A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis está em vigor desde o dia 27 de novembro, meses depois de outros produtos, como eletrodomésticos de linha branca e materiais de construção, ganharem o benefício. A alíquota sobre os produtos varia entre 5%, nas linhas de guarda-roupas, racks, estantes e camas, e 10%, no valor cobrado por estofados e móveis tubulares, como beliches e camas.Algumas entidades do setor chegaram a prever reduções maiores do que as alíquotas no valor final dos móveis. Maristela Longhi, presidente da Associação da Indústria de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), o principal polo da indústria moveleira do país, disse, no dia da decisão do governo, que a medida deveria provocar uma redução da ordem de 20% para os preços ao consumidor.
Nas lojas de móveis o que se vê é a redução entre 10% e 15%. "Auxiliados pela redução do IPI, os lojistas acabam concedendo outros descontos", analisa José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimovel).
Na opinião de Marco Brotto, proprietário da loja Piccola Brotto, as promoções atuais são praxe de fim de ano. "Na renovação do estoque em janeiro será possível ter uma noção melhor do impacto da isenção, verificando se a movimentação do mercado vai se manter", analisa.
André Borges, gerente de marketing da Atlanta Móveis, de Rio Negrinho (SC), outro importante polo moveleiro do Brasil, exalta a decisão e afirma que, mesmo sendo cedo para analisar o impacto, nota-se uma recuperação das vendas. "Temos lojas em Santa Catarina e no Paraná e nos dois estados notamos o interesse maior do consumidor principalmente em saber o quanto os produtos ficaram mais baratos", diz explicando que os móveis ficaram até 15% mais em conta.
O comércio de móveis planejados também vê com entusiasmo a redução do IPI. "Em apenas 15 dias notamos o aumento de 10% nos pedidos. Há uma influência do fim do ano, mas o fato é que o setor de móveis precisava dessa redução", diz Ivanor Ferro, gerente nacional de vendas da Italínea, marca com fábrica em Bento Gonçalves (RS).
No entanto, o executivo prevê o aumento do preço das chapas de MDF, usadas para a montagem dos móveis. "Existe uma solicitação das indústrias de chapa em querer aumentar o produto. Esperamos que não haja esse aumento, para que a redução do IPI possa realmente cumprir o papel de recuperar as perdas de vendas da indústria moveleira", diz. Ele explica que os produtos comercializados pela marca têm, em média, redução de 5%. "Esse é o valor que incidia sobre os móveis planejados", lembra.
Recuperação
O presidente da Abimovel explica que o setor vive uma crise que causou queda média de 10% nas vendas em 2009. "De dezembro a março (mês em que acaba a isenção do imposto) será possível recuperar cerca de 25% das vendas", informa Fernandez.
O Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), principal polo do Paraná, explica que muitas empresas cogitavam a demissão de funcionários em janeiro e que a redução do IPI pode conter essa movimentação. "Era possível que até 30% do pessoal perdesse o emprego a partir de janeiro. As últimas conversas mostram otimismo dos empresários", diz Silvio Luiz Penetti, diretor-executivo do Sima.
De acordo com Penetti, nos polos moveleiros de Ubá, Linhares e Arapongas, onde a participação das exportações tem bastante peso, houve quebra de até 25% nas vendas nos últimos meses. "Com a exportação em baixa, as fábricas passaram a depender mais do mercado interno", diz.
Briga de Pochmann e servidores arranha imagem do IBGE e amplia desgaste do governo
Babás, pedreiros, jardineiros sem visto: qual o perfil dos brasileiros deportados dos EUA
Crise dos deportados: Lula evita afronta a Trump; ouça o podcast
Serviço de Uber e 99 evidencia “gap” do transporte público em grandes metrópoles
Deixe sua opinião