Cada novidade em móveis vista nas lojas nasce nos projetos e nas inovações tecnológicas que a indústria promove continuamente, com o apoio na troca de experiências e conhecimento de encontros como o 1.º Congresso Moveleiro Paranaense, realizado entre quarta e sexta-feira em Curitiba e Arapongas, paralelamente. "O Paraná é o segundo estado brasileiro em produção moveleira, perdemos apenas para o Rio Grande do Sul. As atualizações são muito rápidas nesse setor e muitos empresários não têm acesso ao que é discutido fora do Paraná e do Brasil", analisa o presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov), Aurélio SantAna. A entidade foi uma das apoiadoras do evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Conselho Setorial da Indústria Moveleira, ao lado dos sindicatos das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima) e das Indústrias da Marcenaria de Francisco Beltrão (Sindimadmov).Dois temas nortearam os debates em Curitiba no primeiro dia do evento: inovação e sustentabilidade. "Ainda estamos longe do ideal no tema sustentabilidade. A grande preocupação tem sido com relação a procedência da matéria-prima. Mas não se pensa se todo o processo é ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável, o tripé da sustentabilidade", afirma SantAna.
O trabalho sustentável na indústria moveleira passa por processos de gestão e inovação mais aprimorados. "Não é só uma questão de ter máquinas modernas, mas também de ter inteligência na gestão e na inovação para criar produtos com menos impacto", apontou o professor e e membro da Academia Brasileira de Marketing e do Conselho do Programa Marca Brasil Premium do Ministério do Desenvolvimento, Lincoln Seragini, durante sua palestra.
Design para o crescimento
O investimento em design faz parte da rede de inovações necessárias. O designer Marcelo Rosenbaum, que trabalha desenvolvendo produtos com ênfase nos valores da brasilidade e da sustentabilidade, participou do evento e falou sobre a questão. "Os novos consumidores, com mais acesso a crédito, ficam obrigados a comprar produtos de qualidade inferior e que não se adaptam a realidade das casas desses brasileiros. A indústria precisa aprender a trabalhar com o design começando pela pesquisa das necessidades das famílias. Ser sustentável também é ser social e inclusivo", ressaltou.
Para ele, o mercado de móveis para a classe C (famílias com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807) espera que o aquecimento do setor imobiliário especialmente com o programa Minha Casa, Minha Vida chegue às lojas de móveis este ano. "Mas é muito importante que o empresário respeite esse consumidor e ofereça produtos pensados para ele, com investimento em design", completa.
No Paraná, estado que tem cinco mil indústrias moveleiras, que geram, aproximadamente, 40 mil empregos diretos, o aquecimento do mercado começa a ser traduzido em números. No ano passado as vendas industriais tiveram queda de 1,7%. O índice no primeiro bimestre de 2010 foi 12,7% maior do que no mesmo período do ano passado, de acordo com a Fiep.
"A indústria paranaense produz principalmente para o consumo interno, o que nos faz ter a obrigação de entender o novo mercado consumidor brasileiro, que tem crédito para comprar e precisa de produtos que se adequem a sua realidade", afirma SantAna.
Arapongas
No interior, o Congresso foi promovido durante a Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-primas e Acessórios para a Indústria Moveleira (FIQ).
"O principal polo moveleiro do estado fica em Arapongas, mas há uma boa produção em Curitiba. A intenção, ao não concentrar o Congresso na capital, foi dar oportunidade de todos os empresários terem acesso a essas informações", comenta SantAna.
A cidade do norte do estado recebeu também o evento científico do Congresso, com estudantes e pesquisadores apresentando trabalhos voltados para o setor e oficinas de produção ministradas por técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
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