Em casa
Apartamentos "de época" merecem atenção
O retrofit também pode ser usado em apartamentos residenciais antigos nos quais a divisão de cômodos não está adequada ao uso atual. "Vemos alguns casos onde há banheiros e quartos, mas o imóvel não oferece a opção de suítes, que são muito buscadas atualmente. Ou locais onde, para ir ao banheiro, é preciso atravessar toda a sala", comenta a técnica em decoração Rosi Guelmann, do escritório RG Arquitetura e Design. Ela já coordenou diversas mudanças em apartamentos antigos. A remodelação as estrutura anima os proprietários: "Às vezes o apartamento ou casa é grande, com muitas divisórias, sala de jantar, sala de estar, sala de estar íntimo e outros cômodos que hoje em dia não são utilizados com frequência. Hoje, uma sala mais ampla, que conecte os espaços, é mais interessante", comenta.
Ela indica que os proprietários e moradores de imóveis mais antigos têm de pensar na reforma depois de refletir sobre o uso de cada espaço. "É preciso preocupar-se e ver o uso de cada espaço, que, se estiver sendo subutilizado, pode ser reaproveitado", diz. Além do bem-estar proporcionado aos moradores, uma atualização do imóvel pode representar até 30% de valorização nos preços de aluguel e venda, de acordo com a arquiteta Belisa Guelmann.
Conceito
Mais que reformar, o retrofit diz respeito a customizar e adaptar as construções e sua infraestrutura para que fiquem condizentes com o uso. Costuma ser feito em antigos edifícios, para aproveitar a estrutura e a localização desses empreendimentos.
30% é a média
de valorização do preço para locação e venda de um imóvel "retrofitado", de acordo com a arquiteta Belisa Guelmann.
Prédios e construções com mais de 15 anos costumam precisar de reformas. Arquitetos e profissionais do ramo da construção civil passaram a pensar em mais do que na melhoria do imóvel, mas também na readequação do uso desses espaços, que pode inclusive mudar a vocação dos espaços. Um antigo quartel vira centro de compras e um prédio antes residencial, bem localizado, pode se transformar em um empreendimento comercial.
"Quando falamos em retrofit, estamos querendo falar sobre novo uso e ocupação para um imóvel que está sendo reformado e que poderá ser modificado para acompanhar tendências mercadológicas e comerciais", comenta o arquiteto Manoel Dória, do escritório de arquitetura Dória Lopes Fiuza Associados. Ele explica que as construções e a tecnologia empregada nelas tem um tempo de vida útil e que depois de um tempo de existência é preciso renovar as tecnologias utilizadas.
Há cerca de dez anos, os arquitetos começaram a pensar que esses espaços podem ser recuperados e, mais do que isso, transformados para novas utilizações. "Percebe-se que alguns terrenos, ocupados com grandes construções, podem ser transformados para novas utilizações. Alguns prédios antigos, que estão nas melhores localizações do centro da cidade não precisam ser necessariamente, demolidos para a construção de uma nova obra. Mas pode-se utilizar essa base para reinventar o espaço, tanto na parte estética quanto no uso dos mesmos", diz Dória.
Para a arquiteta Belisa Guelmann, da RG Arquitetura e Design, o retrofit significa uma atualização do modo de vida. "A tecnologia nos permite economizar e utilizar a estrutura de prédios mais antigos que já está disponível e pode ser atualizada, fazendo com que o espaço seja atualizado e otimizado", diz.
Para ela, o retrofit será tendência porque o envelhecimento dos empreendimentos verticais, em Curitiba, está em processo inicial. "Os prédios mais antigos são os mais bem localizados. Com a tendência de falta de terrenos nas regiões mais procuradas, veremos cada vez mais a reutilização das edificações de acordo com a necessidade atual", aponta.
Na prática
A área central de Curitiba apresenta dois exemplos claros de reutilização de espaços aproveitando estruturas antigas. Os shoppings Estação e Curitiba foram construídos a partir estruturas antigas de uma estação ferroviária e um quartel, respectivamente. "Nesses locais, podemos ver com clareza a reutilização do espaço, o aproveitamento da estrutura antiga, que costuma ser bem reforçada, para novos usos. Isso também tem a ver com a sustentabilidade, porque não é necessário destruir para construir algo novo", argumenta Dória.
"Além de dar uma nova leitura para o espaço, é possível atualiza-lo, deixando a obra de acordo com as normas e técnicas vigentes atualmente", completa. Outro exemplo de retrofit, que pode ser utilizado mesmo em prédios mais recentes, é a transformação do espaço antes destinado a eventos, no shopping Estação, em salas comerciais. "A mudança está de acordo com a necessidade atual, que é a de espaços corporativos. E o retrofit é isso mesmo, é buscar a melhor utilização para um espaço que já está disponível e que não pode ficar parado", aponta.
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