Os imóveis corporativos não têm passado ilesos aos impactos da desaceleração da economia. No primeiro trimestre de 2015, a taxa de vacância dos espaços classe A em Curitiba atingiu a marca dos 34,7%, um crescimento de 11,2% em relação ao mesmo período de 2014, quando 31,2% dos espaços estavam ociosos. Os dados da capital, levantados pela Cushman & Wakefield, são superiores aos registrados em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, mas ficam atrás de capitais como Recife e Salvador, onde a taxa ultrapassa os 41%.
A elevação do estoque total – que passou de 293 mil m² para 331 mil m² no período, entre imóveis ocupados e desocupados –, contribuiu para o crescimento da vacância. Para Felipe Nocilli, consultor da CBRE, a concentração do volume de entregas de novos empreendimentos, cuja absorção não tem sido acompanhada pelo mercado, justifica o resultado. O consultor, no entanto, contesta os dados do levantamento e diz que Curitiba tem cerca de 200 mil m² de estoque total, dos quais 15%, em média, estão desocupados.
Mercado aposta na melhoria dos projetos corporativos
A notável evolução dos projetos dos empreendimentos corporativos nos últimos anos, aliada ao crescimento da oferta, colocou Curitiba na mira das grandes empresas nacionais e internacionais que desejam expandir sua atuação. Felipe Nocilli, consultor da CBRE, diz que esse movimento de “atualização” no padrão dos produtos começou há cerca de três anos e que, hoje, os espaços corporativos da capital não perdem, em nada, para os edifícios do eixo Rio-São Paulo.
Os aspectos que levaram a esta evolução referem-se ao maior cuidado no planejamento dos espaços, que vão desde lajes sem pilares no meio dos andares, o que facilita a instalação das empresas, a tecnologias construtivas que otimizam a utilização das áreas. Entram nesta lista a adoção de pisos elevados, sistemas de ar-condicionado central, forros modulares, centrais de operação e eficiência energética das edificações.
A infraestrutura da capital, que oferece facilidades de transporte, custos operacionais mais baixos e mão de obra qualificada, são outros atributos que atraem os olhares das empresas para a cidade. “Estamos próximos do Sudeste, temos saída para o Mercosul e estrutura viária e de aeroporto, sem deixar de lado a qualidade de vida”, acrescenta Ralf Paciornik, diretor de negócios da Top Imóveis. Para os especialistas, a soma de todos esses aspectos garante a evolução deste mercado em Curitiba, que ainda tem espaço para crescer na oferta de imóveis dentro do segmento.
A Top Imóveis também tem percebido uma retração na procura pelas unidades corporativas. Ralf Paciornik, diretor de negócios da empresa, conta que desde o início do ano passado houve queda de cerca de 80% da demanda. “Em função das incertezas econômicas que temos hoje, as empresas estão adiando decisões de expansão”, acrescenta.
Todos estes aspectos impactaram o preço médio dos aluguéis, que caiu de R$ 72 para R$ 66 por metro quadrado no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014. “Na condição de fechamento do contrato os valores têm variado cerca de 10% para baixo”, aponta Nocilli. Na opinião do consultor, o cenário é favorável para as empresas se relocalizarem, migrando de diversos pavimentos para uma laje única, por exemplo, mantendo o custo operacional, mas ganhando em qualidade.
Outro lado
As incorporadoras que investem na construção de espaços corporativos concordam com o impacto da economia sobre o setor, mas apresentam resultados um pouco mais otimistas. A Laguna, por exemplo, comercializou todas as salas e tem todas as lajes do empreendimento Iguaçu 2820, que integram a carteira da construtora, locadas. “O Mai Work, que lançamos em outubro de 2014, já está com mais de 50% de seus espaços comercializados”, conta André Marin, diretor de incorporação da construtora.
Na Hafil Inc, 95% dos cerca de 3 mil m² do H.A. Offices Batel estão locados e 60% da área do H.A. Offices Jardim Botânico, lançado há cerca de um ano com espaços de até 553 m², foram vendidas. “O H.A. Offices Linha Verde, que será entregue ainda em 2015, tem cerca de 50% dos espaços comercializados e está em curva ascendente de vendas”, conta Caio Napoli, diretor geral da empresa. Para atrair os clientes, a construtora oferece a garantia de até um ano de “aluguel” a partir da entrega das chaves para quem fechar negócio. O valor do benefício corresponde a 0,5% sobre o descrito na escritura.
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