Nada de euforia ou comemorações exageradas. O pacote de medidas para a habitação anunciado pelo governo federal nesta semana provocou reações comedidas entre especialistas do mercado imobiliário de Curitiba. Eles, no entanto, concordam que o incentivo é positivo para o setor.
Como o pacote é recente e algumas medidas ainda precisam de regulamentação para vigorar, as estimativas, na sua maioria, ainda são cautelosas. Marcos Machado, vice-presidente de comercialização imobiliária do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), lamenta a demora para a implementação das ações previstas no pacote. "Pena que ele só saiu agora, próximo das eleições. Acho que estas medidas vão demorar um pouco para surtir algum efeito no mercado."
Ele reconhece que a redução e a simplificação da carga tributária podem fazer com que muitas pequenas empresas saiam da informalidade, mas condena a ausência de incentivos voltados à habitação popular. "A classe média, mesmo com alguma dificuldade, consegue resolver o seu problema de habitação, ao contrário da população menos favorecida, esquecida nesse pacote", critica Machado.
Segundo Daniel Fuzetto, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná (Sindimóveis), não há novidades suficientes nessas ações para acreditar em uma mudança muito significativa. "Os juros continuam altos. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que será utilizada em alguns casos, não é o indexador mais adequado para os contratos. Ela é relativamente instável e não é tão baixa (oscila hoje em 7,5%)", lembra Fuzetto. Para ele, os financiamentos podiam ser atrelados ao Custo Unitário Básico (CUB), baseado no preço da construção ou em outro índice mais atrativo.
O presidente em exercício do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck, considera positivas as medidas. Para ele, no entanto, em vez de pacotes esporádicos, o setor precisa mais é de políticas de incentivo a longo prazo.
Fernando Thá, coordenador de comunicação da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), vê o empréstimo direto às construtoras como um importante passo para o setor. "Emprestando dinheiro para as construtoras o governo estimula a produção", conclui.
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