O volume anterior era decorrente de um processo de excesso de oferta devido à uma grande demanda reprimida. Agora, a ela está voltando ao equilíbrio
Após meses de queda, o estoque de apartamentos residenciais novos atingiu, em janeiro, seu menor volume dos últimos cinco anos, com uma oferta que ficou abaixo das 10 mil unidades. Neste mês, 9,6 mil imóveis estavam disponíveis para venda em Curitiba, o que fez com que o índice também fosse o menor registrado desde dezembro de 2011, quando 10,7 mil apartamentos aguardavam por um comprador na capital.
Os dados, levantados pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa, apontam, ainda, para uma retração de 13,7% na oferta no comparativo com janeiro de 2015.
O esforço das construtoras na comercialização das unidades prontas ou em fase de obras, inclusive por meio de ações de vendas, é apontado pelos especialistas como um dos fatores que contribuíram para a redução do estoque. “As empresas focaram bastante energia nisto em busca de liquidez, pois, na medida em que se tem estoque grande de obra pronta, o capital fica ‘parado’ na prateleira, diminuindo o poder de renovação das obras”, explica Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge.
Esta diminuição na renovação das obras, traduzida na queda de novos lançamentos para repor a oferta, é outro ponto que contribuiu para a redução do estoque na cidade. Entre janeiro e dezembro de 2015, 2,6 mil unidades foram colocadas à venda na capital, 32% a menos do que no mesmo período de 2014.
“O desaquecimento econômico de forma geral reflete sobre o menor número de lançamentos, pois o processo de retração do acesso ao crédito traz mais dificuldade para a produção. Da mesma forma, a indefinição do cenário político fez com que muitos incorporadores adiassem os lançamentos”, aponta Marcos Kahtalian, consultor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.
Expectativa
A redução do estoque à venda foi bem recebida pelo setor, que vê neste movimento um cenário de retomada do equilíbrio entra a oferta e a demanda e de estímulo para uma nova “safra” de lançamentos imobiliários. “O volume anterior era decorrente de um processo de excesso de oferta devido à uma grande demanda reprimida. Agora, a ela está voltando ao patamar de equilíbrio, o que é bom, pois faz com que o preço não sofra variações grandes nem para cima ou para baixo”, avalia Kahtalian.
Para o diretor de incorporações da Invespark, Eduardo Quiza, o estoque ainda está um pouco acima do que seria o desejável para o atual momento do setor. “Nosso mercado tem um ciclo muito longo. Entre a expectativa de melhora, a compra do terreno, a aprovação do projeto e o lançamento temos, pelo menos, doze meses. Então, diria que o mercado ainda deverá continuar experimentando a redução do estoque por conta da falta de reposição em 2016”, projeta.
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