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Mesmo sem acordo com o proprietário, reforma valeu a pena na loja Bolo Brasil | Antônio More/Gazeta do Povo
Mesmo sem acordo com o proprietário, reforma valeu a pena na loja Bolo Brasil| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Instalações

Acessórios e revestimentos móveis são opções para promover melhorias no espaço locado. Confira as dicas:

Iluminação

Em vez de gesso, o inquilino pode optar por trilhos que sustentam as luminárias e são capazes de direcioná-las pelo ambiente.

Amplitude

Os espelhos servem para ampliar os espaços e podem ser fixados em molduras e não nas paredes, para que seja mais fácil sua remoção.

Foco do investimento

Direcionar os recursos para o revestimento das paredes é uma forma de otimizar os gastos, uma vez que o foco de atenção está à frente e não no piso.

Piso

Pisos removíveis como o vinílico click, que pode ser retirado e instalado em outro local, são boa opção para quem vai reformar um imóvel que não é seu.

Regra

Lei da locação define indenização sobre as obras de melhoria

Todos os acordos relacionados às obras de benfeitorias e suas contrapartidas devem ser descritos no contrato de locação. Dessa forma, tanto o locador quanto o inquilino têm garantias sobre o que foi combinado. Caso o contrato não traga nenhuma informação sobre o tema, vale o que diz a lei de locação, explica o advogado Robson José Evangelista, do escritório Augusto Prolik Advogados.

Avaliação

De acordo com a regra, a indenização ou não sobre as obras varia de acordo com o tipo de melhoria realizada. As consideradas necessárias, que têm por finalidade conservar o bem ou evitar que ele se deteriore, devem ser ressarcidas pelo locador, mesmo que ele não tenha autorizado o inquilino a executá-las. As úteis, que melhoram ou facilitam o uso do imóvel – como a instalação de rampas de acesso – também precisam ser compensadas pelo proprietário. "As melhorias estéticas para embelezar e tornar o ambiente mais agradável, chamadas de voluptuárias, não são indenizáveis", explica o advogado. Neste caso, elas podem ser levadas pelo cliente ao final do contrato, desde que sua retirada não afete o imóvel.

  • Fábio Korenblum, da Siqueira Castro Advogados: reforma ajudou a manter a identidade visual da empresa

Para tornar realidade o sonho do negócio próprio, grande parte dos empresários precisa recorrer à locação de espaços comerciais e investir em obras para adequar o ambiente às suas necessidades. Neste caso, uma dúvida que ronda as planilhas desses empreendedores é o quanto vale a pena investir na melhoria desses espaços que, no futuro, podem deixar de ser o endereço da empresa.

A principal conta que o inquilino deve fazer é o tempo em que pretende permanecer no imóvel. Eduardo Schulman, diretor da Top Imóveis – empresa especializada em espaços corporativos –, afirma que quanto maior for o período, mais o empresário pode investir para adequar o ambiente às suas necessidades funcionais e estéticas. "Em um contrato longo, ele consegue amortizar esse investimento", explica. Outra dica é o inquilino tentar negociar com o locador uma contrapartida, já que a reforma pode se transformar em benfeitorias que irão permanecer e valorizar o imóvel no futuro.

Fátima Galvão, vice-presidente de locação do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), afirma que o volume de espaços comerciais disponíveis para aluguel – que chegou a 3,4 mil unidades em outubro, em Curitiba – é outro ponto que favorece as negociações. "É melhor para o proprietário oferecer a contrapartida do que ficar com o imóvel parado, gerando despesa. O acordo pode ser algo bom para ambas as partes", acrescenta.

A carência para o início do pagamento do aluguel está entre as ofertas mais comuns concedidas pelos proprietários para os inquilinos que realizam as reformas. Outras compensações são os descontos no valor do aluguel ou a extensão do período contratual.

Sem acordo

Quando a contrapartida do proprietário não vem, o ideal é que o inquilino busque alternativas para otimizar o investimento realizado na melhoria do ambiente. Entre as opções mais viáveis estão a agilidade na execução da obra e o direcionamento dos recursos para instalações móveis, que o empresário poderá levar embora quando deixar o espaço.

Entram nesta lista a compra de marcenaria exclusiva; espelhos, lustres e luminárias que impactam no visual da loja; e revestimentos que permitam sua retirada e reaproveitamento, como papeis de parede fixos com cola à base d’água, detalha o arquiteto Filipe Bender, sócio da Bender Arquitetura, focada em projetos comerciais.

"Não adianta fazer um projeto lindo se o cliente não tem o conhecimento sobre o ramo. Buscar informações e realizar uma pesquisa de mercado como forma de garantir a sustentabilidade do negócio é outro ponto importante, já que o sucesso da empresa pode compensar o investimento feito na reforma do imóvel", orienta o arquiteto.

Com ou sem contrapartida, inquilinos bancam reforma

Quando trouxe uma unidade para Curitiba, a Siqueira Castro Advogados pesquisou mais de dez imóveis até encontrar o espaço ideal para receber as instalações do escritório. Além da localização, a contrapartida dada pelo proprietário do imóvel para as obras de adaptação pesou na decisão. "A contrapartida não foi o único fator, embora importante. Quando falamos em benfeitorias, a carência para que as obras possam ser adequadas e a extensão do período contratual fazem jus ao investimento pesado para levar adiante o projeto", avalia Fábio Korenblum, sócio coordenador da unidade de Curitiba da empresa.

Para adaptar o espaço – um andar inteiro totalmente aberto –, a empresa instalou divisórias em drywall para a separação das salas, pontos de iluminação e cabeamento de TI, além de mobiliários e outros aspectos relacionados à manutenção da identidade visual da empresa. Korenblum diz que assim foi possível manter a padronização na entrega do serviço.

Investimento próprio

Os sócios da Bolo Brasil, Francisco Janotta Dias e André Donatelli Dias, não tiveram o mesmo aporte no acordo com o proprietário do imóvel que abriga a casa de bolos. "Tentamos negociar uma carência para o período das obras, mas tivemos que pagar o aluguel desde a assinatura do contrato", conta Francisco.

Para adaptar a sala comercial de 30 m² às necessidades do negócio, eles investiram cerca de R$ 20 mil em obras estruturais e estéticas que deixaram a loja charmosa e funcional para a produção dos bolos. Entre as mudanças estão o rebaixamento do teto em gesso, instalação de uma nova parede em drywall, mudança de pontos de água e a reforma da parte elétrica, para aguentar a potência dos equipamentos.

Mesmo sem a contrapartida do proprietário, os sócios avaliam que o gasto com a reforma valeu a pena. "Em dez meses nós retomamos o investimento e o espaço ficou atrativo e confortável para nossos clientes, que se encantam não só com o produto, mas também com o ambiente", afirma Francisco.

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