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São Sebastião aparece na fachada do imóvel em madeira no bairro Água Verde | Fotos: Felipe Fontoura / Divulgação
São Sebastião aparece na fachada do imóvel em madeira no bairro Água Verde| Foto: Fotos: Felipe Fontoura / Divulgação
  • Casa no Butiatuvinha traz a imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus
  • Imagem de São Jorge em residência do bairro Santa Cândida

A crescente busca por imóveis per­­sonalizados e a necessidade de cada vez mais imprimir uma identidade nas construções levaram Adriana Samaan, diretora da Nu­­na Planejamento e Marketing Imo­­biliário, a uma incursão pelos bairros de Curitiba. O objetivo do trabalho, intitulado Santo de Ca­­sa, foi encontrar manifestações de simbolismos sagrados na ar­­quitetura das residências e identificar a relação entre esses elementos. "São manifestações subjetivas de crenças e valores ligados às casas, com imagens e simbolismos religiosos que apareciam fortemente na fachada das construções, mas que passam lon­­ge de um planejamento arquitetônico em projetos mais modernos", comenta Adria­na, que atua com tendências, planejamentos, comportamento e visão de mercado no setor imobiliário e atende construtoras, imobiliárias e outras empresas do setor.

O trabalho de análise durou dois meses e, por algumas semanas, ela e o fotógrafo Felipe Fon­toura percorreram diversas re­­giões da cidade, com enfoque em bairros residenciais tradicionais, com concentração de famílias descendentes de italianos e poloneses. Os símbolos de religiosidade aparecem principalmente em ca­­sas mais antigas, com mais de 40 anos, de moradores que apresentam forte ligação com sua origem. Os padrões das construções vão das modestas às luxuosas, mas predominantemente em casas térreas, de madeira ou alvenaria, bastante coloridas. Entre os bairros mais expressivos, Adriana destaca o Bom Retiro, Santa Felicidade, Barreirinha e Butiatuvinha.

Nas representações encontradas pela cidade, a imagem de Nos­­sa Senhora é a preferida dos mo­­radores, sendo recorrente também São Judas Tadeu, patrono das causas difíceis e desesperadas; São Jorge, o santo guerreiro; e São José, protetor da família, dos trabalhadores e dos justos. Ge­­ralmente, são colocados em uma espécie de oratório, na fachada, próximo ao telhado, por vezes pro­­tegidos por vidro e complementados com lâmpadas. Outro ponto observado é que, quanto mais luxuosa a residência, maior é a preocupação com o requinte e a decoração do oratório.

"É um trabalho que iniciou sem muita pretensão, mas agora podemos destacar o fato de que, ao definir um investimento imobiliá­rio, é preciso um direcionamento voltado não apenas para tendências de decoração e acabamento, por exemplo." Adriana considera que "é preciso focar na necessidade de se criar ferramentas que preservem esses símbolos religiosos e também folclóricos que aparecem na fachada das residências e que trazem algum tipo de simbolismo histórico e cultural", des­cre­­ve.

Para o fotógrafo Felipe Fontou­ra, a iniciativa chamou a atenção pela proposta ousada de relacionar a arquitetura à espiritualidade e ao sagrado, próximo ao perío­do de festividades natalinas. "Fi­­quei tão empolgado que ainda estou buscando casos e fotografando. É um trabalho estimulante e que gerou uma série de reflexões sobre esses imóveis mais an­­tigos que, se não forem registrados, vão se perder." Mais informações sobre o projeto pelo email contato@nuna.com.br.

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