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Construção

Gastos além do previsto

Obra em andamento e orçamento estourado. Essa realidade é recorrente para muitas pessoas. Veja algumas dicas para sair do aperto e finalizar a construção da casa própria

O empresário Ubirajara   Dell’ oso fez um financiamento para concluir um prédio |
O empresário Ubirajara Dell’ oso fez um financiamento para concluir um prédio (Foto: )

Antes de começar a construir, o ideal é planejar os gastos de cada etapa da obra. Mas não são poucos os casos em que o planejamento não é feito corretamente ou simplesmente sai do controle e a consequência é o aperto financeiro na hora de finalizar a construção. Para quem tem tempo disponível e pode esperar, o ideal é juntar dinheiro para depois tocar a obra até o fim. Mas esses casos são raros. "Por vezes vale a pena recorrer a uma linha de crédito, com juros bai­­xos, para comprar material, finalizar a obra e sair do aluguel", diz a professora do curso de Eco­­nomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioste) e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-PR), Mirian Beatriz Schneider Braun.

Ela recomenda fugir dos crediários em lojas e do cartão de crédito que normalmente têm juros mais altos. "Pesquisar várias li­­nhas e comparar antes da contratação é o melhor conselho. Outro ponto importante é saber que uma obra sempre sai pelo menos 30% a mais do que o previsto", diz Mirian.

Entre os itens que mais oneram a finalização de uma casa estão os materiais de acabamento, revestimentos de piso e parede, metais sa­­­nitários, portas e fechaduras, ges­­so, entre outros. "Além de se­­rem produtos mais caros, a mão de obra é bem específica e cara", lembra a secretária executiva, Isabel Ser­­vat da Costa, que concluiu a construção de um sobrado no fim do ano passado.

A família havia feito um financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal (CEF) para a construção da residência. Nessa modalidade o banco libera o di­­nheiro assim que se conclui uma etapa da construção. "Eram cinco etapas e na quarta notamos que faltaria dinheiro para a finalização", diz Isabel. "Nós resolvemos mudar o revestimento externo de tijolinho à vista para pintura com grafiato. Com isso, a obra encareceu cerca de 20%", contabiliza.

A saída foi aderir ao Constru­card, linha de crédito da CEF para a compra de material de construção e móveis, que somou R$ 1,1 bilhão emprestado de janeiro a março de 2010, com 89.386 contratos assinados no país.

"Optei por materiais de qualidade superior, como o porcelanato no lugar do carpete nos quartos. O investimento foi maior, mas o sacrifício nos próximos cinco anos, até quitar os financiamentos, valerá a pena, porque tenho a casa do jeito que sonhei", completa.

A professora e coordenadora do Laboratório de Orçamento Fami­liar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, aconselha a não escolher materiais de qualidade inferior como forma de economia. "Quem está no meio do orçamento e se vê com as finanças comprometidas precisa pensar em finalizar a casa para ir morar ainda que ‘acam­­pado’. As prioridades são cozinha e banheiro, mas se a casa tem três banheiros, pode-se optar por finalizar um bem caprichado e deixar os outros para depois", diz.

Crédito

O Bradesco (em parceria com as lo­­jas da Associação Nacional dos Co­­mer­­ciantes de Material de Cons­­tru­­ção, a Anamaco), o Banco do Bra­­sil e a Cai­­xa Econômica Federal (CEF) estão entre as instituições que oferecem linhas de crédito específicas para a compra de material. Com um valor inicial de R$ 70 e máximo passando os R$ 50 mil, as li­­nhas oferecem prazos de amor­­tização de até 60 meses e ta­­xas de juros entre 1,57% e 3,79% ao mês (leia mais no quadro ao lado).

Quando colocou na ponta do lápis os gastos extras que teria com a finalização da obra de sua casa, o funcionário público Marcos Viní­­cius Kogitski percebeu que as economias que ainda restavam não seriam suficientes. Resolveu procurar uma linha de crédito para a compra de materiais de construção diretamente na loja. "Descobri que havia um convênio com o Banco do Brasil e a liberação de um crédito de quase R$ 10 mil se deu em uma semana e poderei pagar em 48 meses", diz.

Reduzir gastos

Tanto para quem recorre às opções de crédito, quanto para quem tentará finalizar a obra com os próprios recursos, as professoras Ana Paula e Mirian indicam medidas simples para aliviar as finanças, como o corte de gastos extras, com clubes, associações, cursos ou mesmo planos de previdência.

"Mas é importante estabelecer um prazo para essa interrupção. Por exemplo, deixar de fazer um curso de inglês por um semestre e fazer com que a vida volte ao normal depois da obra concluída", diz Ana Paula. Outra opção é a troca de um carro mais novo quitado por um modelo mais antigo. "O valor que sobra também pode ser usado para a compra de materiais ou pagamento da mão de obra", completa a professora da Unioste.

Mirian aconselha ainda que o proprietário acompanhe de perto o trabalho na obra. "Mesmo quem tem profissionais de confiança, precisa destinar tempo para a obra, como forma de evitar o desperdício de material."

Ambas ressaltam a im­­portância de planejar os gastos futuros, mesmo quando o orçamento estourou e de nunca fa­­zer compras por im­­pulso. "É melhor perder um bom negócio do que fazer um mau ne­­­­gócio. Portanto, analise sempre e não faça parcelamentos de produtos supérfluos, que podem aguar­­dar alguns meses antes de serem comprados, como os mó­­veis ou decoração", aponta Ana Paula.

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