A força do cooperativismo no Paraná não precisa de números para ser demonstrada, mas o seu ponto fraco, sim. Enquanto as cooperativas agropecuárias paranaenses são responsáveis por boa parte da produção de alimentos no estado, no setor da habitação elas ainda engatinham. Ao contrário de São Paulo, onde já é tradição construir pelo sistema cooperativista, aqui há apenas um empreendimento sendo executado desta forma, em Cascavel.

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O economista Isaías Gonçalves Lopes, assessor do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), diz que há dois possíveis motivos para isso. Primeiro, o fato de que, por precisar de aportes mensais de capital dos cooperados, os empreendimentos ficam restritos à classe média, que no Paraná acaba encontrando outras formas de financiar a aquisição ou construção do imóvel. Segundo, os empreendimentos irregulares ocorridos no passado. "Houve casos de cooperativas fantasmas, de fachada. Por isso, muita gente ficou com isso na cabeça", destaca. Ele faz o alerta: para ser uma cooperativa legalizada, o empreendimento deve estar registrado no Sistema Ocepar.

Outra diferença que Lopes aponta como explicação para o abismo que há entre Paraná e São Paulo – onde existem hoje 83 cooperativas filiadas à entidade paulista do setor, a Ocesp – é o fato de que aqui as empresas não se perpetuam após a conclusão das obras. "Lá elas continuam existindo depois que os prédios estão prontos, e funcionam como administradoras dos condomínios. Aqui, elas acabam", conta.

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William Niscolo, diretor do ramo Habitacional da Ocesp, vê ainda outra razão para a disparidade. "A demanda é muito grande e a renda per capita é mais elevada do que em outros estados, o que facilita a aquisição do imóvel", analisa. Para ele, o fato de existirem cooperativas de porte – como Real, Santos, Piratininga e Sololar, que atuam na capital paulista, e a Fortaleza, no interior – dá credibilidade ao sistema. Tanto que, em São Paulo, há atualmente cerca de cem mil pessoas associadas a empreendimentos feitos no sistema. "Nós temos um mercado muito grande. Quando é lançado um empreendimento, sai rápido."

Vantagens

A julgar pelos números apresentados pelos dirigentes do setor, os cooperados não têm motivos para reclamar. A Ocesp estima que o custo da construção fica entre 25% e 30% abaixo do que o de um empreendimento normal. "A cooperativa não visa ao lucro. Se eu compro um tijolo a R$ 1, o cooperado vai pagar R$ 1", exemplifica Niscolo. E não é só isso: por lei, a cooperativa não precisa fazer a incorporação imobiliária quando inicia um projeto, passo exigido das construtoras e que eleva o custo final da edificação. A facilidade de cadastramento do sistema é outro fator que que explica o sucesso dos empreendimentos cooperativistas em São Paulo.

Lopes, porém, faz um alerta. "A cooperativa é como qualquer empresa. O custo final vai depender da administração, ninguém garante que a obra vai ser mais barata", pondera. Além disso, os riscos causados pelas flutuações da economia e a inadimplência são os mesmos. "É como qualquer negócio, pode quebrar." Por isso, ele recomenda que antes de qualquer decisão, o interessado em participar de um projeto dessa natureza deve procurar a entidade para verificar se não existem irregularidades.

Serviço: Ocepar. Rua Mateus Leme, 575, Centro Cívico, Curitiba. Telefone (41) 3352-2276 e e-mail ocepar@ocepar.org.br.

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