O mercado imobiliário está prestes a fechar mais um ano com uma soma de fatores bem conhecida: lançamentos dos mais diversos tipos, crédito farto e prazos de pagamentos a perder de vista. Uma tentação, não fosse o preço dos imóveis. Se, por um lado, os especialistas em finanças apontam que comprar ainda é possível, por outro, alertam: a negociação exige muito mais malabarismo.
Em dois anos, o custo médio de um apartamento novo subiu 39% em Curitiba. O que não significa que se deva correr para comprar. Especialistas afirmam que os preços dos imóveis na capital paranaense chegaram a seu patamar máximo e que devem se estabilizar entre seis meses a dois anos. Por isso, a decisão depende da necessidade e perfil de cada comprador.
Para ajudar o leitor em meio ao turbilhão de possibilidades, conversamos com especialistas que indicam o melhor processo de compra para três perfis: solteiros, recém-casados (ainda sem imóvel) e casados com filhos (que já tem um imóvel, mas querem mudar). Confira:
Casais
Para os novos casais que procuram seu primeiro imóvel, uma boa notícia: "Todos os cálculos demonstram que a constituição de um patrimônio começa com força a partir do casamento. A lógica é bem simples: as receitas aumentam, enquanto as despesas se mantêm as mesmas ou se alteram muito pouco. Se um jovem casal, que pretende se casar em breve, morar com os pais, melhor ainda. Eles podem formar uma poupança conjunta, pensando principalmente no valor que precisam dar de entrada", aconselha o economista e diretor da Brain Fábio Tadeu Araújo.
Porém, constituir este patrimônio exige disciplina e uma rigidez quase militar. "Recomendo o que chamo de poupança forçada, que é comprar um terreno ou fazer um consórcio, por exemplo. Algo em que você é obrigado a poupar. Depois, usa-se este bem ou carta de crédito para dar a entrada no imóvel desejado. É que, embora uma pessoa que more com os pais possa economizar entre 30% ou 40% do salário, o que percebo é que ela geralmente só poupa 10%, por hábitos econômicos errados", diz o especialista em engenharia financeira Altemir Farinhas, da consultoria Equilíbrio Financeiro.
Casais com filhos
Você já possui um imóvel, mas sente que é hora de mudar para dar mais conforto à família. Não há segredo: segundo Altemir Farinhas, a dica é usar o valor de sua atual casa como entrada para a nova compra. "Mas é importante que ela valha ao menos 30% da nova", diz. Na hora da compra do segundo imóvel, não há como deixar de lado questões essenciais para a família. A principal é a localização: escola para as crianças, proximidade do trabalho, serviços de conveniência e clínicas médicas na região são fatores indispensáveis para evitar uma compra que gere despesas futuras insustentáveis.
O preço médio das unidades residenciais de três quartos lançadas em 2011 é R$ 458 mil, enquanto as de quatro dormitórios estão na faixa de R$ 1,5 milhão. Para financiá-las, somente optando por linhas de créditos com juros mais altos. A partir de R$ 500 mil, os juros partem de 8% ao ano.
Se os valores de imóveis novos estiverem além do que a família pode gastar, é bom considerar os usados e as regiões mais periféricas, mas com boas opções de serviços.
Solteiros
Está pensando em deixar a casa dos seus pais? Então avalie bem as suas necessidades. Segundo o consultor de investimentos e finanças pessoais Raphael Cordeiro, da Planejadores Associados, nem sempre comprar é a melhor solução. "Vamos imaginar um jovem que está entrando no mercado de trabalho. Ele pode ser relocado para outra cidade a qualquer momento. Às vezes o jovem tem um futuro tão incerto que a locação é a melhor saída."
Mas se comprar for mesmo a primeira opção é bom planejar uma boa entrada para conseguir financiamentos mais baratos. "De 30% a 50% do valor do imóvel seria o ideal. Mas dá para se pensar em, pelo menos, 10%", diz Altemir Farinhas, da consultoria Equilíbrio Financeiro.
E para juntar este dinheiro não dá para dispensar uma mãozinha dos pais. "Quando ainda se está na casa deles, pode-se economizar até 40% do salário pensando nesta finalidade", diz Altemir Farinhas.
Se o solteiro tiver boa disciplina econômica e pouca pressa, vale a pena fazer as economias renderem em uma aplicação mais substancial, como o Tesouro Direto. Mas se a ideia for comprar em menos de cinco anos (o que geralmente acontece) a caderneta de poupança ainda é a solução mais segura.
A maior dificuldade para os solteiros que procuram seu primeiro imóvel são os preços atuais. Os apartamentos de um dormitório tiveram uma das maiores altas nos últimos anos. De 2009 para cá, foi de 30,6 %. Hoje, o preço médio de um imóvel deste tipo é R$ 200 mil valor que só é coberto por linhas de financiamentos com juros mais altos, acima dos 8%.
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