Universe Life Square, da Rossi: localização central e serviços são essenciais para sucesso dos prédios de uso misto| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
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RMC também entra na onda

Em São José dos Pinhais, maior cidade da região metropolitana de Curitiba, os imóveis multiusos também começam a ganhar espaço. Na última semana, o edifício Van Gogh – que terá torre residencial e comercial – foi lançado para os investidores. De acordo com os idealizadores do empreendimento, uma das intenções é suprir a necessidade de salas comerciais na cidade.

Assim como em Curitiba, lá, o multiuso também ficará no centro da cidade. "Vamos unir vocações diferentes, porque a cidade precisa e também para aproveitar um terreno muito bem localizado, perto do shopping, da prefeitura e da câmara de vereadores", lembra Rodrigo Porto, sócio da construtora Porto Ca­­margo.

Segundo ele, não é qualquer terreno que pode receber um prédio como esse. "Pesquisa­­mos o mercado durante oito meses e o planejamento desse tipo de imóvel também é bem específico", completa.

No edifício estarão disponíveis 70 salas comerciais ou oito andares com lajes corporativas (quando uma empresa se instala em um andar inteiro), 56 apartamentos de um, dois ou três quartos. De acordo com Porto, o início da obra será ainda no primeiro semestre de 2012 e deverá durar 30 meses.

Economia

Para não perder tempo

Outro argumento usado para defender a proliferação de imóveis multiusos é o melhor e máximo aproveitamento do tempo. "Cada segundo vale ouro e no tamanho de cidade que vivemos hoje em dia, fica cada vez mais difícil se locomover", indica Elisabeth Ribeiro. Ela argumenta que as pessoas têm voltado a ter um hábito antigo que é trabalhar e morar em ambientes próximos. "Antigamente, o sapateiro, a costureira, tinham seu cantinho em casa para trabalhar. O multiuso é uma reedição dessa tradição, um conceito que evoluiu e agora também traz benefícios e segurança", elenca.

De acordo com ela, a forma como esses empreendimentos são pensados facilita a vida do usuário dessas unidades, pois os imóveis tendem a ficar próximos a bancos, supermercados, shoppings e outros serviços, sem o ônus do deslocamento.

Fator relevante, de acordo com a corretora de imóveis, seria a revitalização de áreas centrais, que atualmente não contam com moradores. "Existem até mesmo algumas regiões do centro e proximidades que estão deterioradas e um novo imóvel, do porte que costumam ser os multiusos, diminui o custo para a comunidade, pois há um ‘restauro’ da região, inclusive com a chegada de mais elementos que vão conferir segurança", defende.

Além do tempo e segurança, investidores indicam outra qualidade para os prédios de uso múltiplo: sinergia. "Além da praticidade, é uma obra que é autossustentável ou que tem vida própria. Os moradores e trabalhadores dão o respaldo para que o sistema de serviços instalado lá se mantenha", diz Gustavo Kosnitzer.

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A tendência dos lançamentos nos bairros da região central de Curitiba é oferecer, além de área residencial, salas comerciais e para oferta de serviços. São os edifícios de uso misto que têm, como público-alvo, jovens, casais e executivos que estão na cidade a negócios. Aliar serviço, espaço corporativo e moradia é um movimento recente, mas que deve acompanhar os novos imóveis lançados no centro da cidade e bairros próximos, como Batel, Agua Verde e Centro Cívico.

"O setor imobiliário considera que a oferta desse tipo de empreendimento ainda vai aumentar, porque as pessoas estão procurando a facilidade de morar perto do trabalho e ter serviços próximos do lugar onde reside", comenta Elisabeth Ribeiro, proprietária da imobiliária Re/max Integral.

Por isso, a região central é ideal para receber esse tipo de empreendimento, pois, por natureza, oferece comércio, restaurantes e opções de lazer. "Não como fugir dessa região, até por causa do código de zoneamento da cidade. Isso acaba inviabilizando imóveis comerciais em outras áreas", comenta Gustavo Selig, presidente da Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imo­­biliário no Paraná (Ademi-PR).

Segundo ele, o mercado se mobiliza para que o zoneamento seja revisto para que, em outros bairros, possam ser construídos imóveis comerciais. "Mas, por enquanto, o movimento mais forte desse tipo de empreendimento vai ser no centro", analisa.

O diretor regional da Cons­­trutora Rossi, Gustavo Kosnit­­zer, avalia que o segmento ainda tem espaço na capital, porque o curitibano enxergou vantagens em aliar residência e trabalho. "Um fator para que esse negócio dê certo é que Curitiba abriga muitas empresas de fora e, quem vem de outra cidade para trabalhar, está optando por um empreendimento que facilite a vida dela, onde tudo que ela precisa esteja por perto", defende.

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A construtora, que é responsável pelo Universe Life Square, obra com destino multiuso no Batel, deve continuar planejando lançamentos parecidos. "Enquanto encontrarmos terrenos com boa localização, um terreno privilegiado, que fique nas áreas mais centrais e esteja perto de serviços, acredito que teremos público interessado tanto nas unidades residenciais quanto nas corporativas", fala. De acordo com ele, a atmosfera da vizinhança influencia: tem de ser em área central para oferecer comodidade ao usuário.

Panorama

A Ademi-PR ainda não sabe estimar quantos lançamentos desse tipo já existem em Curitiba. A pesquisa de mercado, solicitada pela associação, ainda não registra esse tipo de imóvel. "É uma novidade também para nós. A partir desse ano, imóveis multiusos entram na análise e a partir daí poderemos ter uma visão mais clara do que este nicho significa para Curitiba", aponta o presidente da entidade, Gustavo Selig.

Desafios legais

Em um imóvel onde estão conjugados interesses tão diversos, o desafio é conseguir unir os direitos e deveres das áreas residenciais e comerciais dentro do uma mesma convenção de condomínio. "Esse tipo de imóvel é fruto do crescimento das cidades. Por isso, é importante que os administradores se preocupem com uma convenção que dê conta dessa multiplicidade", indica a advogada Lourdes Rocha dos Santos. De acordo com ela, nesse caso, para manter a harmonia no local, é indicada a criação de subcondomínios para cada área distinta, dessa forma, cada parte da edificação tem seu regramento específico.

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