A compra de um imóvel, normalmente motivo de alegria por simbolizar uma conquista, pode se transformar no início de uma grande dor de cabeça, principalmente para os desavisados. Como em qualquer negócio, as transações imobiliárias também envolvem riscos, sobretudo quando a compra acontece em leilões, eventos sustentados no apelo da venda de residências a preços bem abaixo do estabelecido pelo mercado.
Não é difícil entender de onde vem o risco. A maioria dos imóveis negociados em leilões foi retomada pelos bancos em função da inadimplência dos mutuários originais. O problema é que muitos ex-proprietários entram na Justiça para manter a posse da moradia, e por isso são grandes as chances de que o imóvel seja vendido ainda ocupado. Enquanto o processo estiver tramitando, o antigo mutuário não pode ser retirado do local, a não ser que seja concedida ao novo comprador uma decisão judicial favorável. Só que isso pode demorar mais de um ano.
Negócios fechados em leilão são muito atraentes, pois normalmente permitem ao comprador pagar cerca de 20% a 30% a menos que os cobrado pelo mercado por imóveis do mesmo padrão. Segundo Denise Fernandino Lourenço Angelucci, gerente de vendas de imóveis da Caixa Econômica Federal (CEF), cerca de 70% dos imóveis que a CEF vende em leilões estão ocupados. "Por isso este imóvel sempre custa menos nos leilões, em comparação ao seu preço normal", afirma.
Tendo em vista essa ocupação, a Associação Brasileira de Moradores e Mutuários (ABMM) recomenda muita cautela ao adquirir imóveis por meio de leilões. De acordo com Paulo Roberto Zancaneli, diretor da entidade, se o imóvel ainda estiver ocupado, há grandes riscos de haver demora na entrega, pois às vezes o antigo proprietário simplesmente se recusa a sair. "Quem está procurando imóvel para comprar não deve cair na velha conversa de vendedor, que exalta as qualidades do produto da venda, pois às vezes o barato pode sair caro."
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