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Interior do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp: projeto será um dos expostos na mostra | Fotos: Divulgação
Interior do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp: projeto será um dos expostos na mostra| Foto: Fotos: Divulgação
  • Daniel Corsi e Dani Hirano são os mais jovens entre os brasileiros
  • O projeto do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp ganhou um concurso internacional em 2009

O que parecia um dia normal de trabalho se transformou num marco na carreira dos arquitetos paulistas Daniel Corsi e Dani Hirano, que receberam um telefonema inesperado com a seguinte notícia: seriam os mais jovens representantes dos cinco arquitetos brasileiros que irão expor seus trabalhos na 12.ª Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, que ocorre do dia 29 de agosto a 21 de novembro de 2010. Com direção da arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, terá como tema "As pessoas encontram-se na Arquitetura".O pavilhão brasileiro, sob curadoria de Ricardo Ohtake, trará a exposição "Brasília: 50 anos depois" dividida em duas partes: uma sobre Oscar Niemeyer e suas grandes obras e outra com os trabalhos dos escolhidos (além de Corsi e Hirano, serão expostos projetos de Ângelo Bucci, Mário Biselli e Marcos Boldarini), que sofrem influência direta ou indireta de Niemeyer.

"Colocamos toda a trajetória de Oscar nos últimos 50 anos, partindo da construção de Brasília. Um arquiteto como ele, que tem mais de cem obras construídas, é algo inédito na história da arquitetura", ressalta o curador. Além de construções em Brasília, como o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes e o Palácio do Itamaraty, o curador des­­­­tacou projetos como o Sam­­­bódromo do Rio de Janeiro, Me­­morial da América Latina, em São Paulo, o auditório da Universidade de Constantine, na Argélia, e a bolsa do trabalho em Bobigny, na França.

Para selecionar os arquitetos, Ohtake utilizou como critérios a influência de Niemeyer e também que a geração dos arquitetos fosse pós-construção de Brasília. "O mais velho tem 25 anos de profissão, sendo que o Daniel tem 29 anos e nem 10 anos de atuação, ainda é um bebê para a arquitetura". Mesmo com a carreira curta de Corsi e Hirano, os dois, segundo o curador, têm uma característica que falta para profissionais mais experientes. "Eles conseguem dar uma amplitude e também absorver a paisagem nos seus pro­jetos, qualidade que poucos têm".

Trabalhos

O projeto de um parque em Quito, capital do Equador, uma casa experimental intitulada "Casa Global" e o Museu Exploratório de Ciências da Universidade de Campinas (Unicamp), projeto da dupla Corsi e Hirano em conjunto com o arquiteto Reinaldo Nishi­­­mura, que ganhou um concurso internacional em 2009, serão trabalhos dos jovens em destaque na Bienal. "Foi um apanhado dos principais projetos nossos, mas a maior ênfase é para o museu", conta Daniel Corsi. Com o tema "Museu como fenômeno e fenômeno como paisagem", eles foram selecionados entre 115 propostas de diversos arquitetos de vários países. "Na última etapa, sobrou a nossa equipe, uma do Japão e outra dos Estados Unidos. Exigiu um nível de detalhamento grande e todos tiveram de fazer a defesa pública do trabalho mediante um júri internacional e a troca de conhecimentos que tivemos foi bem interessante", conta Corsi.

De acordo com Ohtake, todos os outros arquitetos também têm uma característica marcante no trabalho. Mário Biselli foi escolhido por prever em seus projetos não somente o lado estético, mas também industrial. "Ele lida muito bem com essa questão e se diferencia, já que a arquitetura brasileira está muitas vezes ligada apenas com o lado mais artesanal". Já Ângelo Bucci trabalha principalmente com a arquitetura no local da construção e formas de concreto, "fazendo dos seus projetos quase uma escultura", conta o curador.

Marcos Boldarini, de 33 anos, outro arquiteto bastante jovem selecionado por Ohtake, trabalha basicamente com intervenção em favelas brasileiras, com construção de lugares para lazer e de caminhos para facilitar a mobilidade. "Se ainda não existe a intervenção nas casas, as melhorias já estão presentes no equipamento coletivo. Renovação dentro das favelas é algo relativamente recente e achei que seria importante levantar essa questão na Bienal", frisa o curador. Um dos exemplos de soluções nesses espaços que será levado para Veneza foi o projeto de desocupação da Represa Billings, em São Paulo, que teve um espaço destinado para criação de áreas comuns para a população que vive no entorno.

Para o curador, a participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano será mais efetiva do que nas bienais anteriores. "É importante aproveitar este momento em que o mundo tem muita curiosidade sobre o Brasil e mostrar a cara, saber o que o país produz. Sem dúvida, a Bienal de Veneza é uma das maiores reuniões de arquitetura do mundo", salienta Ohtake.

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