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Incorporadoras apostam em torres de unidades compactas, mas é preciso planejar ocupação heterogênea, com apartamentos de maior metragem | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Incorporadoras apostam em torres de unidades compactas, mas é preciso planejar ocupação heterogênea, com apartamentos de maior metragem| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Verticalização precisa de planejamento, diz Ippuc

Presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Sérgio Pires diz que o movimento de ocupação do Centro deve ser equilibrado. "Se as pessoas moram ali mas têm atividades em outras regiões, os benefícios para a cidade são menores. Quando o morador do Centro trabalha, estuda e faz suas compras nessa região, a ocupação cria uma dinâmica positiva, com menor impacto de trânsito em outras áreas do município", exemplifica.

Ele defende que a verticalização seja bem planejada. "Torres residenciais no Centro são bem vindas quando não atrapalham o acesso ao sol, não invadem a privacidade, não amplificam a poluição sonora e não ficam no entorno de bens culturais."

Pires diz que as mudanças urbanísticas ocorrem a partir da confiança nas ações do poder público e parceria com a iniciativa privada. "São muitas as medidas para tornar o Centro melhor e mais seguro, levando a população a ver a região como alternativa de moradia."

Diego Filardi, diretor da Thá, observa que em várias cidades do mundo o movimento de revalorização do Centro vem acontecendo em ciclos. "Estamos atentos a esta tendência mundial e monitorando oportunidades na região", diz o executivo da incorporadora que, entre 2012 e 2013, lançou dois empreendimentos na região da Rua Riachuelo e outro, de perfil misto, próximo à estação rodoferroviária.

"Acreditamos na viabilidade técnica e financeira para implantação de produtos de perfis mais variados, à medida que a região esteja apta para novos investimentos", explica.

Experiência

"Quase não usamos o carro"

A fisioterapeuta Janaína Ceni diz que morar no Centro é "tudo de bom". Para ela, o marido e o filho, a vida no apartamento da Rua Riachuelo é tranquila. "Estamos aqui há 17 anos", conta. "Não preciso do carro para quase nada", relata a fisioterapeuta. Ela usa o carro somente para ir ao trabalho, enquanto o marido usa transporte público. Como a área de lazer do prédio é pequena, Janaína leva Miguel ao Passeio Público e a outras praças próximas.

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Liderando a oferta de apartamentos à venda em Curitiba, a região central vive um momento de mudanças. Além de concentrar quase duas mil unidades em oferta, o miolo da capital começa a receber uma grande leva de moradores, resultante da entrega dos empreendimentos lançados entre 2009 e 2011. São jovens profissionais solteiros, casais sem filhos e estudantes, que habitam apartamentos com menos de 60 metros quadrados.

INFOGRÁFICO: Confira a oferta de apartamentos em cada região da cidade

Citando exemplos de grandes metrópoles que encontraram soluções para revitalizar áreas degradadas, urbanistas afirmam que a ocupação do Centro é benéfica para a cidade. Mas, para que a requalificação seja completa, é preciso criar uma nova onda de moradores, com perfil mais heterogêneo, comenta Orlando Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura do Paraná (Asbea-PR). "As incorporadoras devem apostar em produtos para famílias", indica.

Ribeiro diz que lançamentos de prédios com apartamentos maiores gerariam um segundo ciclo de moradores e resultados melhores para a cidade. "Famílias com filhos criam novas demandas em comércio e serviços, e também sobre o uso e qualificação de espaços públicos para lazer", analisa.

Segurança

Sérgio Póvoa Pires, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), diz que habitação no centro é "algo muito desejado" pela administração municipal. "Isso aumenta a segurança. A região central precisa ser ocupada 24 horas por dia", observa.

O presidente da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, confirma: há demanda por apartamentos com dois ou três dormitórios na região central. "A pesquisa traz esse dado", diz. Segundo ele, as incorporadoras "estão olhando" para o segmento.

O mercado considera algumas partes do Centro como potenciais para esse tipo de empreendimento. "O alto do São Francisco, por exemplo, é uma região belíssima, que comporta produtos com perfil familiar. Parte da Avenida Visconde de Guarapuava também", observa. Selig acredita que é uma questão de tempo para que esses empreendimentos surjam no cenário.

Oportunidades

João Auada, executivo da Tecnisa, afirma que a empresa está atenta a oportunidades para empreendimentos com apartamentos maiores no Centro. "Lançamos o HUB, que tem unidades de 2 dormitórios e lazer completo. São apenas seis por andar, em planta com dimensões planejadas para a ocupação confortável de famílias, sejam casais com filhos pequenos ou casais mais velhos sem os filhos em casa", observa. Auada acredita que a viabilidade para novos prédios está nas regiões centrais vizinhas a bairros residenciais valorizados, como Batel, Alto da XV e Alto da Glória. "Projetos bem conceituados nessas áreas podem despertar o interesse", afirma o executivo.

Viabilidade

Diego Fillardi, diretor da Thá, diz que a mecânica que viabiliza um empreendimento a partir da conta de aproveitamento do uso do solo aponta condições para produtos de metragens elevadas na região central de Curitiba. "Mas é o poder público, com programas e políticas adequadas, quem fomenta diretamente o desenvolvimento das zonas centrais em determinada direção", ressalta. De acordo com ele, a política atual prioriza pequenos espaços, o que tende a levar os agentes do mercado a privilegiar este tipo de produto.

Responsável pela maior parte dos apartamentos com até 64 metros quadrados lançados no Centro nos últimos cinco anos, a Invespark tem cerca de mil unidades desse tipo em produção no momento. A incorporadora já entregou quatro empreendimentos com o mesmo perfil, somando 1,2 mil compactos residenciais entregues. Com um histórico de sucesso de vendas, sendo 50% da comercialização direcionada para investidores, a Invespark não deverá mudar tão cedo o padrão de produtos, diz Eduardo Quiza, diretor da empresa. "Temos algumas unidades com dois dormitórios e até duplex, mas o número de famílias em nossos prédios não é significativo", indica.

Ele aponta o tamanho reduzido dos terrenos no Centro como um dos empecilhos para empreendimentos com apartamentos grandes. "Prédios para famílias precisam de áreas maiores de lazer".

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