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A dona de casa Geraldina Volf aproveitou a reforma da casa para padronizar a instalação elétrica | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A dona de casa Geraldina Volf aproveitou a reforma da casa para padronizar a instalação elétrica| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Adaptadores

Benjamins deixam de ser fabricados

Os benjamins encontrados hoje no mercado, os mais comuns no formato de T, "não oferecem segurança e sobrecarregam a instalação elétrica", diz Gustavo Kus­­ter, gerente de qualidade do Ins­­tituto Nacional de Metrologia, Nor­­malização e Qualidade Indus­trial (Inmetro). Por isso, o órgão proibiu a sua fabricação. Para substituí-los, a Pial Legrand foi uma das fabricantes que lançou no mercado um adaptador com três saídas, no padrão novo. O preço é, em média, três vezes maior do que o modelo comum. "O uso do adaptador é uma boa alternativa, mas deve ser encarado como um paliativo, porque custa mais caro do que a própria tomada", diz Carlos Henrique Amaral, gerente de vendas da região sul da fábrica.

Atenção ao novo padrão de plugues e tomadas

De formato chato ou arredondado, com dois ou com três pinos. Hoje, no Brasil, existem mais de 12 tipos diferentes de plugues e tomadas. Com tantos modelos, dificilmente há um encaixe perfeito na hora de co­­nectar os aparelhos eletroeletrônicos nas tomadas, o que significa maior risco de sobrecarga na instalação elétrica e desperdício de energia.

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  • Idelfonso Guibor, empresário, optou por uma instalação trifásica para aumentar a segurança da rede elétrica de sua casa

Todo cuidado é pouco na hora de fazer a instalação elétrica.Segundo o Corpo de Bom­­­beiros do Paraná, só este ano, 16 pessoas morreram no estado por descuidos com a eletricidade. Em 2008, houve dez vítimas fatais. Em 2007, seis. "Boa parte dos incêndios atendidos pelo corpo de bombeiros poderia ser evitada com cuidados simples, como não deixar fios de­­­sencapados, utilizar protetor de tomadas e não esquecer o ferro elétrico ligado", diz Carlos Alberto Mascarenhas Machado, major do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná. No Brasil, um estudo da organização não governamental Criança Segura, com base nos dados mais recentes do Ministério da Saúde, de outubro de 2007, revela que o cho­­­­que elétrico é a segunda causa de hospitalização de crianças entre 10 e 14 anos. A média de casos nos últimos anos tem sido 3.400. "A maioria desses acidentes foi provocada por uma instalação elétrica inadequada. O nosso objetivo é mudar a cultura sobre a segurança na eletricidade, levando à população uma série de informações sobre seus riscos", afirma Edson Martinho, presidente da As­­­­sociação Brasileira de Conscien­­­tização para os Perigos da Eletrici­­­dade (Abracopel).Em encontros feitos este ano pela entidade com eletricistas de Curitiba e outras dez capitais do país, o erro mais citado em instalações elétricas foi a ausência de condutor de proteção (o fio-terra) nas tomadas – elemento que é obrigatório nas novas construções desde outubro de 2006, pela Lei Federal 11.337 –, seguido pela não separação de circuitos de tomadas e iluminação. Quando bem divididos esses circuitos, é possível, por exemplo, arrumar uma tomada com a luz acesa. "Ambos os itens fazem parte da norma de instalações elétricas de baixa tensão (NBR 5410/04) que exige a instalação do condutor de proteção em todos os pontos de alimentação (tomadas e não tomadas) e que haja separação entre os circuitos de iluminação e tomadas como regra geral", afirma Martinho.

