Quarto da cobertura em Bombinhas (SC) projetado pelo escritório Lupatini, Lima e Ramos com painel de bambu até o teto. Custo estimado de R$ 1.800| Foto: Le Click/Divulgação
Mesa de jantar Demoiselle oval, com 2 metros de largura, da Oré Brasil. Base de bambu multilaminado. Preço na Kraft: R$ 7.280
Banquetas Bali empilháveis. À venda na Artesanal: R$ 380 (a de cima) e R$ 472 (a de baixo, maior)
Mesa de centro Jabuti, da Oré Brasil. Tampo de bambu multilaminado e base de pinus revestido com bambu. Preço na Kraft: R$ 3.023
Espelho do Depósito Santa Clara. Preço: R$ 2 mil (na promoção)
Poltrona Ghandi, de bambu cana da índia, custa R$ 659 (com almofadas). Sofá: R$ 1.979,60 (com almofadas), na Artesanal
Um dos quartos do Lapinha SPA, recém-reformado pela arquiteta Maylin Ling. Revestimento da Oré Brasil está à venda na Natur Pisos por R$ 260 o m²
Mesa Zimbros com estrutura e tampo de bambu. Na Artesanal por R$ 1.253

A leveza, as tonalidades e os desenhos da natureza dentro de casa. É o que o bambu traz quando usado na decoração, tanto nos móveis, quanto nos objetos e revestimentos. "A interferência do bambu dá uma arejada no ambiente, quebra o estilo clean hospitalar ou o clássico enfadonho", define Dalton Vidotti, arquiteto e consultor da Artesanal Mais Móveis e Deco­­­rações, loja do bairro Santa Felicidade que trabalha com móveis artesanais de materiais naturais.Mesmo in natura, como é usado na maioria das vezes, o material pode ganhar um acabamento refinado e ser inserido em uma decoração sofisticada. Esse é o caso do projeto do Escritório Lupatini, Lima e Ramos para uma cobertura de Bombinhas (SC), que ganhou painéis de bambu na sala e em um dos quartos, executados pelo artesão curitibano Mário Miekley.A solicitação do cliente era uma decoração sofisticada, com materiais de qualidade, mas que tivessem um visual despojado e um toque exótico em pontos estratégicos, que remetessem aos resorts de luxo de Bali. "Baseado nisso, a aplicação do bambu foi ideal, porque além de dar um aspecto exótico e natural à decoração, a forma como tratamos o material e a maneira como foi aplicado no projeto permitiram o seu uso sem sobrecarregar os ambientes com muita rusticidade", frisa o arquiteto Carlos Lupatini. O custo de cada painel foi de, aproximadamente, R$ 1.800. O artesão explica que não há um preço fechado para os trabalhos em bambu. "Cada caso é um caso", diz Miekley, que, além dos painéis, faz também pergolados, treliças, forros para telhado, entre outros trabalhos com o material. "Normalmente baseio meu preço no tamanho do serviço e na distância, se tiver de viajar ou não", exemplifica.Na reforma dos quartos do Lapinha Clínica SPA, na cidade histórica da Lapa (PR), a arquiteta Maylin Ling optou por usar o bambu de uma forma diferente, mais contemporânea, com móveis e revestimentos da fábrica catarinense Oré Brasil, feitos com bambu multilaminado (várias lâminas de bambu coladas umas sobre as outras). "O bambu é um material de alta durabilidade, sustentável e que se encaixou bem com a ideia de fazer uma decoração mais clara para os quartos, antes mobiliados com peças de imbuia", diz Maylin. Dois andares de quartos do Lapi­­nha ganharam essa nova cara.O arquiteto e diretor de produtos da Oré Brasil, o curitibano Paulo Foggiato, explica que a laminação do bambu, tecnologia usada largamente na Ásia e ainda nova no Brasil, permite levar a matéria-prima a um novo nível de produção e estética, menos artesanal. "A resistência do bambu multilaminado permite a criação de móveis com curvas seguindo as sinuosidades do corpo humano. É um móvel de formas simples, mais fácil de inserir em qualquer decoração do que o formato in natura, mas que ao mesmo tempo valoriza os aspectos naturais do bambu."

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Parte das peças da marca, todas assinadas por Foggiato, foram premiadas em concursos de design brasileiros, como o 23º Prêmio Museu da Casa Brasileira, que, no ano passado, colocou em primeiro lugar na categoria Mobiliário três peças da Oré Brasil: poltrona Bambu #5, cadeira Lapa e mesa Demoiselle.Da produção artesanal à industrialização O bambu é uma planta da família das Gramíneas, não uma árvore, especialmente de regiões tro­­picais e subtropicais. É cortado do pé, com um mínimo de quatro a cinco anos de crescimento e amadurecimento, para então crescer de novo. Não é preciso replantá-lo, como outras culturas. É largamente usado na Ásia (Chi­­­na e Índia, principalmente) e também em alguns países da América Latina (Equador e Colômbia) para finalidades como a construção civil e a indústria moveleira, mas ainda é pouco explorado no Brasil. "É uma planta encontrada na mata nativa ou em pequenas propriedades familiares quase que por um acaso", afirma o diretor de produtos da Oré Brasil, Paulo Foggiato, que teve de "garimpar" pequenos produtores locais para formar os fornecedores da fábrica. Não há uma rede de produção tão ampla ou organizada como a da madeira.

Milhares de espécies da planta foram catalogadas, mas algumas das mais usadas no país são exóticas e vieram com a imigração japonesa: Dendrocalamus giganteus (ou bambu gigante), Phyllostachys pubescens (ou bambu mossô) e Phyllostachys Bambusoides (ou bambu mandake). "Os dois primeiros são mais resistentes, com paredes de 80 e 30 milímetros de espessura e 30 e 15 metros de altura, respectivamente, por isso usados para a produção de móveis", explica Foggiato.

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São muitas as características que fazem do bambu um material sustentável, com o potencial de fomentar economias locais, como seu metabolismo acelerado (cresce, no mínimo, 20 centímetros por dia), que faz com que sequestre mais gás carbônico do que a maioria das plantas, e sua alta resistência, comparável às madeiras de média e alta densidade. No entanto, as informações sobre o bambu no Brasil são escassas.

Para mudar essa realidade e incentivar o uso da planta no país, o Conselho Nacional de Desen­­­volvimento Científico e Tecno­­­lógico (CNPq), do Ministério da Educação, está financiando vários grupos de pesquisas sobre o bambu, em diferentes instituições de ensino do país. "A intenção é que em 2011 todas as informações obtidas por esses pesquisadores formem um banco de dados que será usado, mais tarde, para nortear o uso do bambu no país, com a criação de normas técnicas, entre outras ações", explica o professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Carlos Alberto Szucs, que coordena um grupo que está estudando as características físicas e mecânicas da planta. As paulistas Unicamp e Unesp também participam do projeto, pesquisando os tipos de tratamento e técnicas de produção, respectivamente.

Serviço: Artesanal Mais Móveis e Decorações - Av. Manoel Ribas, 3.716, Santa Felicidade. Depósito Santa Clara - Rua Fernando Simas, 71, Praça Espanha, Batel. Kraft - Av. do Batel, 1.114, Batel. Natur Pisos - Av. Getúlio Vargas, 2.301, Água Verde.