| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O prédio baixo de cores claras que abriga a Maternidade Victor Ferreira do Amaral se destaca entre os vizinhos modernos que não param de chegar à região do Água Verde. Construída na década de 1920, a edificação se transformou em um patrimônio da história arquitetônica e da saúde pública do estado ao abrigar a mais antiga maternidade do Paraná. Não à toa, o prédio integra a relação de Unidades de Interesse de Preservação (UIPs) da prefeitura de Curitiba.

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Quem foi Victor Ferreira do Amaral?

Uma das figuras mais ilustres da história de Curitiba, Victor Ferreira do Amaral e Silva era médico, educador e político. Nascido em 1862, na Lapa, aos 9 anos veio para a capital junto do avô José Ferreira Bueno. Aos 12 anos viajou sozinho ao Rio de Janeiro. Na corte, recebeu o diploma da formação em Humanidades e o de Doutor em Medicina, com especialização em ginecologia e obstetrícia. Acreditando que todos deveriam ter direitos iguais, principalmente na saúde e na educação, voltou a Curitiba, onde abriu uma clínica, trabalhou na Santa Casa e lutou pelo projeto da Universidade do Paraná ao lado de Nilo Cairo. Entre outras atividades, foi deputado estadual, redator-chefe e um dos fundadores do Diário do Paraná e da Gazeta Médica e o primeiro reitor da UFPR. Morreu aos 90 anos “de tanto viver”, como atestou o médico, amigo da família.

O hospital, no entanto, nem sempre teve endereço à Avenida Iguaçu, 1.953. A Maternidade do Paraná, como antes era chamada, nasceu em 1913 para o “ensino de obstetrícia e cumprimento da função social” da então Universidade do Paraná – hoje Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua primeira sede estava localizada na Rua Comendador Araújo, no prédio que atualmente abriga o Shopping Omar.

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Novo lar

A mudança para o prédio atual ocorreu em 1930, quando a maternidade ganhou novas instalações e foi rebatizada em homenagem ao professor e chefe do curso de obstetrícia da UFPR, Victor Ferreira do Amaral.

350

é o número aproximado de novos curitibanos que nascem todos os meses nas instalações da Maternidade Victor Ferreira do Amaral, a primeira do Paraná. Hoje, o hospital é voltado à assistência humanizada ao parto, atendendo principalmente adolescentes e gestantes de médio e baixo risco que são atendidas pelo programa municipal Mãe Curitibana.

“Em 1925, uma senhora chamada Adalgisa Bittencourt doou o terreno. Lili Santerre, por sua vez, fez campanha para a arrecadação de recursos e materiais para a construção da maternidade. No Natal daquele ano foi lançada a pedra fundamental”, conta Marcos Takimura, chefe da divisão médica da Maternidade Victor Ferreira do Amaral. Há época, o atendimento era direcionado para pacientes dos sistemas público e privado.

Com cerca de 1,5 mil m², o prédio central da maternidade foi construído em arquitetura eclética térrea com linhas coloniais. O eixo central da edificação, marcado pela presença de dois pavimentos, destaca-se na fachada, assim como as janelas em madeira e suas molduras de alvenaria.

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Tempo de mudanças

Com a inauguração do Hospital de Clínicas (HC), em 1961, a maternidade passou a funcionar sob a responsabilidade da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, ligada à Secretaria Estadual de Saúde. Passados 33 anos, o hospital voltou ao comando do governo federal e foi fechado para reforma. “A maternidade só foi reaberta em 2001 e segue funcionando até hoje sob a gestão do Ministério da Educação”, lembra Takimura.

Em 2015, a maternidade voltou a compor as unidades funcionais do complexo do HC, resgatando suas raízes com a UFPR. Suas instalações são campo de ensino de obstetrícia de baixo e médio risco para estudantes de graduação, pós-graduação e formação continuada na área da saúde.

Voltada à assistência humanizada ao parto, a Maternidade Victor Ferreira do Amaral é referência no atendimento de gestantes adolescentes e de grávidas de médio e baixo risco pelo Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente pelo programa Mãe Curitibana. Também foi o primeiro hospital da capital a receber uma banheira para parto na água. Todos os meses, cerca de 350 novos curitibanos nascem em suas instalações.

Fontes: Silvia Bueno, IPPUC, e Maria Matilde Zraik Baracat, bioquímica e diretora administrativa da Maternidade Victor Ferreira do Amaral.