O prédio baixo de cores claras que abriga a Maternidade Victor Ferreira do Amaral se destaca entre os vizinhos modernos que não param de chegar à região do Água Verde. Construída na década de 1920, a edificação se transformou em um patrimônio da história arquitetônica e da saúde pública do estado ao abrigar a mais antiga maternidade do Paraná. Não à toa, o prédio integra a relação de Unidades de Interesse de Preservação (UIPs) da prefeitura de Curitiba.
Quem foi Victor Ferreira do Amaral?
Uma das figuras mais ilustres da história de Curitiba, Victor Ferreira do Amaral e Silva era médico, educador e político. Nascido em 1862, na Lapa, aos 9 anos veio para a capital junto do avô José Ferreira Bueno. Aos 12 anos viajou sozinho ao Rio de Janeiro. Na corte, recebeu o diploma da formação em Humanidades e o de Doutor em Medicina, com especialização em ginecologia e obstetrícia. Acreditando que todos deveriam ter direitos iguais, principalmente na saúde e na educação, voltou a Curitiba, onde abriu uma clínica, trabalhou na Santa Casa e lutou pelo projeto da Universidade do Paraná ao lado de Nilo Cairo. Entre outras atividades, foi deputado estadual, redator-chefe e um dos fundadores do Diário do Paraná e da Gazeta Médica e o primeiro reitor da UFPR. Morreu aos 90 anos “de tanto viver”, como atestou o médico, amigo da família.
O hospital, no entanto, nem sempre teve endereço à Avenida Iguaçu, 1.953. A Maternidade do Paraná, como antes era chamada, nasceu em 1913 para o “ensino de obstetrícia e cumprimento da função social” da então Universidade do Paraná – hoje Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua primeira sede estava localizada na Rua Comendador Araújo, no prédio que atualmente abriga o Shopping Omar.
Novo lar
A mudança para o prédio atual ocorreu em 1930, quando a maternidade ganhou novas instalações e foi rebatizada em homenagem ao professor e chefe do curso de obstetrícia da UFPR, Victor Ferreira do Amaral.
é o número aproximado de novos curitibanos que nascem todos os meses nas instalações da Maternidade Victor Ferreira do Amaral, a primeira do Paraná. Hoje, o hospital é voltado à assistência humanizada ao parto, atendendo principalmente adolescentes e gestantes de médio e baixo risco que são atendidas pelo programa municipal Mãe Curitibana.
“Em 1925, uma senhora chamada Adalgisa Bittencourt doou o terreno. Lili Santerre, por sua vez, fez campanha para a arrecadação de recursos e materiais para a construção da maternidade. No Natal daquele ano foi lançada a pedra fundamental”, conta Marcos Takimura, chefe da divisão médica da Maternidade Victor Ferreira do Amaral. Há época, o atendimento era direcionado para pacientes dos sistemas público e privado.
Com cerca de 1,5 mil m², o prédio central da maternidade foi construído em arquitetura eclética térrea com linhas coloniais. O eixo central da edificação, marcado pela presença de dois pavimentos, destaca-se na fachada, assim como as janelas em madeira e suas molduras de alvenaria.
Tempo de mudanças
Com a inauguração do Hospital de Clínicas (HC), em 1961, a maternidade passou a funcionar sob a responsabilidade da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, ligada à Secretaria Estadual de Saúde. Passados 33 anos, o hospital voltou ao comando do governo federal e foi fechado para reforma. “A maternidade só foi reaberta em 2001 e segue funcionando até hoje sob a gestão do Ministério da Educação”, lembra Takimura.
Em 2015, a maternidade voltou a compor as unidades funcionais do complexo do HC, resgatando suas raízes com a UFPR. Suas instalações são campo de ensino de obstetrícia de baixo e médio risco para estudantes de graduação, pós-graduação e formação continuada na área da saúde.
Voltada à assistência humanizada ao parto, a Maternidade Victor Ferreira do Amaral é referência no atendimento de gestantes adolescentes e de grávidas de médio e baixo risco pelo Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente pelo programa Mãe Curitibana. Também foi o primeiro hospital da capital a receber uma banheira para parto na água. Todos os meses, cerca de 350 novos curitibanos nascem em suas instalações.
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