Projeto e execução bem feitos evitam rachaduras
Evitar as patologias é muito difícil, mas pode-se minimizá-las no momento da execução da construção. "Um projeto precisa prever como a estrutura irá se comportar, levando em consideração a expansão e retração, devido a variação térmica, e também o recalque do solo", diz o engenheiro da Engecivil, Paulo Henrique Asinelli.
O uso de materiais de qualidade e certificados e de mão de obra competente, além de um controle mais rigoroso na execução, são apontados por ele como formas de garantir a qualidade.
Entre os elementos estruturais mais importantes para evitar as rachaduras estão as vergas e contra-vergas, que estruturam os vãos de portas e janelas. "Estes elementos têm a finalidade de transmitir os esforços provenientes das reações das lajes e do peso próprio das paredes para a alvenaria estrutural. Quando elas não são feitas, acontecem as rachaduras nos cantos das janelas, que são uma das mais comuns", diz a especialista em patologias de construções, Fabiana Cristina Mazetto dos Santos.
Outro problema comum são os encunhamentos, que é o encontro entre uma viga e a parede de tijolos. "Não pode haver folgas nesse encontro e o ideal é usar argamassa expansora, que se molda na hora da aplicação e trava o encunhamento, evitando as trincas", afirma Asinelli.
Fabiana lembra que nos primeiros cinco anos é natural que o prédio "trabalhe", até que a estrutura acomode. "Fissuras nessa época são comuns, mas elas não podem evoluir. Quanto mais antiga a edificação, mais constante deve ser a avaliação e mais atenção deve ser dada às fissuras e rachaduras", diz.
Pequenos "arranhões" nas paredes ou teto podem esconder sérios problemas estruturais. Fissuras, trincas e rachaduras estão entre as principais patologias de construções. E, ao contrário do que se imagina, há diferenças entre as três que, em maior ou menor grau, atingem as edificações e podem evoluir para casos que, se não reparados em tempo, trazem graves prejuízos e consequências, como o desabamento de parte do imóvel, comprometendo a segurança dos moradores.Segundo o engenheiro civil e diretor da Engecivil, empresa especializada em manutenção predial, Paulo Henrique Asinelli, as pessoas desconhecem os riscos e não dispensam a devida atenção. Antes de buscar solução com medidas paliativas, como uma pintura, por exemplo, a primeira providência é investigar e descobrir a causa do problema. "Ter um parecer técnico, de um profissional que tenha recursos e conhecimento para fazer a avaliação, é muito importante", recomenda Asinelli.
As lesões das construções surgem em função de diferentes causas, como a qualidade dos materiais e sua aplicação, fatores externos (variação de temperatura e umidade) e fatores estruturais (recalque das fundações e movimentação das estruturas).
Soluções diferentes
A diferença entre fissuras, trincas e rachaduras se dá basicamente pela gravidade. As primeiras são superficiais, finas, alongadas e pouco profundas, têm espessura máxima de 0,5 milímetros. "A causa pode ser falta de consistência do reboco ou problemas na aplicação do acabamento, como quando se faz a pintura sem aplicar selador", afirma o engenheiro.
Para solucionar, é preciso remover a tinta, refazer o reboco, se necessário, e preparar a parede para receber a nova pintura, aplicando fundo preparador e selador. "Pode-se usar um tecido com fibra de vidro antifissura e aplicar uma tinta acrílica de boa qualidade. O próprio consumidor ou um pintor podem fazer esse reparo", diz a coordenadora técnica da Vedacit, Eliene Ventura.
Já as trincas são mais acentuadas e profundas, com espessura entre 0,6 e 4,9 milímetros (de acordo com a norma técnica NBR 15.575 da ABNT). A principal dica, nesse caso, é acompanhar a evolução da abertura. "Sugiro que sejam feitas medições semanais e, se a trinca parou em um estágio há cinco ou seis meses, trata-se de uma trinca estabilizada, causada por algum problema externo, como movimentação do solo, por conta de uma construção vizinha ou mesmo pelo vento ou diferença de temperatura", afirma Eliene.
Os reparos podem ser feitos com selantes de base acrílica. "Deve-se abrir a fissura cerca de cinco milímetros na profundidade e na largura, limpar o interior e aplicar o selante. Depois de seco (cerca de sete dias), faz-se o acabamento normalmente, com pintura, textura ou outro revestimento", diz.
Em 2007, quando tornou-se síndico em um edifício do Centro, Josué Bernardes assumiu também problemas na estrutura do prédio, que começaram antes de sua posse. "Uma construção começou ao lado e houve um recalque, que gerou fissuras na garagem", diz.
De acordo com a especialista em patologias de construções Fabiana Cristina Mazetto dos Santos, chefe de equipe da Estruktor Patologias das Construções Ltda, empresa que faz as avaliações e orientações do Departamento de Engenharia e Patologias das Construções do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), o problema na garagem do prédio era sério, com fissuras em um dos pilares, e foi necessário cerca de um mês para resolvê-lo. "Recuperamos o local com injeção de resina epóxi, uma espécie de cola cinco vezes mais resistente à compressão e à tração do que o concreto. Isso passivou a fissura, impedindo que aconteça novamente", explica.
Fabiana também avaliou a estrutura de um edifício no bairro Rebouças, com problemas de fissura na garagem. A síndica Ivanilde Cereda Tamanini percebeu imperfeições na cisterna e na garagem, afetando uma das vigas. No caso da cisterna, a fissura apareceu pela corrosão ocasionada pelo cloro da água e foi resolvida com um reforço do pilar de sustentação.
Na garagem, a técnica explica que a causa é a umidade. "Ela é ascendente, vem da terra e sobe por capilaridade para os pilares da garagem, atingindo as armaduras e enferrujando-as", conta. "Esse problema acontece quando a fundação não é preparada com produtos impermeáveis e quando não é feita drenagem."
Quando uma trinca evolui, provavelmente se terá uma rachadura, para a qual toda a atenção é necessária. "São lesões com abertura superior a cinco milímetros e pode haver infiltrações e estufamento de reboco, comprometendo a estrutura do prédio", alerta Fabiana.
É o caso do terraço do edifício Nevada, no Centro de Curitiba. O síndico, José Sebastião Pereira de Seixas, explica que a emenda do muro foi mal feita, sem prever a dilatação da estrutura, o que causou as rachaduras. "A imperfeição provocou infiltrações em vários apartamentos. Há um, no último andar, onde somente um dos quartos não tem infiltração."
Fabiana explica que em casos como esse é preciso consultar um engenheiro civil para levantar as causas, verificando quais foram os fenômenos ocorridos e, por fim, definir a conduta e intervenção mais conveniente. "As peças estruturais têm barras de aço e, uma vez umedecidas, elas incham e vão estourando o concreto, fazendo com que a estrutura entre em colapso", afirma.
O engenheiro Paulo Henrique Aniselli aponta como solução a técnica de grampeamento, onde deve-se tirar o reboco nas duas pontas da rachadura e, em alguns casos, será preciso refazer a alvenaria. "O reforço estrutural se dará com uma malha de ferro no sentido transversal e longitudinal e implementação de resina epóxi. A finalização é feita com argamassa estruturante a base de graute (pó que aumenta a resistência do concreto), argamassa autonivelante estruturante (que inibe eventuais retrações térmicas) e o revestimento escolhido."
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