Facilitado
Bancos melhoram condições para hipoteca
As instituições financeiras querem animar os clientes para usar a hipoteca e, por isso, tem facilitado esse tipo de empréstimo. No Banco do Brasil, a renda mínima exigida passou de R$ 10 mil para R$ 6 mil. "Essa mudança é significativa, porque consegue abranger um público-alvo bem maior", explica o gerente de mercado Pessoa Física no Paraná do banco, Paulo Henrique Gomes Amaral. No último mês, o prazo passou de 120 para 180 meses e as taxas mínimas caíram de 1,55% ao mês para 1,52%. A avaliação do imóvel foi simplificada. "Essa é um operação que estava faltando nesse conjunto de crédito mais baixo com prazo mais longo", considera.
Outra utilização do dinheiro proveniente da hipoteca é a quitação do imóvel financiado. A operação, disponível na Caixa Econômica, é feita para clientes que já pagaram mais de 70% do valor devido. "Fazemos a análise de cada caso e se vemos que é interessante para o cliente, sugerimos hipotecar o imóvel para terminar de pagar o financiamento e trocar por uma parcela mensal com valor menor", explica Paulo de Tarso, gerente regional da Caixa Econômica no Paraná. "O produto passa a ser bastante sustentável para o cliente e para o banco", afirma.
Um produto atraente e ainda novo no mercado imobiliário brasileiro é o empréstimo hipotecário, também chamado de empréstimo com garantia de imóvel. O produto consiste em emprestar dinheiro de uma instituição financeira e deixar como contrapartida um imóvel, que deve estar regularizado e registrado no nome do interessado no empréstimo.
A modalidade foi remodelada pelos bancos para tornar-se mais interessante. "A hipoteca foi melhorada. Os bancos que operam essa linha se mexeram para diminuir as taxas, para que o produto se torne uma boa opção. Para os bancos ela é positiva porque a garantia é muito forte", explica Marcelo Prata, presidente da Associação Brasileira e Corretores de Empréstimo e Financiamento Imobiliário (Abracefi). O risco da hipoteca parece óbvio, mas Prata endossa: "não é preciso ter dúvida que o risco desse empréstimo é perder parte do imóvel ou tê-lo leiloado".
Resgatar uma parte do valor da casa para outros fins depende de um planejamento específico. "Você tem de saber que não vai ficar apertado para pagar. Em até três meses, que é um prazo pequeno, o imóvel pode ser retomado", diz Prata. Para não perder o bem, é preciso fazer as contas e garantir que a parcela será paga em dia. De acordo com ele, nesse produto financeiro em que o imóvel está em jogo, não costuma haver inadimplência. "Vemos muitos casos em que as pessoas até quitam antes do prazo o financiamento, para não deixar o imóvel, que muitas vezes é o único, à mercê da instituição", analisa.
Opção
Como o dinheiro emprestado não tem direcionamento específico, a hipoteca pode ser uma boa opção para quem não tem está conseguindo acessar outra opção de crédito. "Se o interessado está endividado no cartão de crédito, está pagando juros exorbitantes no cheque especial e não consegue acessar linhas mais baratas, hipotecar a casa pode ser uma opção, para quem tem saúde financeira", diz Prata.
"Vemos que o produto é usado por pequenos empresários, que querem investir em seu negócio, mas ainda não tem uma linha específica de financiamento ou as linhas disponíveis vão ter taxas mais caras. Aí, a hipoteca passa a ser uma boa opção, porque o interessado vai ter como investir e como os prazos para pagamento são longos, não prejudica seu fluxo monetário mensal", indica Paulo de Tarso do Amaral Rodrigues, gerente regional da Caixa Econômica Federal.
O gerente explica que a operação tende a se tornar popular porque as taxas são atraentes e os prazos podem ser ampliados por até 180 meses. "Já vemos uma diferença de tratamento dos clientes com relação à hipoteca. As pessoas têm vindo perguntar, querem saber do que se trata e quanto custa. Isso não acontecia antes", afirma. Outro fator que atrai os clientes é a facilidade para concessão do crédito. "Não é preciso muita burocracia. Basta que o cliente tenha o imóvel em seu nome e o imóvel esteja regularizado", explica Rodrigues.
Operação popular
A popularização da hipoteca preocupa os especialistas. Para Marcelo Prata, o temor é que a hipoteca perca a confiabilidade. "Se o produto crescer muito rápido, uma preocupação que temos é que aconteça o que houve com o crédito consignado, que tem um estigma ruim porque começaram a aparecer aproveitadores e aí o risco de fraude ficou muito grande, porque todo mundo queria ganhar", explica.
Para quem pretende fazer essa transação e colocar o seu imóvel como garantia, a indicação é pesquisar bem a instituição que vai fazer essa transação. "É preciso ver quem está concedendo o crédito, se a empresa tem histórico confiável para não correr o risco de perder. É importante ressaltar que nenhum banco pede taxa antecipada para liberação de crédito e isso já é um indício que tem algo errado", endossa.