Recursos
Problema persegue os pequenos construtores
A falta de dinheiro na hora de finalizar uma obra também acompanha construtoras que costumam trabalhar com recursos próprios. Esse foi o caso de Ubirajara Delloso, que está na fase final da construção de um prédio residencial no bairro Água Verde. "O custo de mão de obra está muito alto. Como a demanda é grande, os salários subiram bastante. O planejamento inicial para a construção do empreendimento ficou comprometido", explica.
Para garantir o prazo de entrega e a liberação do Certificado de Vistoria de Conclusão de Obras (CVCO), o Habite-se, ele recorreu a uma linha da Barigui Financeira específica para construção.
"Pagarei juros de 2,15% ao mês, mas consegui negociar com os fornecedores por ter dinheiro no bolso e tive carência de três meses para começar a pagar", comenta.
Material
Conheça algumas linhas de crédito disponíveis nos bancos para a compra de material de construção
Construcard
Linha de crédito destinada à aquisição de materiais de construção, inclusive armários embutidos, piscina, elevador e aquecedor solar, mediante a apresentação de um projeto. As compras são efetuadas nos estabelecimentos comerciais credenciados pelo banco por meio de cartão específico e a taxa de juros é de 1,57% ao mês mais TR. O valor mínimo é de R$1.000 e o máximo depende da capacidade de pagamento aprovada para o cliente. O usuário tem de dois a seis meses para utilizar o crédito e nesse período paga somente os encargos. O prazo máximo de amortização é de 60 meses.
BB Crédito Material de Construção
É um crédito consignado para clientes do Banco do Brasil, contratado por meio de lojas conveniadas, que também sejam clientes da instituição e tenham as máquinas do Visa (crédito ou débito). É possível comprar materiais de construção básicos, acabamentos e armários planejados. O prazo para pagamento é de dois a 60 meses e a taxa de juros varia entre 1,66% e 3,13% ao mês mais TR, dependendo do valor e do prazo. O valor mínimo é de R$ 70 e o máximo de R$ 50 mil.
Anamaco/Bradesco
É uma linha de financiamento voltada à aquisição de materiais de construção nas lojas credenciadas a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). Conhecida como "CDC João de Barro", a linha viabiliza apenas a compra de materiais de construção, dos básicos ao acabamento. O valor mínimo é de R$ 500 e o máximo varia conforme a análise de crédito. O usuário tem até 48 meses para quitar e a taxa de juro varia de 1,89% a 3,79% ao mês mais TR.
Fonte: Banco do Brasil, CEF e Bradesco.
Antes de começar a construir, o ideal é planejar os gastos de cada etapa da obra. Mas não são poucos os casos em que o planejamento não é feito corretamente ou simplesmente sai do controle e a consequência é o aperto financeiro na hora de finalizar a construção. Para quem tem tempo disponível e pode esperar, o ideal é juntar dinheiro para depois tocar a obra até o fim. Mas esses casos são raros. "Por vezes vale a pena recorrer a uma linha de crédito, com juros baixos, para comprar material, finalizar a obra e sair do aluguel", diz a professora do curso de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioste) e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-PR), Mirian Beatriz Schneider Braun.
Ela recomenda fugir dos crediários em lojas e do cartão de crédito que normalmente têm juros mais altos. "Pesquisar várias linhas e comparar antes da contratação é o melhor conselho. Outro ponto importante é saber que uma obra sempre sai pelo menos 30% a mais do que o previsto", diz Mirian.
Entre os itens que mais oneram a finalização de uma casa estão os materiais de acabamento, revestimentos de piso e parede, metais sanitários, portas e fechaduras, gesso, entre outros. "Além de serem produtos mais caros, a mão de obra é bem específica e cara", lembra a secretária executiva, Isabel Servat da Costa, que concluiu a construção de um sobrado no fim do ano passado.
A família havia feito um financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal (CEF) para a construção da residência. Nessa modalidade o banco libera o dinheiro assim que se conclui uma etapa da construção. "Eram cinco etapas e na quarta notamos que faltaria dinheiro para a finalização", diz Isabel. "Nós resolvemos mudar o revestimento externo de tijolinho à vista para pintura com grafiato. Com isso, a obra encareceu cerca de 20%", contabiliza.
A saída foi aderir ao Construcard, linha de crédito da CEF para a compra de material de construção e móveis, que somou R$ 1,1 bilhão emprestado de janeiro a março de 2010, com 89.386 contratos assinados no país.
"Optei por materiais de qualidade superior, como o porcelanato no lugar do carpete nos quartos. O investimento foi maior, mas o sacrifício nos próximos cinco anos, até quitar os financiamentos, valerá a pena, porque tenho a casa do jeito que sonhei", completa.
A professora e coordenadora do Laboratório de Orçamento Familiar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, aconselha a não escolher materiais de qualidade inferior como forma de economia. "Quem está no meio do orçamento e se vê com as finanças comprometidas precisa pensar em finalizar a casa para ir morar ainda que acampado. As prioridades são cozinha e banheiro, mas se a casa tem três banheiros, pode-se optar por finalizar um bem caprichado e deixar os outros para depois", diz.
Crédito
O Bradesco (em parceria com as lojas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, a Anamaco), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF) estão entre as instituições que oferecem linhas de crédito específicas para a compra de material. Com um valor inicial de R$ 70 e máximo passando os R$ 50 mil, as linhas oferecem prazos de amortização de até 60 meses e taxas de juros entre 1,57% e 3,79% ao mês (leia mais no quadro ao lado).
Quando colocou na ponta do lápis os gastos extras que teria com a finalização da obra de sua casa, o funcionário público Marcos Vinícius Kogitski percebeu que as economias que ainda restavam não seriam suficientes. Resolveu procurar uma linha de crédito para a compra de materiais de construção diretamente na loja. "Descobri que havia um convênio com o Banco do Brasil e a liberação de um crédito de quase R$ 10 mil se deu em uma semana e poderei pagar em 48 meses", diz.
Reduzir gastos
Tanto para quem recorre às opções de crédito, quanto para quem tentará finalizar a obra com os próprios recursos, as professoras Ana Paula e Mirian indicam medidas simples para aliviar as finanças, como o corte de gastos extras, com clubes, associações, cursos ou mesmo planos de previdência.
"Mas é importante estabelecer um prazo para essa interrupção. Por exemplo, deixar de fazer um curso de inglês por um semestre e fazer com que a vida volte ao normal depois da obra concluída", diz Ana Paula. Outra opção é a troca de um carro mais novo quitado por um modelo mais antigo. "O valor que sobra também pode ser usado para a compra de materiais ou pagamento da mão de obra", completa a professora da Unioste.
Mirian aconselha ainda que o proprietário acompanhe de perto o trabalho na obra. "Mesmo quem tem profissionais de confiança, precisa destinar tempo para a obra, como forma de evitar o desperdício de material."
Ambas ressaltam a importância de planejar os gastos futuros, mesmo quando o orçamento estourou e de nunca fazer compras por impulso. "É melhor perder um bom negócio do que fazer um mau negócio. Portanto, analise sempre e não faça parcelamentos de produtos supérfluos, que podem aguardar alguns meses antes de serem comprados, como os móveis ou decoração", aponta Ana Paula.
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