Desde o começo do ano que se fala que vai sobrar dinheiro para a habitação. Mas até o mês passado todos as novidades sinalizavam que o esforço do governo federal via Conselho Monetário Nacional (CMN) e Caixa Econômica Federal (CEF) iria apresentar resultados apenas para as camadas mais baixas da população. Principalmente para as famílias com renda até 5 salários mínimos, que respondem por 92% do déficit habitacional brasileiro. Mas agosto trouxe muitas novidades que prometem incluir a classe média nessa "festa".
O entusiasmo começa no setor produtivo. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, considera que está em curso uma "revolução". Apoiado nas estimativas do volume de recursos disponíveis para a construção de novas unidades, Simão afirma que o cenário já é outro. "Nós estamos mudando a cultura do mercado imobiliário. Até agora, os financiamentos eram muito elitizados, e os bancos viam suas carteiras imobiliárias como uma obrigação. Mas hoje já estão vendo como um negócio", analisa.
E estão mesmo. Em julho, o volume de recursos aplicados em financiamentos imobiliários foi 86,7% maior que em junho, alcançando R$ 367,3 milhões. Além disso, foi anunciada a redução dos juros nas linhas oferecidas por diversos bancos particulares com recursos da poupança, voltada para a classe média. O Itaú, último a entrar na briga pelo bolso das famílias que buscam imóveis até R$ 150 mil, foi o mais ousado: estabeleceu em 8% ao ano mais TR a taxa dos primeiros três anos de financiamento.
Isso é menos até que o oferecido pela Caixa nas linhas com dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Por falar nisso, o banco estatal anunciou para breve o seu retorno aos finaciamentos com recursos da poupança. "O dinheiro está disponível, isto é fato", afirma o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Paraná (Sinduscon-PR), Normando Baú. "Isso reverte o cenário que existia desde 99, quando a fonte secou."
Baú considera que a escassez de recursos que vigorou desde então explica o surgimento de diversas alternativas que existem hoje no mercado, como o consórcio habitacional e o financiamento direto pela construtora. "Mas isso tudo foi por conta da necessidade de sobreviver. O mercado se deturpou; o construtor tem que construir e o banco, que financiar", analisa o executivo. Para ele, é uma questão de tempo até o mercado se aquecer de verdade. "Acho que não demora muito: os próximos quatro meses já vão ser muito bons para o setor."
O melhor exemplo é dele mesmo: mal começou o segundo semestre a construtora de Baú, a Norconcil, decidiu desengavetar o projeto de um conjunto de casas que estava parado, esperando melhores condições. "O mercado está maduro, o consumidor também, e está se criando uma concorrência salutar entre os bancos. É uma boa hora para se investir."
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