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Vilões

Conheça os fatores que podem tornar um edifício doente e quais são os principais efeitos à saúde do morador:

Idade: uma construção pode se tornar doente por depreciação. Isto acontece quando o imóvel é antigo e começa a apresentar problemas em algumas estruturas e sistemas, como o de impermeabilização, por exemplo, que favorece a passagem da umidade e proliferação de fungos, bactérias e mofo. A depreciação também pode facilitar o acúmulo de pó e outras substâncias alérgenas (causadoras de alergia), levando a problemas como rinite e irritações de olhos, nariz e garganta.

Utilização inadequada: o conceito de edifício doente também se estende a imóveis utilizados de forma inadequada. É o que ocorre em ambientes sem recursos necessários de exaustão e ventilação utilizados para fins industriais. Isso pode facilitar a contaminação dos trabalhadores por substâncias tóxicas, podendo ter graves efeitos à saúde.

Influência externa: compõe os fatores de que não se tem domínio. Um exemplo é a poluição sonora em residências localizadas em regiões barulhentas, como ruas movimentadas. O zumbido excessivo causa, entre outros distúrbios, problemas psicológicos, agitação e tontura.

Falhas na construção: é o fator mais comum. Nessa categoria destacam-se principalmente imóveis sem a ventilação necessária, com substâncias tóxicas utilizadas nos revestimentos e sem sistemas impermeabilizantes. A falha na circulação de ar facilita o acúmulo de microorganismos. As toxinas utilizadas em revestimentos podem causar uma série de irritações, problemas alérgicos e respiratórios.

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Você já pensou que o imóvel em que reside ou trabalha pode ter efeitos negativos para sua saúde? Ainda pouco conhecida no Brasil, essa relação existe sim e pode desencadear a chamada Síndrome do Edifício Doente (SED). Caracterizado por sintomas respiratórios e alérgicos, a SED tem origem em imóveis com problemas que vão da falta de ventilação à utilização de substâncias tóxicas nos revestimentos.

É o que explica Claudionor Beatrice, arquiteto e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). "Toda construção serve para bem atender o homem. Quando ela faz mal para sua saúde, entra no conceito de edifício doente". A definição – inicialmente utilizada nos anos 70 para explicar o fenômeno em que pessoas, residentes no mesmo prédio, apresentavam sintomas patológicos ligados ao ambiente de moradia – foi ampliada. Hoje, afirma o especialista, ela pode ser aplicada a qualquer construção. Casa ou prédio. Residencial ou comercial.

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E o professor garante, já foi vítima da SED. "Eu sofria muito com ataque alérgico devido à umidade de minha residência. Por ser antiga, ela tinha um sistema falho de impermeabilização", conta. Atualmente, de casa nova, ele afirma estar livre do desconforto. "Melhorei completamente quando me mudei."

De acordo com o médico estudioso do assunto Maurício Kulka, do Hospital Iguaçu, um edifício é considerado doente por diversas razões. "Pode ser pelas substâncias usadas nos revestimentos. Como o formoldeído (cola à base de formol), por exemplo, que expele um gás que pode ser tóxico para algumas pessoas. Pode também ser doente por não ter uma boa impermeabilização e permitir a entrada de umidade, que prolifera fungos e bactérias", diz.

Kulka acredita, no entanto, que o grande vilão seja mesmo o sistema de ventilação dos ambientes. "Com a disseminação do ar-condicionado, existe hoje pouco uso de ar natural. Acontece que esses sistemas, quando não são submetidos à correta manutenção, podem agir como proliferadores de doenças, pois armazenam grande quantidade de bactérias e outros microorganismos", esclarece.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os principais sintomas da SED são as complicações alérgicas, respiratórias e físicas. Entre elas fadiga, tonturas, dores de cabeça e irritação de olhos, nariz e garganta.

Diagnóstico

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Apesar de amplamente estudada, a presidente da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho, Keti Patsis, afirma que a SED é dífícil de ser diagnosticada. "Ninguém vive em um só ambiente. Durante o dia as pessoas freqüentam diferentes espaços. É complicado definir quando é determinado imóvel que está causando um problema de saúde", explica. Para ela, embora os sintomas da síndrome sejam mais agudos durante a estada no edifício doente, deve também observar outros fatores. "Se você tem uma crise alérgica quando está em casa, não é exatamente culpa da construção. Pode ser que seja o travesseiro ou as suas roupas de cama que estejam afetando o seu organismo", finaliza.