O número de pessoas que veem no consórcio de serviço uma ferramenta para planejar a reforma de seus imóveis cresceu nos últimos quatro meses até fevereiro. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) aponta que 41,8% dos contemplados na modalidade utilizaram o recurso para realizar reparos e manutenções em suas residências. Na consulta anterior, de outubro de 2015, este número era de 32,6%.
O crescimento de nove pontos porcentuais no índice sinaliza, segundo a entidade, um maior planejamento por parte dos consorciados para a realização das obras. Outro ponto que ratifica esta percepção é o aumento de quase 39% na venda de novas cotas e de 50% no volume de crédito comercializado na modalidade no primeiro trimestre de 2016 no comparativo com o igual período do ano passado – a carta de serviço também pode ser destinada à diversas outras finalidades.
No consórcio imobiliário, que também pode ser utilizado em reformas, em comparação, tais índices apresentaram queda de 5,6% e 7%, respectivamente, no período. Mário Munhoz, gerente comercial do Consórcio Servopa, conta que cerca de 3% dos cotistas contemplados nas cartas imobiliárias utilizam o crédito para executar reformas.
Para o presidente da regional sul II da ABAC, José Roberto Luppi, o momento de instabilidade econômica e política vivida pelo país faz com que as pessoas sejam mais conservadoras e procurem por créditos mais baratos, além do investimento em patrimônio, o que também afeta positivamente a modalidade.
“Em momentos mais conturbados da economia as pessoas ficam mais retraídas para [a aquisição] de produtos de consumo e mais voltadas para o cuidado com o patrimônio. Essa é a razão pela qual vejo o crescimento da utilização das cartas de serviço nas reformas”, acrescenta.
Outros atrativos
Além da possibilidade de planejar a obra, e de fazer uma poupança programada para sua realização, o consórcio de serviços apresenta outros atrativos para os cotistas. Um deles refere-se à diversidade de opções para a utilização do crédito, que permite ao consorciado mudar de ideia durante o pagamento das parcelas e destinar o recurso para fazer uma viagem ou um tratamento estético, por exemplo.
O prazo mais curto para a quitação e contemplação do crédito também chama a atenção dos clientes, assim como os valores mais baixos da carta no comparativo com o consórcio imobiliário. “Esses fatores fazem com que possamos trabalhar com grupos mais saudáveis, mais adimplentes”, acrescenta Guilherme Ostroski, gerente regional no Paraná da Consórcio Globo.
Outro aspecto refere-se à garantia necessária para a aquisição da carta, que é compatível ao saldo devedor. Enquanto no consórcio imobiliário ela se dá, geralmente, por meio da alienação de um outro imóvel, na modalidade de serviço ela pode ser coberta por um automóvel ou uma motocicleta, por exemplo, o que facilita a oferta da garantia. Algumas empresas ainda oferecem a modalidade sem a necessidade de garantia.
Consórcio para reforma
O consórcio permite ao consorciado planejar a realização de reparos, manutenções ou ampliações em seu imóvel. Para isso, ele pode optar tanto por uma carta de crédito imobiliário quanto por uma cota de serviço. Conheça as principais diferenças entre elas.
Consórcio imobiliário
Destinação do recurso: aquisição de imóveis residenciais, comerciais e terrenos e construção ou reforma de unidades. Quando utilizado para reforma, ele é indicado para obras maiores, de remodelação do bem, que demandem um orçamento elevado.
Valor da carta: de R$ 50 a R$ 900 mil, na média
Ticket médio: R$ 112 mil (em março)
Prazo: de 150 a 200 meses, em média
Taxa de administração: média de 17,6%
Consórcio de serviço
Destinação do recurso: pagamento de qualquer tipo de serviço, como viagens, festas de formatura, tratamentos estéticos e reformas, por exemplo. Neste último caso, ele é recomendado para obras menores, geralmente voltadas à manutenção do bem.
Valor da carta: de R$ 2 a R$ 10 mil, em média
Ticket médio: R$ 6,5 mil (em março)
Prazo: de 24 a 36 meses, na média
Taxa de administração: média de 20,2%