Apesar de os financiamentos terem caído quase pela metade no 1º semestre de 2016 – em relação ao mesmo período de 2015 –, o setor acredita na retomada do mercado.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Um dos principais pilares do mercado imobiliário, o financiamento de imóveis viu o volume de crédito concedido com recursos da caderneta de poupança cair quase pela metade nos primeiros seis meses de 2016, em comparação com o mesmo período do ano passado.

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De janeiro a junho, R$ 22,6 bilhões em crédito foram contratados junto às instituições financeiras para financiar 101 mil imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Durante os iguais meses de 2015, o montante somou R$ 44,8 bilhões e financiou 200 mil unidades. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

A escassez dos recursos da caderneta, que fechou o semestre com saldo negativo de R$ 34,7 bilhões, é um dos fatores que justificam a retração dos financiamentos dentro desta linha de crédito. Outro ponto levantado por Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), refere-se ao agravamento da situação econômica do país no período.

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“A crise começou de verdade por volta de abril e maio de 2015, mas o primeiro quadrimestre havia sido bom. Então, estamos comparando quase dois extremos, pois tanto estivemos no fundo do poço no começo de 2016 quanto o começo do ano passado foi bom”, avalia.

O real problema do mercado imobiliário é não ter crédito disponível. Portanto, essas medidas da Caixa evidenciam uma possibilidade de retomada do segmento.

Fábio Tadeu Araújodiretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.

No ano

Analisando-se somente os números de 2016, o cenário é mais positivo e aponta para uma leve melhora na contratação do financiamento imobiliário pelo SBPE.

O comparativo entre o primeiro e segundo trimestres do ano, por exemplo, apresenta uma alta de 7% no volume de crédito contrato, que passou de R$ 10,9 bilhões para R$ 11,7 bilhões, respectivamente.

No mês de junho, os financiamentos para a compra ou construção do imóvel somaram R$ 4,3 bilhões, 9,5% a mais do que os R$ 3,9 bilhões registrados em maio.

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“Estamos em um momento difícil para o mercado, mas alguns indicadores já mostram sinais positivos. Vemos [um grau de] confiança maior, principalmente no longo prazo, e uma luz no fim do túnel começa a aparecer. Esperamos que isto se amplie para outros indicadores”, pontua Luiz Fernando Moura, diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Indicador

Tal melhora da confiança é demonstrada, inclusive, pelo Radar Abrainc-Fipe, segundo o qual a nota do indicador saiu de zero para 0,4 no comparativo entre os meses de dezembro de 2015 e de maio deste ano.

Realizado pela Abrainc em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o estudo reúne doze indicadores, agrupados em quatro dimensões, aos quais são atribuídas notas de zero (condições desfavoráveis) a dez (condições favoráveis).

De acordo com o mesmo levantamento, o mercado imobiliário atingiu, em maio, seu pior momento desde 2004.

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Mudanças no financiamento da Caixa são promessa de novo fôlego para o setor

As novas medidas adotadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) que evolvem a oferta de crédito e a mudança nas regras do financiamento imobiliário devem trazer um novo fôlego para o mercado imobiliário.

Desde a última segunda-feira (25), o banco estatal elevou de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões o teto do financiamento de imóveis pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), linha de crédito destinada a unidades com preços acima de R$ 750 mil. A cota financiável também subiu de 70% para 80% para a compra de imóveis novos (além de construção em terreno próprio, aquisição de terrenos e reforma ou ampliação) e de 60% para 70% para as unidades usadas.

Nesta data também foi lançado um pacote de crédito no valor de R$ 10 bilhões. As linhas são válidas para imóveis enquadrados no SFI e no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com preços de até R$ 750 mil.

O diretor da Abrainc, Luiz Fernando Moura, também avalia positivamente as medidas. Segundo ele, agora será preciso ver se as taxas de juros serão atrativas e se os tomadores de crédito terão confiança para contratar os recursos. “Acredito que possamos assistir nos próximos meses a melhora desses fatores macros e que isso tenha um impacto positivo no ambiente do setor”, acrescenta.

Este é mais um indicativo claro de que, se nada de extraordinário acontecer, o pior ficou para trás. O real problema do mercado imobiliário é não ter crédito disponível. Portanto, essas medidas da Caixa evidenciam concretamente uma possibilidade de mudança, de retomada do segmento.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]