Decadente e dependente do carvão, West Virginia tem os piores indicadores sociais e econômicos dos Estados Unidos. O estado destoa do restante do país, onde a economia está aquecida.| Foto: Pixabay

Os Estados Unidos têm a maior economia e um dos maiores índices de desenvolvimento humano no mundo, mas as condições de vida dentro do país não são homogêneas. Alguns estados ficam na lanterna em diversos indicadores de qualidade de vida. Nos últimos anos, a West Virginia tem sido considerada o pior estado para viver nos Estados Unidos.

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A qualidade de vida dos norte-americanos é mensurada anualmente no Índice de Bem-Estar organizado pela empresa de pesquisas Gallup. Na edição deste ano, o estado de West Virginia ficou em último lugar, com o pior índice de bem estar médio da população.

O índice é baseado em entrevistas com mais de 160 mil adultos dos EUA com 18 anos ou mais e procura mensurar como as pessoas se sentem sobre suas vidas e seu cotidiano. As informações são compiladas em uma escala de 0 a 100. A pontuação do índice para cada estado compreende métricas que afetam o bem-estar geral e cinco elementos essenciais: senso de propósito, relações sociais, segurança financeira, relacionamento com a comunidade e saúde física.

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Pelo décimo ano consecutivo, os residentes de West Virginia relataram o menor nível de bem-estar em 2018. O estado teve 57 pontos no índice de bem-estar, contra 61,2 na média nacional. O Havaí ficou em primeiro lugar com 64,6 pontos. De acordo com informações da Gallup, os números de West Virginia são, em grande parte, prejudicados por altos níveis de insegurança financeira e problemas de saúde entre a população.

No estado, 28% dos adultos fumam e 29% não realizam exercícios - a maior e quarta maior taxa no país, respectivamente. O estado tem as maiores taxas autodeclaradas de pressão alta, diabetes, depressão e ataque cardíaco, e apenas 47% dos adultos acreditam que estão em perfeita saúde física – menor parcela dos Estados Unidos.

Por outro lado, a renda familiar média é de US$ 43.385 por ano, cerca de US$ 14.000 a menos do que a renda média nacional de US$ 57.617. Estes valores compõem a segunda menor renda familiar média do país, mesmo que se faça o ajuste para o baixo custo de vida da área, 11% menor que a média nacional. Aproximadamente 21% dos adultos afirmam que não têm dinheiro suficiente para se alimentar, a terceira maior taxa do país.

Por outro lado, renda mais baixa pode ser uma consequência do baixo índice de bem-estar em West Virginia. Quanto menor o índice, menor a capacidade de atrair empresas que geram empregos, de acordo com o diretor de pesquisa do Índice de Bem-Estar Gallup-Sharecare, Dan Witters.

“Os estados que têm altos índices de bem-estar são lugares atraentes para possíveis empregadores, porque seus trabalhadores têm um desempenho melhor e menos ausências não planejadas”, diz Witters.

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A baixa atratividade colocou o estado entre os piores para negócios nos Estados Unidos, segundo ranking da emissora de negócios CNBC. O ranking de 2017 foi determinado por fatores como produção econômica, infraestrutura, crescimento econômico, habitabilidade e oportunidade e sucesso educacional. West Virginia marcou 942 de 2.500 pontos possíveis, ficando em 50º lugar.

“O estado é um dos quatro que perderam empregos no período, uma queda de quase 1%”, diz o jornalista na CNBC, Scott Cohn. “Mais uma vez, o culpado é o carvão. O emprego na mineração caiu 40% nos últimos cinco anos, com algumas partes do estado perdendo até 70% dos postos de trabalho na mineração de carvão”, explica.

O pior estado para jovens

Um estudo feito pelo site de finanças pessoais WalletHub classificou a West Virginia como o pior estado para jovens. O levantamento “Os melhores e piores estados para os millennials de 2019” comparou todos os 50 estados dos EUA e o Distrito de Columbia em 36 indicadores, incluindo percentual de jovens, taxa de desemprego na geração millennial e ganhos médios desta geração.

West Virginia ficou 51º e último lugar. O estado também ficou em último lugar nos rankings de qualidade de vida, saúde econômica e engajamento cívico. West Virginia ficou ainda em 35º lugar no ranking de educação e saúde e em 18º no ranking de acessibilidade.

Outra pesquisa do WalletHub analisou os níveis de felicidade nos estados americanos e o resultado também foi ruim para a West Virginia. O estudo analisou 28 fatores que contribuem para a felicidade – como sono adequado, trabalho voluntário e horas gastas no trabalho – para descobrir os estados mais infelizes.

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A West Viriginia teve o pior desempenho, com a maior proporção de depressão em adultos (49º), menor taxa de sono adequado (49º), dois dos principais fatores que afetam a felicidade. As pontuações do estado também são baixas nas categorias bem-estar (49º) e trabalho (48º). Ainda segundo o WalletHub, West Virginia está os entre piores estados para criar uma família. Em 47º lugar no ranking, o estado tem alta taxa de mortalidade infantil e porcentagem de famílias que vivem na pobreza.

O levantamento analisou 42 indicadores de convivência familiar, desde a renda familiar média até o acesso a habitação e taxa de desemprego. West Virginia ficou em 50º lugar no percentual de famílias com crianças pequenas; 28º para custos com cuidados infantis; 39º para taxa de mortalidade infantil; 46º para renda familiar média; 24º para taxa de crimes violentos; 40º para porcentagem de famílias em situação de pobreza; 10º para acesso a moradia; 46º para taxa de desemprego; e 36º para taxa de separação e divórcio.

Um estado infeliz

Pesquisas anteriores mostram que índices altos de bem-estar estão relacionados aos principais resultados de saúde, como taxas mais baixas de utilização de serviços de saúde, faltas no trabalho e desempenho no local de trabalho, redução no status de obesidade e menor ocorrência de doenças crônicas.

O bem-estar também é um preditor de inúmeros resultados comerciais, como o envolvimento dos funcionários, o envolvimento dos clientes, a rotatividade e a segurança no local de trabalho, que podem afetar a capacidade de um estado atingir seu potencial econômico. Pesquisas recentes também mostraram um forte vínculo global entre bem-estar e intenção de migração.

Por outro lado, o bem-estar pode estar sob controle de cada um. Cerca de 40% do que determina a felicidade está sob controle dos indivíduos. A boa notícia é que a qualidade de vida pode ser melhorada.

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“Há boas e más notícias sobre nossa capacidade de mudar nosso senso de bem-estar ou felicidade”, diz Ronald D. Siegel, professor clínico assistente de psicologia da Harvard Medical School. “Acontece que, assim como no peso, temos pontos de ajuste de felicidade geneticamente determinados. Portanto, se não tomarmos medidas para melhorar nossa sensação de bem-estar, tendemos a voltar ao mesmo nível”, acrescenta Siegel.

“Encontre algo que seja uma alteração de 2%, como caminhar dez minutos por dia. Dê uma caminhada no almoço, ande enquanto fala ao telefone. Qual a menor alteração que você pode fazer e ter certeza de que pode mantê-lo? Conheci pouquíssimos pacientes que não conseguiram fazer isso”, diz Edward Phillips, fundador e diretor do Instituto de Medicina do Estilo de Vida da Harvard Medical School.

“As pessoas podem fazer mudanças razoáveis ​​e mantê-las. E então o comportamento melhorado gera um comportamento melhorado, completa.