Outro elemento de segurança obrigatório nas instalações elétricas residenciais, desde 2004, é o Dispositivo Diferencial-Residual, conhecido como DR. A informação é do presidente da Associação Pa­­­ranaense dos Engenheiros Eletri­­cistas (APEE), Rolf Meyer. Esse aparelho, que deve ser instalado no quadro de distribuição, identifica o curto-circuito e o desvia para o aterramento em milissegundos. Na prática, isso significa eliminar aqueles choques indesejados ao ligar o chuveiro ou abrir a geladeira. "Se todas as residências estivessem equipadas com o DR, reduziríamos de forma considerável o número de acidentes elétricos", acredita Meyer. "Mas, infelizmente, a maioria das casas não possui esse sistema". Os principais motivos são: desconhecimento e preço (o aparelho custa em torno de R$ 250).Novas tomadas

Ainda no ano passado, o Brasil ganhou um novo padrão de tomadas e plugues, mais seguro que os diversos tipos existentes hoje no mercado. A mudança gradual desses plugues e tomadas pelas indústrias elétrica e eletroeletrônica já começou e deve chegar ao fim só em 2011.

Para as novas construções não há prazos determinados para utilizar o novo padrão de tomadas, mas isso já vem ocorrendo de forma forçada, já que os modelos antigos estão deixando de ser fabricados. A construtora Thá segue o novo padrão de plugues e tomadas em seus empreendimentos desde janeiro do ano passado. Para o gerente de qualidade e novas tecnologias da construtora, Júlio César Vasconcellos, a padronização é sinônimo de maior segurança. "As normas nos dão diretrizes de como fazer uma instalação segura, mas também buscamos o conforto do usuário". Segundo ele, o custo total com projeto e execução da instalação elétrica (de uma residência) é de 7% do valor do imóvel.

Responsabilidade técnica

"Toda a instalação elétrica deve ser feita por um profissional devidamente qualificado. Não importa a complexidade do serviço. A regra vale desde a execução de um projeto até uma simples manutenção no chuveiro", é o que alerta Mário Guel­­bert, gerente regional do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR). Toda atividade ténica relacionada à eletricidade necessita de uma Anotação de Respon-sabilidade Técnica (ART), que deve ser assinada pelo profissional técnico ou engenheiro. "Dessa maneira, o proprietário pode exigir a responsabilidade e a garantia pela qualidade do projeto e da execução da obra", diz Guelbert.

A dona de casa Geraldina Volf está na fase final da reforma de sua casa, no bairro Boa Vista e, preocupada em fazer uma boa instalação elétrica, contratou um engenheiro para desenvolver o projeto. Mãe de quatro filhos, conhece de perto o perigo da eletricidade. "Minha filha mais velha, por descuido, encostou a tesoura no pino da tomada quando era criança. Ela levou um choque. A ponta da tesoura escureceu e ficou derretida no local. Foi apenas um susto, graças a Deus, mas poderia ter sido pior", lembra.

Devido a uma exigência da Copel, Geraldina teve de trocar o poste que liga a energia da rua até a casa. A umidade do terreno fez o antigo trincar. "Aproveitei e coloquei um modelo que comporta os fios da tevê a cabo e do telefone", conta. "A nova instalação elétrica tem uma central de distribuição com um disjuntor para cada banheiro e outro só para as tomadas. Dessa maneira, não preciso desligar toda a energia da casa para um eventual conserto."

Para o empresário Ildefonso Rafael Guibor, de 48 anos, a conscientização é a melhor forma de prevenir acidentes com a energia. Todas as tomadas de sua casa tem sistema de aterramento e a rede segue o padrão trifásico, o mais indicado para casas de grande porte, devido ao alto consumo de energia. Dessa forma há um equilíbrio nas fases e não há variação de tensão. O padrão monofásico é indicado para residências populares, de até 60 metros quadrados, que tenham apenas um chuveiro. E, para casas um pouco maiores ou que tenham mais de um chuveiro, a recomendação é o padrão bifásico. Assim, quando os dois chuveiros estiverem ligados ao mesmo tempo, haverá uma divisão da energia entre as duas fases, fator que evita a sobrecarga. "Procurei seguir todas as medidas recomendadas. A segurança da minha família não tem preço" diz Guibor.

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