As duas listas de itens da cesta básica da construção com redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foram motivo de comemoração quando anunciadas pelo governo federal, em fevereiro e junho deste ano. Mas agora, quase um mês depois da segunda lista, já é possível dizer que elas não causaram o efeito esperado: entidades do setor consideram que o consumidor não sente, ou sente pouco, o efeito dos cortes.
A expectativa das empresas do setor produtivo com relação à redução de impostos, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-Pr), Julio Araújo Filho, era que houvesse uma queda significativa do custo total da construção. O que não aconteceu. "Se a redução afeta até 1,9% do total da obra, isso não será sentido pelo consumidor que vai adquirir a casa própria por meio de uma construtora. Isso porque esse percentual já é trabalhado pelas empresas que fornecem descontos até maiores como uma forma de atrair o cliente. Para que o comprador sinta a mudança, a redução deveria chegar a 5% ou até 10% do valor total da obra, o que seria altamente significativo para nós", explica.
Outro problema do pacote que o presidente do Sinduscon destaca são os tipos de materiais que foram desonerados. "Eles não representam 2% do Custo Unitário Básico (Cub) da construção. A maioria dos produtos que estão no pacote são de acabamento e não básicos para a obra. O cimento, por exemplo, é um insumo que não sofreu redução", diz.
Nas lojas, o cenário é o mesmo. Para Rogério César Martini, presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac), o consumidor que compra material de construção também não sente a redução do imposto. "A grosso modo não houve uma queda nos preços, pelo contrário, alguns produtos aumentaram de valor. É o caso, por exemplo, dos tubos e conexões de cobre, fios elétricos e produtos desenvolvidos a partir do petróleo: onerou o custo da matéria-prima e isso, conseqüentemente, atingiu os preços", destaca.
Já o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), Claudio Konz, analisa a situação de maneira positiva. "Houve um crescimento de 3% nas vendas de materiais, se compararmos com o ano passado. Para o Paraná a situação é ainda melhor, já que o governo reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de dois produtos: louças sanitárias e cerâmicas", salienta.
Para Paulo Safady Simão, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mais importante que a redução do imposto, são as diferentes formas de pagamento que as lojas de construção oferecem para atrair os clientes. "Acredito que a medida do governo federal é significativa, mas o cliente não busca apenas pequenos descontos, mas também boas maneiras de conseguir parcelar sua compra sem pagar juros altos." Outro atrativo para ampliar as vendas, segundo o presidente da Acomac, é a pequena margem de lucros que as lojas de materiais de construção estão trabalhando. "Queremos impulsionar o setor, por isso divulgamos grandes ofertas e ainda diferentes formas de pagamento", conclui Martini.
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