A atenção especial à ergonomia e ao conforto nos móveis de escritório é o fator que mais chamou a atenção dos arquitetos Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande, do escritório Maganhoto & Casagrande Arquitetos Associados. Eles visitaram a 42ª edição da NeoCon, feira de mobiliário realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Segundo os arquitetos, o design norte-americano se distingue muito do europeu pela preocupação maior com essas duas características em detrimento da beleza das peças. Eles apontam para a importância de profissionais da arquitetura e do design visitarem a exposição, que foi realizada no mês passado, no Merchandise Mart Chicago, e comportou ainda exposição de novos designers máquinas para a área moveleira, tecidos e carpetes inovadores e antichamas. "No caso do Salão de Milão, as composições apresentam muito cuidado com a tecnologia, a plástica e a estética. Essa viagem à NeoCon nos permitiu rever conceitos de ergonomia e sociabilidade. Para os americanos, o glamour está em produzir móveis que permitam que seus usuários sejam os melhores", explica Maganhoto.
A ideia de "ser o melhor em tudo", para produzir cada vez mais e com qualidade, é bastante difundida na maioria dos móveis expostos quase todos da Califórnia e de Nova York , segundo os arquitetos.
Cadeiras que se adaptam a qualquer funcionário e que permitem a postura adequada, lounges para reuniões mais descontraídas e até móveis com laminado plástico, para que as ideias sejam escritas ali mesmo, sem preocupações com papel e caneta, são alguns exemplos desse comportamento. "Eles acreditam muito na sociabilidade, interação entre as pessoas, na troca de ideias para o desenvolvimento", diz Maganhoto. "O norte-americano quer oferecer o melhor ambiente de trabalho ao funcionário, para que ele desempenhe bem sua função e gere resultados à empresa. Essa política de interesses acaba favorecendo o ser humano, conferindo a ele melhores condições de trabalho", completa.
Interação
Um dos exemplos destacados pelos dois arquitetos na interação almejada nos escritórios é uma criação da Nucraft Furniture Co.: ilha para palestras ou reuniões para poucas pessoas. Ela comporta um sofá em formato de meio-círculo, com pequenos apoios em alguns pontos, um quadro para escrever, tevê e espaço para que o palestrante use toda a estrutura sem atrapalhar a visão dos espectadores. "O resultado é um conjunto plasticamente resolvido em um espaço compacto", avalia Maganhoto.
O espaço Campfire, da nova-iorquina Steelcase, Inc., é outro destaque inovador, na opinião dos dois arquitetos. O ambiente, que pode funcionar como o lounge de um hotel, abriga várias pequenas reuniões, delimitadas por um tapete, divisórias ou mesmo um pequeno biombo. "Vendo essas composições, percebemos que eles querem se desfazer da ideia das reuniões em salas fechadas e adotar a interação entre pessoas de diferentes áreas", ressaltam.
Outro destaque tecnológico para o conforto no trabalho, segundo eles, é o dispositivo robótico desenvolvido pela Okamura Corporation, que permite a regulagem de cadeiras, mesas e apoios para laptops.
A cadeira Chakra, assinada pelo designer egípcio Karim Rashid, também chamou a atenção de Maganhoto e Casagrande, por se diferenciar da maioria dos produtos da exposição e aliar design à ergonomia. "Ele estudou a necessidade de despertar e estimular alguns pontos do corpo humano e eliminar tensões por meio de uma estrutura aérea e leve, que interage diretamente com sua função", explica Maganhoto.
Aspecto residencial
Maganhoto e Casagrande perceberam outra característica na NeoCon que segue a ideia do maior conforto possível no ambiente de trabalho: móveis de escritório sem o aspecto típico. Para isso, a madeira natural é misturada ao aço, para suportar grandes vãos em mesas e estantes.
Os destaques são o ambiente criado pela Halcon, com mesa de duas lâminas de madeira, separadas por um vão e sustentadas por aço, e estante com lâminas curvadas e finas, e a sala de conferência da coleção Site, da Davis Furniture Industries, Inc., com uma mesa redonda e grande, com tampo fino em madeira. "Essas formas levemente desenhadas compõem arranjos elegantes e esbeltos", diz Maganhoto.
A aplicação da madeira confere mais aconchego aos móveis de escritório, dando aspecto de casa aos itens. "Ao ver o trabalho como uma extensão da casa, o funcionário sente-se bem. Isso permite uma melhor produção, fator importante nas criações norte-americanas".
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