O momento ainda é positivo para quem quer comprar e, principalmente, para quem constrói e vende imóveis. A constatação otimista, em meio ao cenário de crise financeira mundial, é de Gustavo Selig, novo presidente da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) entidade que representa 36 incorporadoras de Curitiba.
Ex-vice presidente da Ademi, o engenheiro civil e mestre em Administração de Empresas deve seguir à frente da instituição pelos próximos dois anos (2009 e 2010). Em entrevista à Gazeta do Povo, Selig garante: em sua gestão o foco é no incorporador. Objetivo de quem tem na bagagem o título de "Incorporador do Ano", entregue no ano passado pela Ademi a sua empresa, a Hestia Construções.
O senhor assume a presidência da Ademi-PR nos próximos dois anos. Quais serão as metas de sua gestão?
Nossa meta é o fortalecimento do mercado imobiliário. É dar sequência ao trabalho que a gestão anterior já estava iniciando, mas dando mais apoio para as incorporadoras. Queremos trazer um cenário mais real de Curitiba. Um trabalho que vamos fortalecer é a pesquisa de mercado, que deverá ser bimestral. Será uma pesquisa não só de mercado, mas também de acompanhamento do cenário: como estão as vendas, preços dos imóveis que estão sendo vendidos, a velocidade de venda dos empreendimentos. Será uma pesquisa bem completa destinada aos associados.
Qual era a periodicidade desta pesquisa anteriormente?
Era feita anualmente. Vamos encurtar esse prazo. A ideia é não só mostrar o cenário de Curitiba. Nos primeiros seis meses, vamos pesquisar só a capital. No segundo semestre, pesquisaremos a grande Curitiba (capital e região metropolitana). Para o ano que vem, pretendemos analisar as principais cidades do Estado: Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu. A expectativa é que a próxima gestão dê sequência a esse trabalho para que tenhamos uma pesquisa estadual.
O mercado imobiliário paranaense já foi afetado pelo cenário da crise financeira mundial?
Não foi e nem acreditamos que será. Sempre que há um tumulto, como perda de dinhero na bolsa e em outros investimentos, a tendência dos investidores é se voltar para o mercado imobiliário. É justamente o que está ocorrendo agora. Os investidores que estavam com o dinheiro aplicado em outros fundos estão procurando um investimento mais sólido. Na compra de um imóvel, além de estar investindo seu dinheiro, o investidor está construindo um patrimônio.
Na Hestia, que é minha construtora, o mês de janeiro de 2009 foi 30% melhor que janeiro do ano passado. Ou seja, teve melhora nesse ano.
Muito se discutia que o preços dos imóveis estava defasado há alguns anos em Curitiba. Com a movimentação imobiliária dos últimos dois anos houve um aumento. Hoje o metro quadrado na capital se equipara com outras cidades brasileiras?
Ainda é mais baixo. Claro que nos últimos dois anos tivemos uma recuperação muito boa do valor do metro quadrado. Porém, nas outras capitais também houve uma valorização dos imóveis. Curitiba ainda tem bastante espaço para que haja mais valorização. Esse é um fator que tem atraído bastante os investidores, inclusive de fora do estado, para os imóveis daqui.
Qual tem sido a média do valor do metro quadrado em Curitiba?
Hoje é de R$ 2.050. A tendência é chegar até o fim do ano em R$ 2.300, R$ 2.350, em média.
Qual foi o perfil que o mercado imobiliário curitibano assumiu com esses lançamentos recentes?
Foi bem diversificado. Curitiba estava carente de lançamentos. Nos últimos dois anos teve um grande número de empreendimentos lançados, mas fazia mais ou menos uns cinco ou seis anos que as construtoras tinham puxado o freio de mão. Por isso, ainda hoje há espaço para diversos tipos de imóveis. Uma característica peculiar do comprador em Curitiba é a busca pelo item localização. Procura regiões muito perto de áreas centrais e de acesso rápido. Os endereços que estão em volta do centro da cidade, como Batel, Água Verde, Cabral e Ecoville (nome dado a parte dos bairros Mossunguê, Santo Inácio e Campo Comprido) são os mais procurados.
Qual é a tendência para os próximos lançamentos?
Pelo que tenho conversado com outros incorporadores, os empresários focarão na classe média e média-alta. Esses são públicos com bom poder aquisitivo. Acredito que não haverá aumento no número de imóveis na linha popular nem de alto-padrão.
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