequência real de se dizer às pessoas que elas podem trocar de gênero com hormônios e cirurgia. A vida de um jovem foi arruinada em sua juventude.
As pessoas ouvem a verdade tarde demais, depois de se submeterem a experiências com seus corpos. A verdade é que hormônios e cirurgias são destrutivos e não conseguem promover a mudança de sexo. Até mesmo o cirurgião que realizou minha cirurgia de “mudança de sexo” admitiu que meu sexo não mudaria.
Se adolescentes e adultos entendessem isso, não optariam por tomar hormônios ou se submeterem à cirurgia. Qual o sentido de fazer isso se o sexo e gênero não mudam?
Mudança de “persona” é um termo melhor
Se usássemos uma linguagem precisa, talvez evitássemos resultados deploráveis que vemos todos os dias. Gostaria de ver menos pessoas sofrendo.
Chamar esses procedimentos por seu nome real – mudança de “persona” – seria factual e intelectualmente mais preciso. Se você pretende falar a verdade para as pessoas com disforia de gênero, diga para elas ignorarem os hormônios e as cirurgias. Eles são incapazes de mudar o sexo ou gênero da pessoa e só causam danos.
Lembre-se de que o gênero e o sexo não mudam. Não mudaram para Logsdon depois de 167 cirurgias nem para Nathaniel, que teve a vida arruinada. O sexo biológico é imutável. Dizer o contrário é uma mentira.
Por causa das consequências por defender o que acreditamos e dizer a verdade dura (a perda de oportunidades de trabalho e o ostracismo), tendemos a repetir as palavras politicamente corretas da moda, palavras que não se baseiam na verdade e mudam de acordo com os ventos.
Quando dizemos que uma pessoa pode “mudar de sexo”, damos espaço para a ideologia de gênero radical à custa da verdade imutável. Precisamos deixar de agirmos como “marionetes lexicais” repetindo termos imprecisos e danosos, e temos que falar a verdade: querer mudar o gênero ou o sexo é uma tolice.
Walt Heyer é palestrante e autor do "Trans Life Survivors" [Sobreviventes da vida trans].
©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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