Os 116 dias de chuvas que ocorrem anualmente em Curitiba, segundo média histórica considerada pelo Simepar, sistema de meteorologia do estado, não servem como desculpa para esticar o andamento das construções se há planejamento. O mau tempo costuma ser uma das principais justificativas para atrasos na conclusão das obras junto com burocracia e escassez de mão de obra e de insumos. Mesmo as intempéries precisam estar nos planos de execução das construtoras, apesar de elas terem interferência bem menor do que no passado, afirma o vice-presidente administrativo do Sindicato da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Euclésio Finatti. "Temos informação on-line do que ocorrer com o tempo com antecedência de três dias. A programação da obra, focada nisso, é alterada conforme a previsão", diz.
Se for de chuva, exemplifica Finatti, um serviço externo pode ser substituído por um interno, sem prejuízo ao cronograma, mesmo quando o mau tempo não estava previsto no planejamento. Apesar das facilidades, afirma, há quem não faça essa programação. "Empresas organizadas têm seu diário de obra, que informa se há funcionário faltando, quanto de material e como está o tempo. A adversidade é mecanismo de planejamento e o gerente de obra que observa isso tem como replanejar a obra."
Quebra na produção
O dia chuvoso representa uma quebra na produção de 10 a 15%, revela o proprietário da Casteval, Osvaldir Benato, especializada em condomínios horizontais. "Atrapalha na lida com terra, fundação, asfalto e insfraestrutura de um modo geral. Além de prejudicar no transporte e no fornecimento de material e na produção dos funcionários."
Foi o que ocorreu no mês de agosto, o menos produtivo deste ano na avaliação do empresário. "Para fazer o cronograma não é fácil. Nem sempre conseguimos nos adequar conforme os períodos, temos prazos a cumprir", afirma Benato. A construtora está com seis projetos em andamento, com cerca de 400 unidades no total, todos com a quebra na produção prevista, garante Benato. "Além de estar no planejamento, acompanho a previsão do tempo pelo menos quatro vezes ao dia, pela internet, televisão e jornais."
O oitavo mês do ano, que deveria ser mais seco, registrou um aumento no volume de chuvas muito acima do previsto pelo Simepar. Foram 228 milímetros de chuvas, resultado 212% maior do que a média histórica, de 73 milímetros, afirma a meteorologista Sheila Paz. "A atmosfera esteve com trânsito muito tranquilo para o avanço das frentes frias, que trazem as chuvas, por isso a facilidade do sistema em percorrer o estado, principalmente a região de Curitiba", explica. As chuvas não foram intensas, mas distribuídas, em um total de 12 dias.
Serviço on-line
No mês passado a empresa privada de meteorologia Climatempo lançou o Sistema de Monitoramento e Alerta Climático (Smac) para auxiliar os profissionais da área de construção civil no desenvolvimento de obras. O acesso é por meio de login e senha, pelo site www.climatempo.com.br. O serviço é pago e varia de acordo com a quantidade de obras a serem monitoradas.
"Entendemos a necessidade e a oportunidade em criar o sistema por conta da demanda das construtoras", afirma Patrícia Madeira, diretora de meteorologia da Climatempo. A ferramenta fornece boletins de previsão para 15 dias, com informações sobre período da chuva, volume acumulado, temperatura e umidade, direção do vento e intensidade, em formato de tabelas e gráficos.
Multa por atraso
Desde fevereiro desse ano está em análise na Câmara dos Deputados o projeto de lei 178/11, que prevê a criação de multa para o atraso na entrega, um dos problemas que mais incomodam quem compra um imóvel na planta. Se aprovado, o documento tornará nula as cláusulas contratuais que estabelecem tolerância para atrasos (de até 180 dias) e obrigar as construtoras a uma indenização correspondente a 2% do valor do contrato, acrescida de juros de 1% ao mês até a data efetiva da entrega.
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