Com mais de cem anos, o casarão que abriga uma das instalações do complexo do Museu Alfredo Andersen é considerado um dos berços das artes do Paraná. Construído no final do século 19, o prédio serviu de residência e atelier-escola de Alfred Emil Andersen, um dos pais da pintura paranaense, e desde 1979 abriga o museu que homenageia o artista.
“Como veio da Europa, mais especificamente da Noruega, Andersen tinha formação e experiência que o colocavam muito além do que se produzia no campo artístico do estado. Ele ainda foi pioneiro em desenvolver um método para o ensino das artes”, explica Márcia Cristiane Kusmann, pesquisadora do Museu Alfredo Andersen.
A importância do artista para a história do Paraná é tamanha que fez com que a construção onde ele passou seus últimos anos de vida fosse tombada pelo estado, constando na lista dos prédios considerados como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) da prefeitura.
O pintor
Alfred Emil Andersen nasceu no sul da Noruega em novembro de 1860. Toda sua formação artística se deu na Europa, em ateliês particulares e na Academia Real de Belas Artes de Copenhagen. Em 1892, o pintor desembarcou em Paranaguá, onde casou-se e viveu da produção de retratos sob encomenda e de decorações cênicas para residências. Chegando a Curitiba aos 42 anos, abriu um atelier e passou a realizar exposições individuais, retomando seu papel como professor de desenho e pintura. Em suas obras, retratava paisagens, pessoas e cenas do dia a dia da família. Morreu em 1935.
Uma casa germânica
Antes de servir de moradia para a família Andersen, a edificação abrigou diferentes instituições. O único registro existente, entretanto, refere-se ao funcionamento de uma sociedade recreativa alemã, na qual eram realizados bailes e encontros.
Os traços germânicos também estão presentes na arquitetura eclética do imóvel, que tem características do estilo neoclássico desenvolvido pelos imigrantes alemães que se fixaram em Curitiba.
SERVIÇO
O Museu Alfredo Andersen conta com exposições permanentes e temporárias do artista norueguês, assim como de novos nomes da pintura paranaense. O complexo mantém uma biblioteca especializada em artes plásticas e oferece cursos de cerâmica, pintura e desenho para a comunidade.
Horário: das 9h às 18h (3ª a 6ª feira) e das 10h às 16h (sábado e domingo)
Endereço: Rua Mateus Leme, 336 – Centro
Informações: (41) 3222-8262
Construído em alvenaria de tijolos, o prédio tem dois andares e fachada simétrica, na qual se destaca a pequena varanda de peitoril metálico. As janelas receberam molduras e adornos arredondados confeccionados em massa, que também estão presentes na platibanda da fachada – faixa vertical que esconde as quatro caídas do telhado.
Casa de artes
O início da fase artística do casarão se deu com a mudança de Andersen para o imóvel, em 1915. Com a morte do pintor, vinte anos mais tarde, seu filho Thorstein Andersen deu continuidade as funções que o pai havia estabelecido para o local e ampliou a edificação para torná-la mais adequada às suas necessidades.
Para preservar a obra de Andersen, um grupo de admiradores e pessoas que conviveram com o artista instituiu, em 1940, a “sociedade de amigos”, pedindo que a residência onde o artista viveu e trabalhou fosse transformada em um museu.
“A ideia era preservar a história, conseguir passar para as próximas gerações a importância do trabalho de Andersen como professor e retratista das personalidades e da evolução do próprio estado”, explica Márcia.
A iniciativa tomou fôlego com a formalização, sete anos mais tarde, da proposta de desapropriação do imóvel apresentada pelo então deputado estadual Rivadávia Vargas. Em 1959, o desejo da “sociedade” foi concretizado com a abertura da Casa de Alfredo Andersen –Escola e Museu de Arte, que vinte anos mais tarde passou a receber a denominação de Museu Alfredo Andersen. Além da sede principal, outras duas construções mais recentes integram o complexo do museu.
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