As regras para alterar projetos

Há algum tempo o arquiteto Julio Pechman passou em frente de um dos prédios projetados por ele em Curitiba, localizado no bairro Mossunguê, e levou um susto: as sacadas dos apartamentos, originalmente abertas, estavam sendo todas fechadas. Preocupado com a possibilidade de que a alteração causasse danos estruturais ao edifício, ele procurou o engenheiro responsável pela obra, Carlos Hauer, diretor da Hauer Construtora, para fazer um alerta. Só então a situação foi explicada – o condomínio havia consultado o projetista estrutural do prédio para se assegurar da viabilidade de mudar a planta.

Se isso não fosse feito, porém, haveria grandes chances de que a estrutura apresentasse problemas no futuro. Hauer afirma que neste caso em especial, por exemplo, o projetista responsável pelo cálculo estrutural autorizou apenas uma parte do que desejava condomínio, que era o fechamento da sacada. O nivelamento do piso – o exterior fica um degrau abaixo do resto do apartamento – foi considerado um procedimento arriscado. "Isso certamente causaria uma sobrecarga", explica Hauer.

Pechman relata que o mesmo ocorreu com outros três edifícios residenciais assinados por ele na capital paranaense. Segundo ele, o perigo de um abalo estrutural cresce proporcionalmente à área do terraço. Com um detalhe: o arquiteto usualmente projeta apartamentos com grandes sacadas abertas para o exterior. "Ainda não aconteceu nada, mas pode acontecer. E eu não me responsabilizo por uma decisão do condomínio."

Exigências

A declaração pode parecer exagerada, mas não é. Segundo o superintendente técnico da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), Julio Mazza de Souza, qualquer alteração feita em um projeto original resulta em transferência de responsabilidade técnica. "As exigências são exatamente as mesmas de um lote vazio", diz. Ou seja, é como se fosse uma obra nova: se acontecer algum problema, responde o engenheiro que assinou a reforma, e não os projetistas originais.