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Queda no número de unidades entregues e de alvarás de construção encerra ciclo do boom imobiliário | Antônio More/Gazeta do Povo
Queda no número de unidades entregues e de alvarás de construção encerra ciclo do boom imobiliário| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Os dados do mercado imobiliário de Curitiba não deixam dúvidas de que o setor vive um novo momento. As quedas no número de unidades entregues e de alvarás de construção emitidos nos três primeiros meses deste ano marcam o encerramento do ciclo do boom imobiliário e o início de um novo, bem mais comedido do que o vivenciado nos anos anteriores.

Entre janeiro e março de 2016, 2,2 mil certificados de conclusão de obras (Habite-se) foram emitidos na capital. O número é o menor dos últimos seis anos e 45% inferior à soma do mesmo período de 2013, trimestre no qual foi registrado o pico de entregas, de acordo com a pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa.

Até o final deste ano, a previsão é a de que, analisando-se apenas os apartamentos residenciais, 6,4 mil unidades sejam entregues pelas construtoras, 7,3 mil a menos do que em 2013. “O [ciclo do] boom está terminando. Tivemos dois momentos de crescimento neste período, de 2008 a 2010 e de 2011 a 2013, cujas últimas unidades estão sendo entregues agora”, aponta Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.

Com 480 unidades, o Santa Cândida foi o bairro que mais teve apartamentos entregues nos primeiros três meses de 2016. Segundo Araújo, o número é resultado do perfil dos empreendimentos da região: maiores e mais econômicos.

Lançamentos

Acompanhando o ritmo das entregas, o volume de alvarás para construção residencial emitidos no primeiro trimestre também caiu e atingiu seu menor patamar desde 2008. Naquele ano, 3,7 mil unidades foram licenciadas no período, contra 2,1 mil em 2016.

As incertezas da economia continuam sendo o fator que mais influencia esta retração, segundo os especialistas. Aliadas à dificuldade na obtenção do crédito imobiliário, não só para a compra, mas também para a construção dos empreendimentos, elas representam os principais entraves para a viabilização dos negócios, como aponta Felipe Sebben, gerente regional da PDG. “O setor da construção civil tem duas bases, que são a confiança e o crédito. Estamos esperando que passe este momento ruim, o retorno de um mercado saudável, para voltarmos a lançar”, acrescenta.

Jefferson Gomes da Cunha, diretor da Terrasse Engenharia e Construções, vê com certo otimismo a retração de tais indicadores por eles apontarem para um equilíbrio entre a produção e a demanda, ao contrário do excesso de oferta que havia até 2014.

Na contramão de alguns pares do setor, a empresa, que irá entregar cinco empreendimentos em 2016, tem outros quatro lançamentos previstos para este ano. “Estamos com lançamentos novos pensando no futuro, em quando o mercado melhorar, pois [este não é um produto] que se consegue repor de forma rápida”, aposta Cunha.

Estoque cai pelo quarto mês consecutivo e soma 9,1 mil unidades na capital

A retração no volume de unidades entregues e o aumento de 21% nas vendas dos apartamentos residenciais novos no primeiro trimestre de 2016, no comparativo com o igual período do ano passado, segundo dados da Ademi-PR, contribuíram para que o estoque caísse pelo quarto mês seguido em Curitiba.

Em março, 9.087 unidades estavam à venda, 18,7% a menos do que no igual mês de 2015, quando a oferta somava 11.189 imóveis.

Os apartamentos dos padrões econômicos (de R$ 170.001,00 a R$ 250 mil) e standard (de R$ 250.001,00 a R$ 400 mil) foram os que tiveram a redução mais significativa no estoque: 78,7% e 33,5%, respectivamente.

“A manutenção das campanhas promocionais por algumas empresas, aliada ao perfil dos imóveis entregues, muitos deles econômicos, permitem um volume maior de vendas [o que tem reflexos no estoque]”, explica Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.

Cenário

No curto prazo, em um cenário em que se mantenham as quedas do estoque e da oferta de novas unidades, mas no qual a economia melhore, os especialistas alertam para uma elevação do preço dos imóveis, decorrente da conhecia relação entre oferta e demanda.

Para a partir de 2017, Araújo prevê reajustes mais alinhados à inflação, mas ainda distantes dos registrados nos anos de euforia do mercado.

Em março, o preço médio do metro quadrado privativo dos apartamentos novos era de R$ 6.545,00, 5% superior ao do mesmo mês de 2015. A inflação oficial do período foi de 9,39%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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