Em Curitiba, os pagamentos à vista superaram os financiamentos imobiliários e começam a despontar como a principal alternativa para a compra de imóveis usados. No último mês de agosto, 53% das pessoas que fecharam negócio quitaram o bem no ato da compra ante os 47% que contrataram o crédito junto às instituições bancárias.
Esta inversão na curva de pagamento não acontecia desde abril de 2012, segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), ligado ao Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR). Entre os fatores que levaram a maior participação dos pagamentos à vista estão as mudanças nas condições do crédito imobiliário e os impactos da crise econômica sobre a renda das famílias, como explica Maurício Ribas Moritz, vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR.
Crédito restrito
Entre tais mudanças pode-se listar a redução do teto do financiamento para imóveis usados pela Caixa Econômica Federal – que passou de 80% para 50% nos imóveis enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e de 70% para 40% pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), dentro do Sistema de Amortização Constante (SAC) –, e a alta nas taxas de juros do banco estatal, que concentra a maior parcela dos financiamentos no país.
Caixa eleva juros do financiamento
A partir desta quinta-feira (01), quem fechar contrato de financiamento junto à Caixa Econômica Federal precisará desembolsar um pouco mais para ter acesso ao crédito imobiliário.
Leia a matéria completaEm 2015, a Caixa reajustou três vezes sua tabela para a liberação do crédito imobiliário. A última rodada de aumentos foi anunciada no dia 21 de setembro e passa a valer para os contratos fechados a partir desta quinta-feira (01) – leia mais no texto ao lado.
“Além disso, os bancos mudaram seus processos de análise de crédito, tornando-os mais rigorosos em virtude das mudanças na economia, que elevam o medo da inadimplência”, acrescenta Luciano Tomazini, presidente da Rede Imóveis.
Moritz ilustra esta questão com o exemplo de clientes que tinham cadastros pré-aprovados e que, passados alguns meses, não tiveram o crédito liberado pelos bancos [o que fez com que boa parte deles tivesse que adiar o sonho da casa própria]. “Um pequeno porcentual consegue migrar, com esforço, para o pagamento à vista, mas para a grande maioria não há mágica”, resume.
Velocidade de vendas
Junto com a queda nas compras financiadas, caiu também a velocidade de vendas dos imóveis usados. O índice, que mede o porcentual de unidades vendidas em relação à oferta, estava em 2,4% em agosto de 2015, menos da metade do registrado no mesmo mês de 2014, quando o indicador era de 4,9%.
O estoque, por sua vez, avançou 13% no período, passando das 17,8 mil para 20,2 mil unidades. “O número está um pouco elevado e é reflexo do volume de construções que foram entregues neste período. Com a redução dos lançamentos, [a tendência] é a de que o estoque se estabilize”, prevê Tomazini.
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