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Barry Bergdoll, curador do Museu de Arte Moderna de Nova York, fala sobre projetos brutalistas em auditório da PUC-PR | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Barry Bergdoll, curador do Museu de Arte Moderna de Nova York, fala sobre projetos brutalistas em auditório da PUC-PR| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
  • Participantes do Docomomo fizeram visita guiada a edificações modernistas como a casa de Vilanova Artigas

Curitiba tornou-se a capital da arquitetura modernista por alguns dias da semana passada. Mais de cem pessoas vieram participar de um evento que discutiu a importância da arquitetura moderna e da preservação das edificações projetadas por nomes do movimento, que revolucionou o design, as artes e o pensamento entre as décadas de 30 e 70 do século passado.

Embora de caráter acadêmico, o seminário Docomomo Brasil, que teve palestras de especialistas internacionais, abre a um público mais amplo a necessidade da mudança de olhar quando o assunto é patrimônio arquitetônico. Como observa Salvador Gnoato, um dos coordenadores do evento, o imaginário coletivo é mais voltado para a preservação de imóveis do século 19, que são vistos de forma geral como "antigos" – embora muitos tenham mais relevância afetiva do que valor arquitetônico. "É preciso entender a importância das obras do século 20", pontua o arquiteto.

Brutalismo

Entre os dias 15 e 18 de outubro, salas e auditórios da PUC-PR receberam a décima edição do Docomomo Brasil, que foi focada no brutalismo – vertente da arquitetura moderna que vigorou entre 1955 e 1975. É uma concepção arquitetônica despojada, que valoriza as estruturas em concreto aparente e dispensa ornamentos. No Brasil, a arquitetura brutalista teve como protagonistas Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha.

Em Curitiba, as principais obras desse movimento foram realizadas pelo escritório Fortes Gandolfi na década de 1960. Duas edificações representantes do brutalismo e bastante icônicas na cidade são o prédio do Paraná Previdência – antigo IPE – no bairro São Francisco e a sede da Emater, no Cabral.

"O tema do brutalismo tem especial importância para os paranaenses. Faz parte da formação das primeiras gerações de arquitetos formados pela UFPR e PUC-PR em Curitiba", comenta Salvador Gnoato.

Preservação

O arquiteto e professor lembra, também, que no momento em que a prefeitura de Curitiba está revendo posicionamentos acerca da preservação da arquitetura moderna na cidade, o Docomomo Brasil reforça a relevância da preservação do patrimônio cultural. "É preciso vontade política. A legislação municipal sobre o tema é frágil, não é suficiente ter a lei que pode ser facilmente contestada pelos proprietários de imóveis."

Gnoato afirma que o Ippuc tem uma lista de 150 imóveis, construídos entre as décadas de 30 e 60, listados como relevantes e que devem ser preservados. "Esse levantamento foi feito em 2000, para a sexta edição do Docomomo Brasil", comenta.

Mais de 100 trabalhos acadêmicos, que haviam sido previamente inscritos pelos autores e avaliados por uma comissão científica, foram apresentados durante os três dias de seminário. "O envio e apresentação de papers em espanhol e inglês aconteceu pela primeira vez em um seminário nacional do Docomomo", observa Gnoato.

Os destaques do encontro foram as palestras de Barry Bergdoll, curador-chefe de Arquitetura e Design no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), de David Leatherbarrow, da University of Pennsylvania, de Francis Strauven, da Universidade de Ghent, na Bélgica, e de Stanislaus von Moos, da Universidade de Zurique.

Tour arquitetônico

No sábado, após o encerramento do seminário, participantes foram levados a um "Momotur" – visita guiada pelas principais obras modernistas de Curitiba. O roteiro passou pela Casa Vilanova Artigas, no centro, Casa Frederico Kirchgässner, no São Francisco, e pelas sedes do Paraná Previdência e da Emater. O percurso foi encerrado no Museu Oscar Niemeyer. "Os visitantes adoraram a cidade. Saíram maravilhados com Curitiba", comemora Gnoato.

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