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Para Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge, a queda nas vendas expôs os caixas das empresas, fazendo com que elas perdessem o fôlego. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Para Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge, a queda nas vendas expôs os caixas das empresas, fazendo com que elas perdessem o fôlego.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Depois de chegarem a Curitiba e investirem pesado no nosso mercado, as “grandes” construtoras, em especial as de capital aberto, tem pisado no freio no que se refere à oferta de novos lançamentos, em um movimento contrário ao vivenciado no período do boom do setor.

Em 2015, o número de apartamentos residenciais lançados pelas empresas com atuação nacional caiu pela metade e somou 531 unidades na capital, ante a oferta de 1.091 imóveis colocados à venda em 2014.

O volume de novos empreendimentos apresentados ao mercado em 2016 é outro ponto que ilustra este cenário, no qual as empresas com atuação local seguraram os lançamentos. Até fevereiro, todos os 193 apartamentos colocados à venda eram de construtoras paranaenses. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).

Marcos Kahtalian, consultor de pesquisa de mercado da entidade, conta que este movimento de desaceleração teve início em meados de 2014 – período em que foram realizados os jogos da Copa do Mundo no Brasil –, ficando evidente no ano passado.

“Este fenômeno não está acontecendo apenas em Curitiba. As grandes empresas de capital aberto reduziram seus lançamentos em todo o Brasil em uma estratégia nacional de concentrar suas atividades em menos mercados”, acrescenta.

Para o consultor, o fato de boa parte destas construtoras trabalharem com imóveis de médio e alto padrões contribuiu para esta desaceleração, uma vez que estes foram os segmentos que tiveram maiores dificuldades relacionadas à obtenção de crédito, com recursos da caderneta de poupança, tanto para a produção quanto para o financiamento da compra pelo mutuário.

Os elevados níveis de estoque de algumas destas empresas também interferiram na decisão pela retração nas incorporações, uma vez que a ordem era a de geração de caixa, o que ocorre de forma mais significativa na fase de entrega das obras, como aponta Kahtalian.

“Olhando para o passado, estas empresas tiveram metas audaciosas de lançamentos e compra de terrenos. Na medida em que a velocidade de vendas foi caindo, isso expôs mais seus caixas, fazendo com que elas perdessem o fôlego”, acrescenta Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge.

Grandes que ficam

Nem todas as construtoras nacionais, no entanto, adotaram a estratégia de retrair seus investimentos na capital. Grandes empresas como Tecnisa, PDG e Cyrela mantêm suas atividades em Curitiba, algumas com lançamentos recentes.

É o caso da Cyrela, que está com o empreendimento Doc Castelo Batel – comercial voltado para a classe médica – em fase de pré-lançamento.

A diretora comercial da construtora na regional sul, Adriana Celestino, enfatiza que a empresa pretende continuar lançando na cidade, mas de forma mais orgânica e ordenada, com produtos que o mercado tenha capacidade de absorver. “Acreditamos no mercado de Curitiba e queremos permanecer nele”, resume.

Euforia do boom ficou no passado

Os especialistas são unânimes ao afirmar que a euforia na oferta de novas unidades vivenciada no período do boom imobiliário ficou para trás e não deve voltar a ocorrer na cidade, pelo menos não na mesma intensidade.

Marcos Kahtalian, consultor de pesquisa de mercado da Ademi-PR, explica que, além do ciclo de ajustes demorar um pouco para ser finalizado, as empresas perceberam que a expansão trazia uma grande dificuldade operacional, o que fez com que elas revisassem suas estratégias. “Pelos próximos cinco anos, elas deverão selecionar alguns mercados onde irão atuar. A exceção fica por conta das que trabalham no segmento econômico – que tem linhas de crédito garantidas pelo FGTS –, nas quais poderemos ver um processo de expansão”, pontua.

Como reflexo disto, o protagonismo frente à oferta de novos lançamentos na cidade deve ficar a cargo das construtoras locais que, com volumes de estoque menos significativos, precisarão lançar para manter suas atividades.

“Não alteramos nossos planos em virtude do humor do mercado”, acrescenta Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge. O grupo acabou de lançar o Marc Chagall, no Ecoville, e prevê o lançamento de um segundo empreendimento para o segundo semestre.

Novos empreendimentos

Para Salvático, as oportunidades de lançamento nascerão a partir do cruzamento das informações sobre a localização e a tipologia do produto que se pretende lançar, o que permite vislumbrar se há demanda para ele em determinada localidade.

A diretora comercial da Cyrela na regional sul, Adriana Celestino, acrescenta que os novos empreendimentos serão mais artesanais, projetados a partir de um olhar interno do mercado para responder às necessidades da cidade e dos clientes.

Outra característica que deverá marcar os próximos lançamentos será o reduzido número de unidades dos empreendimentos, em torno de 30 a 50 apartamentos, em média. “O mercado não absorve mais empreendimentos de grande porte. Quem comprava este [tipo de produto] era o investidor, cliente que está escasso”, resume Kahtalian.

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