No acumulado de janeiro até julho de 2016, o número de pedidos de falência no Brasil subiu 27,5%, em contraponto com o acumulado de 2015. Na mesma comparação temporal, o número de falências decretadas subiu 13,9%. Em consequência disso, cresce o número de leilões de massas falidas – em especial imóveis e terrenos – abrindo oportunidade de novos projetos e investimentos nos locais das fábricas e empresas. Quem ganha, no final das contas, são os bairros, que se transformam em virtude dos investimentos que recebem.
Em Curitiba, o exemplo mais recente é a Indústria Química Melyane S/A, que decretou falência em 1999, mas seguiu funcionando até julho deste ano. Produtora da cera Canário e do sabão Guaíra, o imóvel da indústria é o mais disputado da massa falida, pois tem 16 mil m² na rua Engenheiro Rebouças.
É um dos últimos grandes espaços centrais da capital paranaense em área de zoneamento ZR4, que permite diversos investimentos como habitação coletiva, habitação unifamiliar, posto de abastecimento e serviços, estacionamento comercial, entre outros. A área tem coeficiente de aproveitamento 2,0, taxa de ocupação de 50% e número máximo de seis pavimentos, se residencial, e dois, no caso comercial. O espaço ainda não tem projeto, pois o imóvel não foi arrematado no primeiro leilão, em 29 de julho deste ano, devendo ser leiloado no segundo, ainda sem data definida.
Segundo o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Sérgio Pires, esse tipo de mudança, que gera transformações nos bairros, faz parte do dia a dia da cidade. “Estamos atentos às movimentações, mas enxergamos que mudanças são sempre benéficas”, comenta. “Quando empreendimentos maiores são feitos, a região ganha com geração de riqueza, impostos, postos de trabalho. E em alguns casos, existe a geração de medidas compensatórias. É a relação entre a sociedade, o setor público e o privado”, analisa o presidente.
Outro fato recente é o novo campus da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), instalado na Cidade Industrial de Curitiba, onde era a fábrica da Siemens. O campus, que começou a funcionar neste ano com o curso de Educação Física e ainda tem áreas em obras, ampliará o alcance da universidade até locais afastados do grande centro.
Outros casos
Fato semelhante ao da UTFPR ocorreu no começo dos anos 2000. Em 1997, a Loja Prosdócimo declarou falência, dando brecha para o Grupo Educacional Uninter instalar um campus universitário no antigo prédio da empresa, localizado na Praça Tiradentes, no cruzamento da Rua Cruz Machado com a Rua do Rosário.
A sede da fábrica de pianos Essenfelder, de 1890, é outro exemplo. Depois da falência em 1996, o Edifício Essenfelder foi desapropriado por R$ 90 milhões e passou a abrigar quatro varas da Fazenda Pública de Curitiba, além de gabinetes de juízes e desembargadores e de departamentos administrativos do Tribunal.
Em 2012, o Tribunal de Justiça consolidou a posse do prédio para incluir 14 varas de atendimento ao público, o departamento que processa todos os recursos do TJ, a estrutura do Funrejus, a Escola da Magistratura, e mais 55 gabinetes de desembargadores e 60 de juízes substitutos.
Matte Leão
Em 2010, a fábrica da Matte Leão, no bairro Rebouças, foi vendida para a Igreja Universal do Reino de Deus, que construiu novo templo no local. O problema, neste caso, é o não reconhecimento da arquitetura da empresa – datada do começo do século 20 – como patrimônio da cidade. Apesar da tendência de a Igreja gerar mais movimento de pessoas na região, em uma linha de revitalização de espaços públicos, perde a história arquitetônica da cidade. A fábrica foi demolida em 2011, restando apenas uma edificação menor, em art déco, de 1930.
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