Construir casas mais sustentáveis, com grande preocupação ecológica, que evitem o desperdício de materiais nas obras e diminuam o problema de falta de moradias no Brasil. Esses são os objetivos da Comissão Casa Inteligente, um grupo com apoio do Senai-PR e com sede na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), formado por 50 empresas de cinco estados brasileiros ligadas ao setor madeireiro e de construção civil, que pretende implantar e divulgar o uso da tecnologia Wood Frame no Brasil.
"Nossa meta é mostrar os benefícios desse tipo de construção ecológica, produzida a partir de madeira de qualidade, evitando uma série de problemas para o meio ambiente", afirma Euclesio Finatti, coordenador da comissão e vice-presidente da área de Política e Relações do Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR).
Tradicional e bastante popular em outros países, como Estados Unidos, Canadá e Alemanha, o Wood Frame rende imóveis construídos a partir de painéis formados por materiais como placa cimentícia, manta de poliestileno, chapa de OSB (painel estrutural de tiras de madeira), lã de vidro, gesso e madeira de floresta plantada. Com esse sistema é possível construir escolas, hospitais, bancos e prédios de até oito andares.
Uma das diferenças para o método comum de construção é que, no caso do Wood Frame, a estrutura da casa, como paredes, pisos, teto e telhado, é toda pré-produzida em fábricas e instalada no terreno com guindastes. "De maneira simplificada, é como um enorme jogo de peças, no qual elas são personalizadas e vem prontas para serem fixadas em seus devidos lugares. No local da construção, não é preciso erguer paredes com cimento e tijolos. Basta fazer os encaixes que vem demarcados nas próprias peças e colocar essa casa em pé", explica Caio Bonatto, sócio-diretor da Tecverde, empresa curitibana que coordena o projeto e foi responsável pela implantação de uma fábrica de Wood Frame em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Comissão
Com representantes de empresas do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, o grupo estabeleceu uma série de convênios com entidades alemãs para viabilizar a importação da tecnologia para o Brasil. "Para nós, o conceito de casa inteligente está diretamente ligado à sustentabilidade e o método vindo da Alemanha, com algumas adaptações, é o que melhor se aplica às condições brasileiras. Não se trata de transferir tecnologia, mas adaptá-la ao máximo à realidade do Brasil", diz Finatti.
Bonatto ressalta que um dos objetivos da comissão é tornar essa tecnologia uma alternativa para construção de casas populares. "Investir no Wood Frame é uma maneira de atender à grande demanda por moradia que ainda existe no Brasil. Se o país insistir nas construções de modo tradicional, tijolo sobre tijolo, não conseguirá sanar seu débito habitacional tão cedo."
Preocupações
Por enquanto, a implantação do Wood Frame no Brasil ainda está dando seus primeiros passos, mas a expectativa da comissão é que, em 2011, o país tenha casas construídas a partir dessa tecnologia. "Atualmente, estamos na fase de tentar aprovações dos órgãos oficiais para liberação de recursos para financiamento, uma maneira de garantir a acessibilidade dessa tecnologia para todos os públicos interessados em construir", comenta Finatti.
Outra preocupação é formar um centro de capacitação de mão de obra que seja especializada para trabalhar com estruturas de Wood Frame. "Nesse caso, tanto os funcionários das fábricas quanto engenheiros, arquitetos e o pessoal responsável pela instalação das estruturas nos terrenos precisam ter treinamento específico para lidar com esse tipo de material", explica Finatti.
VantagensSegundo Bonatto, entre as vantagens dessa tecnologia estão a sustentabilidade e o tempo para realização das obras. "Usa-se madeira proveniente de áreas plantadas e uma casa pode ser construída em apenas dois ou três meses, o que facilita a vida de quem tem pressa para se mudar".
O empresário comenta que as casas feitas com Wood Frame também são vantajosas por proporcionarem economia para os moradores. "Elas quase não consomem energia, já que a estrutura garante isolamento térmico, o que mantém a temperatura e diminui a necessidade de consumo de ar condicionado e sistemas de calefação."