Apartamento de três dormitórios, dois banheiros e duas vagas de garagem com preço de até R$ 400 mil e localizado na região do Água Verde. O imóvel dos sonhos dos curitibanos mantém as mesmas características desde 2012 e demostra que – à parte as possibilidades financeiras – o comprador deseja resolver as necessidades de moradia da família já na compra do primeiro bem.
O que mudou, de acordo com a pesquisa Perfil Imobiliário 2015, realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa, é a forma como a maioria deles pretende adquirir o imóvel, dando preferência aos pagamentos à vista ou à entrada de R$ 100 mil. Em 2014, a entrada média era de R$ 15 mil.
Este movimento, na opinião dos especialistas, refere-se à mudança no perfil da compra, mais focada na moradia do que no investimento, como ocorria nos anos anteriores, e ao fato de as pessoas quererem se endividar menos, em decorrência do aumento da taxa de juros e do cenário econômico de forma geral.
“Uma segunda leitura diz respeito às pessoas que pensavam em comprar, mas que tinham menos capacidade de compra, o que fez com que deixassem de procurar por um imóvel. Assim, aumentou a proporção dos compradores que dispõem de maiores reservas para a entrada”, acrescenta Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.
O fantasma do endividamento também parece influenciar o prazo para a concretização da compra, uma vez que 37% dos entrevistados não têm data prevista para a aquisição do bem. Outros 33%, por sua vez, planejam realizá-la já nos próximos seis meses.
“O primeiro grupo refere-se ao comprador que tem o sonho do imóvel ideal, mas que já mora, não tendo uma necessidade imediata em adquirir o bem. Ao contrário dos outros 33%, que podem estar para casar, desejam sair do aluguel ou tem uma poupança formada. Este segundo grupo é o do comprador que está mais atualizado em relação ao mercado”, avalia Leonardo Pissetti, diretor de empreendimentos da Swell Construções e Incorporações.
Áreas comuns
Em relação aos espaços de uso comum, a oferta de salão de festas, churrasqueira e espaço gourmet segue entre as preferências dos futuros compradores que, além do uso efetivo dos espaços, levam em consideração o custo para manter todos eles funcionando no momento da compra. “As pessoas preferem ter um condomínio seguro, com portaria 24h e sistemas de segurança, do que pagar por um ‘clube’”, avalia Pissetti.
Outro item que cresce em importância é o paisagismo, considerado importante ou muito importante por 47% dos entrevistados na pesquisa. “Isso faz parte do processo de maturação do público, que sabe valorizar aquilo que é essencial e esteticamente agradável e bonito”, diz Luiz Francisco Viana Júnior, presidente da VistaCorp Empreendimentos.
Ainda de acordo com os especialistas, a pesquisa serve como um balizador, auxiliando os incorporadores a desenvolverem produtos mais assertivos a partir das necessidades e anseios dos clientes, e não do que as empresas acreditam que eles possam absorver.
Imóveis comerciais e de lazer somam 20% das intenções de compra
Entre os entrevistados pela pesquisa de intenção de compra realizada pela Ademi-PR, 3% disseram ter interesse em adquirir um imóvel comercial.
Para isso, 67% deles planejam investir entre R$ 150 mil e R$ 250 mil na aquisição do bem, em especial de salas comerciais, localizadas na região central da cidade.
“Quem vai comprar não sai muito fora disso, uma vez que o mercado comercial é mais restrito e homogêneo do que o residencial”, avalia Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da entidade.
Ainda segundo ele, o público deste tipo de imóvel é formado, basicamente, por profissionais liberais e pequenas e médias empresas.
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