O design de superfície se configura em um vasto campo, incluindo o design têxtil e cerâmico. Os profissionais que atuam na indústria recorrem ao processo criativo individual na geração de ideias para acompanhar tendências do segmento em que atuam. "Hoje, há um entendimento da função de um designer e como as indústrias podem aproveitar este profissional", destaca Renata Rubim, especialista em design de superfície.
Para Renata, é necessário um projeto anterior a produção. "É a padronização de qualquer superfície sólida, como o acabamento de móveis, os revestimentos cerâmicos ou de madeira, os tapetes e outros tecidos, por exemplo. Normalmente, um projeto de design de superfície é feito para ser reproduzido em série", comenta. Ela avalia que o mercado brasileiro evoluiu bastante na última década. "Ainda falta mão-de-obra especializada, mas as universidades estão tratando do assunto, com aulas específicas."
A coordenadora de marketing da Dupont Brasil, Priscila Angolini, explica que o trabalho dos designers na indústria está alinhado com o desenvolvimento de tecnologia. "A equipe precisa pensar em produtos que o mercado absorva e que tenham tecnologia agregada. Os designers são os responsáveis por acompanhar as tendências e os gostos locais."
No caso da Dupont, o destaque fica com a linha Corian, chapas de superfície sólida que têm ampla aplicação, como em tampos, cubas e revestimento de parede, que é comercializado no Brasil há dez anos e inicialmente estava disponível na cor branca. Com o aperfeiçoamento do design de superfície o material ganhou versões coloridas, com textura e mais recentemente uma versão translúcida. "É o reflexo da evolução do mercado e do design", diz Priscila, que comemora o interesse de designers de produto em utilizar o material na produção de móveis. "É um caminho que estamos apostando e mais uma possibilidade que se abre para o produto continuar evoluindo."
Outra indústria atenta ao design de superfície é a Cecrisa, que também fabrica a marca de revestimento cerâmico Portinari. "Temos um processo de criação que ocorre em seis meses e inclui pesquisa de tendência, materiais e planejamento das peças", diz Marilene DAltoé, gerente de desenvolvimento de produto das marcas. A marca Portinari tem mais valor agregado. "É uma linha da qual o mercado espera textura, cor e um design diferenciado."
Para certificar o trabalho, a empresa abandonou a prática de apenas importar e reproduzir ideias. "Hoje, 95% dos produtos que comercializamos foram desenhados internamente". Ela analisa que a indústria brasileira vem mostrando empenho no design de superfície nos últimos cinco anos e acredita que as fabricantes que não investirem em designers qualificados terão dificuldade no futuro. "Não basta só um bom desenho, o profissional precisa entender o processo de produção. Quem tem esse material humano certamente terá um diferencial no mercado."
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