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Cristaleira do fim do século 19. Feita em madeira pinho de riga. O filtro ao lado é de porcelana artesanal. | Fotos: Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Cristaleira do fim do século 19. Feita em madeira pinho de riga. O filtro ao lado é de porcelana artesanal.| Foto: Fotos: Hedeson Alves/Gazeta do Povo
  • Criado-mudo em estilo provençal e livreiro feito com madeira de pinheiro araucária recuperados pelo artesão Robson Walker.
  • A cadeira é de um conjunto de sala de música de 1935.
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Móveis, em sua maioria, de madeira nobre e estilo único. As peças antigas herdadas de família tendem a passar de geração em geração algumas vezes bem cuidadas, outras deixadas de lado sujeitas às ações do tempo e dos cupins. Em uma época em que o clássico se mescla cada vez mais ao contemporâneo e em que móveis de madeira de demolição (retirada da estrutura e do mobiliário de construções derrubadas) estão em voga, nada melhor do que trazer o móvel antigo à vida novamente.

"Para móveis antigos há dois caminhos. O primeiro é o da originalidade, tentar restaurar a peça para deixá-la o mais próximo possível de quando foi fabricada. Isso é muito importante quando é uma peça realmente antiga, que tem um estilo bem definido, uma história. O segundo é o da intervenção. Para esse caso, o ideal é escolher um cantinho do ambiente em que a peça fique em destaque e que a parte da intervenção, um tecido moderno, por exemplo, fique bem evidente e diferente do restante original", explica a arquiteta Ana Padilha.

Para a restauração dos móveis antigos o primeiro passo é procurar orientação nos antiquários da cidade. "Lá eles ajudarão a identificar o estilo e o período do móvel, além de indicar o profissional certo para o defeito a ser corrigido. Muitas vezes o marceneiro será só um técnico executor do trabalho orientado por um ‘entendido’, alguém que sabe as características e a história da peça", aconselha Ana. Bastante frequentados por colecionadores de antiguidades, esses estabelecimentos, geralmente, prezam pela originalidade da peça – leia-se madeira ao natural e a manutenção de seu estilo nos últimos detalhes. Móveis com a pátina atual – feita com menos camadas que a de décadas atrás e com um método que deteriora a madeira do móvel – dificilmente são aceitos nos antiquários.

O dono da Jade Rosa Antiguidades, em Curitiba, Nelson Abrahão Raad, diz que são poucos os profissionais experientes em restauração de móveis na cidade hoje. "Mas os que estão disponíveis são conhecidos dos antiquários. Por isso, a pessoa deve nos procurar antes de tentar qualquer recuperação da peça. Não é qualquer profissional que sabe trabalhar com esses móveis."

Raad comenta que o trabalho exige muita critividade. "Alguns materiais e mesmo ferramentas não existem mais. É preciso criatividade para driblar as dificuldades". Um dos exemplos são as chaves e puxadores. Quase sempre o móvel não está com todos os originais. Para substituí-los é preciso garimpar um acessório atual semelhante ou mandar fazer.

Para quem quer modificar o móvel também há espaço. O artesão Robson Walker é acostumado tanto com a recuperação original dos móveis quanto com a transformação das peças. Segundo ele, uma das modificações mais pedidas é o estilo provençal. Neste caso o móvel recebe cobertura branca e tem seus traços em relevo levemente desgastados para ficarem mais evidentes. "Os móveis retrô, típicos da década de 1950, também estão em alta. Até os móveis mais recentes, como cadeiras das décadas de 1970 e 1980, estão sendo usadas. Para isso basta saber combinar as peças de diferentes épocas."

Para essa combinação a arquiteta Ana Padilha indica a ajuda de um profissional de interiores, arquiteto ou designer, para que a mistura não fique pesada demais. "Saber combinar o contemporâneo com o antigo não é tão simples assim."

Ana diz que adaptar alguns móveis de acordo com a ergonomia avançada de hoje também é usual. "Muitas vezes se tem um móvel desconfortável que para determinado uso precisa de uma intervenção. De qualquer forma é sempre importante estudar a história da peça, de que estilo é e suas características. Não dá para fazer nada mais ou menos, senão o móvel perde seu valor cultural."

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