Duas casas guardam a história do cinema

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Parte integrante do conjunto que caracteriza o centro histórico de Curitiba, as charmosas construções em tons de amarelo e vermelho que abrigam a Cinemateca acompanharam o desenvolvimento da cidade e são importantes para a formação e registro da nossa história cinematográfica da capital.

O espaço, entretanto, nem sempre teve endereço à Rua Carlos Cavalcanti, esquina com a Rua João Manoel. Em 1975, ano de sua criação, a Cinemateca ocupava a antiga sede do Museu Guido Viaro, que hoje abriga a Diretoria de Patrimônio Cultural e a Casa da Memória.

A atual sede, com instalações adequadas à difusão, preservação e pesquisa cinematográficas, foi inaugurada 23 anos depois, consolidando o local como um reduto dos amantes do cinema. "A prefeitura analisou outros projetos para serem implantados naquele espaço, mas se definiu que ele receberia a nova sede da Cinemateca de Curitiba, dentro do plano geral de 'Revitalização do Setor Histórico'", conta o arquiteto Fernando Popp, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), responsável pelo projeto de instalação da Cinemateca junto aos arquitetos Dóris Teixeira e Gerson Staehler.

As duas casas históricas que integram o complexo são registradas como Unidades de Interesse de Preservação (UIPs), mas pouco se sabe sobre seus usos anteriores. Segundo Marcelo Sutil, coordenador de pesquisa histórica da Fundação Cultural de Curitiba, a "casa vermelha", da esquina, tem data de construção estimada entre o final do século 19 e início do 20, devido às características típicas desse período. "Ela servia de residência familiar e foi construída com referências alemãs, apresentando sótão e alvenaria em circunferência", conta.

A construção em tons de amarelo, denominada Casa Wichert, é datada do início do século passado e tem porão alto, entrada lateral e influências da arquitetura eclética, que mistura diversos estilos, assim como outros importantes casarões históricos da cidade. "É uma típica residência de classe média padrão, distante dos palacetes do período", acrescenta Sutil.

Sopro de modernidade

Como muitos dos usos da Cinemateca não caberiam dentro das casas históricas, o complexo recebeu uma nova construção anexa às duas outras edificações. Com estrutura contemporânea, ela oferece as instalações necessárias à Sala Groff – espaço de projeção com 101 lugares – e depósitos, em especial para os filmes de nitrato.

"O valor cultural do conjunto dos prédios é imensurável, uma vez que preserva duas casas que compõem junto ao casarão do outro lado da rua, construído depois, uma parte da memória urbana da cidade. Com seu desenho, ele traz os períodos construtivos que demonstram como a cidade foi evoluindo através dos tempos, com seus costumes e modos de morar", avalia Popp.