Síndico Guilherme Martins: dos R$ 7 mil gastos pelo seu condomínio mensalmente, R$ 2 mil são para pagar funcionários| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Entre janeiro e novembro de 2009, a taxa média de condomínio em Curitiba variou 10,4%, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). No mesmo pe­­río­do, a variação do Índice de Pre­­­­ços ao Consumidor de Curi­tiba (IPC) teve variação de 3,55%. "Costumamos comparar com o IPC por ser um índice de consumo, e na taxa de condomínio des­­­­consideramos os valores em­­pregados na am­­pliação, consideramos apenas o que diz respei­to à manutenção, ou seja, consumo do prédio e dos moradores", diz o coordenador de pesquisas periódicas da entidade, Gino Schlesinger.

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O acréscimo deste ano também é maior se comparado com o comportamento de 2008, quan­­­­do o índice apresentou va­­riação de 8,56%. "Realizamos essa pesquisa desde 1999 e nota-se que o acréscimo nos condomínios sempre supera a inflação", constata Schlesinger.

O professor dos cursos de Ad­­mi­­­nistração e Economia da Fae Centro Universitário, Henrique Lago, explica que outra comparação pode ser feita com o Índice Nacional dos Custos da Constru­ção (INCC), que é medido pela Fundação Getúlio Vargas e verifica a variação no custo das obras de todo o país. Nesse período, es­­se índice variou 9,6%.

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Schlesinger afirma que o mês de novembro representa o maior aumento do ano nas taxas de condomínio. "Nesse mês acumulam-se os pagamentos do décimo terceiro salário e férias dos em­­pregados. Na comparação com outubro a variação foi de 2,77%", observa.

A folha de pagamento é apontada por síndicos, economistas e administradoras de condomínios como o principal gerador de custos de um prédio. "Os en­­cargos sociais, a dispensa de funcionários e o pagamento de salários é o que mais encarece o preço cobrado dos condôminos", relata o diretor da Assiscon Admi­­nis­tra­­dora de Condomí­nios, José de Assis Pereira. A em­­presa é responsável pela administração de cem imóveis em Curi­­tiba e região.

O salário dos funcionários também tem forte impacto nas contas mensais pagas pelo síndico Guilherme Martins. O administrador e gestor de custos explica que dos R$ 7 mil gastos mensalmente pelo prédio de 23 apartamentos, cerca de R$ 2 mil correspondem à folha de pagamento, sem contar os encargos. "Ou­­tro importante gasto está relacionado com o consumo de água. Como o hidrômetro é comum, acredito que muitos moradores não zelam pelo racionamento", opina.

Lago avalia que a folha de pa­­gamento representa entre 30% e 35% do volume de despesas de um prédio. "Quando há portaria 24 horas, o valor pode ser ainda maior", diz.

O professor propõe, para quem está procurando um imóvel, pesar o valor do condomínio no orçamento doméstico geral. "Às vezes, o valor do condomínio chega a 40% ou 50% do que se paga de financiamento do apartamento. É importante que esse valor não supere os 20%, até pa­­ra que se possa manter todas as contas em dia", diz.

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De acordo com Pereira, a ina­­dimplência de condôminos re­­presenta cerca de 20% na maioria dos condomínios. "Trata-se de uma conta que fica como última prioridade. Mesmo atrasando o pagamento, o morador continua usufruindo da maior parte dos benefícios do condomínio. Entretanto mudanças na legislação, com causas já ganhas por condomínios, tendem a mudar essa mentalidade", completa. Na tentativa de diminuir o valor da taxa de condomínio e, consequentemente, o peso da inadimplência, Martins propôs, há um ano, a locação do espaço acima da caixa d’água para a instalação de uma antena de telefonia celular. "O prédio foi procurado, porque a região (Água Ver­de) era es­­­­­­tratégica para a empresa. Co­­mo houve consenso dos moradores foi feita a instalação, que gera R$ 2 mil mensais ao con­­domínio", conta.