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Tons pastéis e aproveitamento da luz natural no projeto de Maganhoto e Casagrande |
Tons pastéis e aproveitamento da luz natural no projeto de Maganhoto e Casagrande| Foto:
  • Na sala de reuniões, a decoração conta com a escultura de Marilene Ropelato na parede
  • A meia parede em vidro permite visibilidade das ilhas de trabalho
  • A designer de interiores Mônica Becker utilizou na decoração do ambiente corporativo elementos que remetem ao ramo de atuação da empresa
  • O estilo sóbrio e neutro norteou a proposta da arquiteta Kethlen Ribas Durski para unificar a decoração do escritório e sala de reuniões

Para muitos profissionais, o local de trabalho deixou de ser um ambiente sisudo, voltado apenas para a execução das tarefas diárias, e passou a reunir uma preocupação com as questões estéticas, além de funcionais. A arquiteta Kethlen Ribas Durski defende a ideia de trazer para o espaço corporativo um pouco do aconchego dos projetos residenciais, sem deixar de lado as características profissionais. "Pequenos toques, como uma planta ou um acessório decorativo, são suficientes para quebrar um pouco a dureza do ambiente comercial e deixar o local mais agradável ao trabalho. Em alguns casos, o funcionário pode até melhorar a produtividade, só de estar em um ambiente mais acolhedor."

A decoração deve ser planejada de acordo com o perfil do cliente, seja uma grande empresa ou um profissional liberal, mas com algumas diferenças. O escritório de um profissional liberal poderá imprimir mais a personalidade da pessoa que irá trabalhar naquele ambiente. "Podemos, por exemplo, projetá-lo no estilo clássico, com objetos e cores preferidas deste profissional, ou mesmo em um estilo mais contemporâneo e minimalista. Já o escritório de uma grande empresa, que abrigará gerentes de áreas ou mesmo diretores, deverá seguir, de preferência, a leitura dada à empresa, visto que a sala ocupada hoje por um diretor, amanhã poderá ter outra pessoa", explica o arquiteto Luiz Maganhoto. De maneira geral, a recomendação é que a ambientação obedeça a uma unidade, mas determinadas salas, como de diretores e gerentes, podem conter objetos pessoais e mesmo retratos de família, que personalizam e humanizam os ambientes.

Linguagem unificada

Reunir em um mesmo imóvel escritórios que atendem a diferentes setores e manter o padrão decorativo com uma mesma linguagem foram os principais desafios da arquiteta Kethlen, quando projetou o seu escritório, o do marido Junior Durski, chef de cozinha, e as salas administrativas dos restaurantes Durski e Madero, co­­mandados por ele. "São diferentes setores. Mesmo os restaurantes tem diferenças entre si, porque não seguem uma linha única de gastronomia. A aplicação de um papel de parede listrado, mais sóbrio e neutro, que por vezes aparece em apenas um detalhe do ambiente, foi utilizado para dar a ligação e unificar os escritórios das empresas, complementados por outros recursos que identificam cada espaço", conta a arquiteta.

O estilo contemporâneo da decoração mescla materiais nobres, como o espelho bronze e o piso em mármore na recepção – material resistente devido ao tráfego mais intenso na área –, com o uso da madeira no piso e em painéis nos escritórios e na mesa da sala de reunião, elementos que trazem uma sensação mais acolhedora e aconchegante. A luminotécnica tira partido da luz natural e é complementada pela iluminação pontual, com balizadores no corredor de acesso e lâmpadas embutidas em alguns pontos, co­­mo no painel em madeira alinhado à parede na sala de reunião, dan­­do a sensação de estar suspenso. A presença de lustres decorativos nas salas pessoais e de reunião chamam bastante a atenção e quebram a seriedade com um toque de glamour.

Identidade da empresa

O ambiente corporativo de uma indústria do setor alimentício projetado pela designer de interiores Mônica Becker recebeu elementos que remetem ao ramo de atuação da empresa. Para a recepção, a designer projetou um painel iluminado por dentro, composto de fotos que formam um mosaico e contam a história da entidade, desde sua primeira sala de trabalho, a primeira plantação, todo o processo de cultivo até o envase.

Na sala de reuniões, a decoração enfatiza as cores da marca, com valorização do tom verde da azeitona e da plotagem nos vidros laterais, feita a partir de uma imagem do oliveiral da própria empresa. "O recurso da plotagem é interessante porque personaliza o espaço e pode ser explorado por outros profissionais, em diversos ramos, porque não pesa na decoração e mostra o segmento de atuação de cada um. É um recurso de comunicação visual muito utilizado, que reforça o conceito ou a marca, tem baixo custo de aplicação e é fácil de mudar", sugere Mônica Becker.

O espaço, utilizado em especial para receber clientes, ganhou um painel em madeira com prateleiras que deixa à mostra alguns produtos e propicia de imediato o contato visual para a assimilação de rótulos e embalagens. Mônica ressalta a presença da iluminação pontual e de pouca intensidade, que destaca a mercadoria sem agredir os olhos. "O projeto luminotécnico como um todo é extremamente importante e deve ser desenvolvido por um especialista. Tudo tem de ser analisado, como a metragem quadrada do ambiente e a altura do teto."

Funcionalidade

O arquiteto Luiz Maganhoto considera a adaptação de um espaço já existente um dos maiores desafios ao se projetar um ambiente corporativo. Depois de estabelecido o layout, é preciso definir os pontos elétricos, de informática, telefone e as circulações, que devem permitir um fluxo tranquilo entre os profissionais de cada setor. "Se possível, a proposta deve ser de um layout flexível, que possa ser alterado em caso de acréscimo ou supressão de ilhas de trabalho", ressalta Maganhoto.

Um projeto do arquiteto, em conjunto com o designer Daniel Casagrande, transformou um empreendimento residencial de seis pavimentos em um espaço para abrigar três empresas de um conglomerado de informática. A sala do gerente tem teto mo­­dulado, que permite a inspeção dos cabeamentos de informática que passam sob a laje. O detalhe de vidro em meia parede permite a visibilidade das ilhas de trabalho.

O bom desempenho das funções realizadas no ambiente se devem a elementos como conforto técnico, luminotécnico, ergométrico e de circulação. Armá­rios, estantes, gaveteiros devem ser es­­pecificados no projeto e não po­­dem se tornar um empecilho no ambiente. Luminárias de me­­sa, em colunas e abajures podem criar efeitos especiais ou se transformar em iluminação de tarefa, se necessário. Telas, esculturas e objetos precisam interagir com as áreas de trabalho, cores e ilu­mi­­­nação, complementando o conjunto.

"Talvez um dos componentes de maior importância em um projeto corporativo de interiores seja a iluminação, porque garante o conforto visual e reflete na produção e concentração dos colaboradores. Uma iluminação mal distribuída pode provocar fadiga visual, tensão e desconforto. Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a frequência de piscar aumenta. Em grau mais avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional", adverte o arquiteto.

O sistema de iluminação, assim como a escolha do tipo de lâmpadas, luminárias e a distribuição das peças, depende das características do projeto que, de acordo com Maganhoto, divide-se basicamente em três tipos. A primeira é a iluminação geral, obtida pela colocação regular de luminárias em toda a área, garantindo um nível uniforme de luz sobre o plano horizontal. A iluminação localizada concentra maior intensidade próximo aos locais em que são executados os trabalhos e tem me­­nor incidência de luz no am­­biente geral. Por fim, existe a iluminação combinada, na qual a luminosidade geral é complementada por focos de luz sobre os locais de tarefa, com intensidade de três a dez vezes superior ao do ambiente geral.

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