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Edifício residencial tem poucas áreas comuns para reduzir condomínio
O edifício Fontana di Trevi, no centro de Paranaguá, está quase pronto e vem registrando boa aceitação no mercado local: o empreendimento da Construtora Ouro Verde já tem 80% das unidades vendidas. O prédio oferece apartamentos com três quartos e área entre 126 e 152 metros quadrados, com uma ou duas vagas de garagem.
"Temos feito prédios enxutos. Foi uma opção nossa para convencer os clientes que moravam em residências a mudar para edifícios", afirma Luiz Henrique da Silva Chaves, sócio proprietário da Ouro Verde Engenharia e Construções.
De acordo com ele, a cultura de ter taxas condominiais mais baixas levou a construtora a racionalizar a área comum do empreendimento.
"Achamos esta relação custo/benefício mais saudável. Por ser uma cidade portuária, um imóvel com esse perfil torna-se bom negócio. É um produto atraente para o investidor, e tendo um condomínio baixo, a locação da unidade também se torna mais atrativa", diz Chaves.
O corretor Amauri Domingues concorda com a estratégia de manter custos menores. De acordo com ele, muita gente mora em Paranaguá por causa do trabalho, mas nos finais de semana esses profissionais vão para outro imóvel de lazer, na praia, ou na capital.
O mercado imobiliário de Paranaguá vive uma espécie de dilema: a vocação histórica e turística precisa se harminizar com o ritmo de crescimento da cidade. Enquanto atrai novos moradores para trabalhar em empresas ligadas ao Porto e órgãos do governo, o município mais antigo do Paraná convive com restrições para a construção de novos empreendimentos e a alta demanda por unidades para locação.
Tombado como Patrimônio Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil em 2009, o centro histórico da cidade não pode ser alterado. Nos bairros, a situação é outra: de acordo com a prefeitura, pelo menos 40% dos habitantes não possui o registro do imóvel onde mora ou vive irregularmente em áreas de preservação ambiental.
Mesmo com essas limitações, Paranaguá tem hoje 404 construções em andamento, entre imóveis comerciais, residenciais, industriais e outros tipos. Dois prédios estão sendo erguidos pela construtora Cron um residencial e um comercial e há pedido de alvará para a construção de um hotel, da bandeira Ibis, cuja construção ainda não começou e que deve ficar pronto em dois anos.
Verticalização
O corretor de imóveis Amauri Domingues diz que, apesar da tendência de verticalização e do interesse de construtoras em fazer empreendimentos na cidade, a construção de edifícios novos não encontra muito espaço.
"O plano diretor tem restrições por conta do patrimônio histórico. Pouquíssimas ruas podem receber prédios acima de dez andares", explica Domingues.
Para Luiz Henrique da Silva Chaves, sócio proprietário da Ouro Verde Engenharia e Construções, o crescimento para o alto é um caminho sem volta.
"A verticalização é um fenômeno forte em todas as cidades que enfrentam dificuldades com segurança, como é o caso de Paranaguá. Além disso, a cidade tem uma área geográfica nobre, entre o centro histórico e o Porto, que permite a verticalização", avalia.
Ajustando
O vice-presidente administrativo do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Euclésio Manoel Finatti, lembra que o mercado imobiliário de Paranaguá também passou por uma onda de lançamentos entre 2009 e 2011, semelhante ao registrado em capitais e grandes cidades do país.
"Tivemos um crescimento acima do normal e agora estamos em um ritmo considerado normal", avalia. Os preços de imóveis novos em Paranaguá são, em média, 10% mais baratos do que na capital, de acordo com o Sinduscon-PR.
Familiarizado com o mercado parnanguara, Domingues tem opinião semelhante. "Até o segundo semestre de 2011, o que tinha, se vendia. Desde então o ritmo reduziu", observa.
Locação
O corretor Amauri Domingues diz que o desafio é oferecer imóveis para locação diante da grande procura. "Hoje a maior dificuldade é alugar uma casa em Paranaguá. Temos uma demanda muito maior do que a oferta real, e por causa disso muitas pessoas que trabalham aqui moram em outra cidade. É gente que vai e volta todos os dias da casa para o trabalho", afirma Domingues.
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