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Se o Centro for realmente o coração da cidade, Curitiba está a ponto de ter um infarte. Exibindo os efeitos de décadas de abandono e de um êxodo populacional sem precedentes na história da capital paranaense, o bairro está doente. Os problemas são muitos: infra-estrutura envelhecida, comércio enfraquecido pela concorrência com os shopping centers, insegurança. Mas ainda é possível mudar esse quadro e salvar o paciente antes de uma melancólica entrada na UTI. Pelo menos é nisso que acreditam os participantes do projeto Centro Vivo, que desde 2003 trabalham em propostas para revitalizar a região central da cidade. O condomínio empresarial, que começou como um braço da Associação Comercial, hoje tem vida própria graças às mensalidades pagas pelos membros e o patrocínio de grandes empresas como a Rede Paranaense de Comunicação, a Fiat Automóveis, o HSBC e a Vivo.

O consultor Jorge Biancamano, que junto com a administradora de empresas Iroclê Wykrota coordena o Centro Vivo, explica que a degradação ocorrida na região ocorreu devido a dois processos paralelos. O primeiro foi a queda do número de habitantes: enquanto Curitiba cresceu, o Centro encolheu. O segundo, já citado, foi o aumento do número de shopping centers na cidade – hoje são mais de 20 empreendimentos, a maioria surgida nos últimos dez anos. "Isso levou a um esvaziamento do Centro", explica. O resultado foi a desvalorização dos imóveis e o início de um círculo vicioso difícil de quebrar.

Até agora. Apostando na implantação de Parcerias Público-Privadas (as PPPs, já previstas em lei e alardeadas pelo governo federal como a solução para a falta de recursos que aflige vários setores da vida nacional), os integrantes dos grupos de trabalho do Centro Vivo estão preparando uma série de propostas que podem devolver ao Centro o status perdido. A arquiteta Camila Pesserl, coordenadora de dois grupos de pesquisa, explica que os trechos escolhidos para este primeiro estudo foram o Anel Central e o eixo Barão do Rio Branco-Riachuelo e Travessa da Lapa, além dos espaços entre as praças Santos Andrade e Osório (direção Leste-Oeste) e entre o Passeio Público e a Praça Eufrásio-Correia (Norte-Sul).

A escolha, explica Camila, não foi aleatória. "É uma região muito importante conceitualmente e historicamente, e está muito degradada", diz. Além disso, como essas áreas estão no coração de Curitiba, a sua revitalização servirá de estímulo para que os proprietários de imóveis das regiões próximas também invistam. "Assim a gente espera criar um círculo virtuoso", afirma a arquiteta. Mas para viabilizar as propostas, será preciso dinheiro. "A princípio, o Ministério das Cidades apóia projetos desta natureza. Mas mesmo que o poder público decida patrocinar nossas ações, muito terá que vir da iniciativa privada."

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