Nas nuvens
No luxo de Balneário, quanto mais alto e mais imponente, melhor
Anunciado como o mais alto edifício residencial pronto do país, o Villa Serena Home Club é um exemplo do padrão dos prédios da Embraed, todos em estilo neoclássico. Cada detalhe é pautado pelo luxo e grandiosidade, sob supervisão pessoal de Rogério Rosa. O hall do Villa Serena tem pé direito quádruplo de 16 metros de altura e um lustre com 5 metros e 450 quilos. As duas torres do empreendimento têm, cada uma, 160 metros e 46 pavimentos.
A FG Empreendimentos é outra construtora de Balneário que compete com a Embraed no mercado de imóveis de luxo.
A competição entre a Embraed, que tem 30 anos de atuação e 35 prédios construídos, e a FG, que acaba de completar 10 anos, alcança o espaço aéreo. As duas disputam o título de quem constrói o prédio mais alto. Em julho, na entrega do Villa Serena Home Club, o presidente da Embraed, Rogério Rosa, anunciou o lançamento do Embraed Towers, que terá 300 metros de altura. Rosa afirma que a autorização para construir 61 andares será ampliada para 82 pavimentos com a aquisição de potencial construtivo, processo em fase de finalização.
A FG, por sua vez, divulga o Infinity Coast, que terá 66 andares. O preço das unidades vai de R$ 1,8 milhão a R$ 7 milhões.
Para outro lançamento, o Seas Palace Residence, a empresa adotou a estratégia de manter um apartamento decorado do funcionando como se fosse unidade de hotel. Clientes interessados em conhecer o padrão da FG podem passar um fim de semana no local. "A ideia é usufruir as sensações que o luxo com a marca FG pode proporcionar", diz o diretor comercial da construtora, Toninho Roncaglio. O apartamento tem quatro suítes, cinco vagas de garagem e muitas áreas de lazer.
Com pouco espaço para novas construções e um dos metros quadrados mais caros do Brasil, Balneário Camboriú não quer parar de crescer para o alto e em dígitos tão cedo. Os empreendedores, que erguem torres cada vez mais altas na cidade do litoral catarinense, apostam que a valorização dos imóveis não vai parar. O movimento se estende às vizinhas Praia Brava, em Itajaí, e Itapema, onde o preço do metro quadrado subiu exponencialmente nos últimos cinco anos.
De acordo com Nelson Queiroz, gerente comercial do Grupo Brava Beach, que tem um grande empreendimento em construção na praia de Itajaí, o valor do metro quadrado privativo de um apartamento novo, à beira-mar ou bem próximo à orla, está entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Em Balneário, o metro quadrado privativo do mesmo padrão de apartamento varia entre R$ 20 e R$ 30 mil.
Em Curitiba, de acordo com a Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi), a média do metro quadrado de apartamentos novos está em R$ 5,6 mil. No Batel, região mais cara da capital, o valor fica entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
Já na capital paulista, o metro quadrado mais valorizado está no bairro Vila Nova Conceição, onde o preço chega a R$ 20 mil. No Rio de Janeiro, o Leblon tem o metro quadrado a até R$ 27 mil.
Otimismo
Crise é um assunto que, aparentemente, não chega a esse pedaço do Brasil.
"Nossa cidade tem representatividade em todo o país. Balneário já é reconhecida como um destino único e privilegiado, mas vai crescer e se tornar ainda mais conhecida e desejada", vaticina Rogério Rosa, fundador e presidente da construtora Embraed.
Ele diz que está comercializando um apartamento novo por dia nessa época do ano, graças à atração natural que os empreendimentos exercem sobre o público e a uma campanha interna de premiação dos corretores. "Compradores vêm até nós".
Rogério Rosa garante que a valorização dos imóveis na região está longe de alcançar um teto.
"Se há bolha imobiliária, ela não chega aqui, porque não temos excesso de oferta. As pessoas querem comprar em Balneário para investir, para morar, ou para lazer. O preço nunca reduziu, pelo contrário. Acredito que tudo aqui vai dobrar de preço", observa.
O empresário afirma que, em poucos anos, os apartamentos da Embraed, que atualmente custam entre R$ 2,5 e R$ 5 milhões, estarão sendo vendidos por R$ 10 milhões.
"Basta observar a evolução. Um apartamento que, em 2000, valia U$ 100 mil, hoje chega a US$ 1 milhão", comenta Rosa.
Na região
A Brava e Itapema, a exemplo de Balneário, vêm recebendo lançamentos concentrados no segmento luxo e alto padrão, com preços acima de R$ 1 milhão. Entre os compradores dos apartamentos novos nessas praias, cerca de 50% são do Paraná.
Entre os paranaenses, a maioria é de Curitiba e região, mas vem crescendo o número de pessoas de cidades como Cascavel e Ponta Grossa que compram imóveis no pedaço mais caro do litoral catarinense.
Os demais compradores vêm de outras cidades de Santa Catarina, especialmente da região fortemente industrializada de Joinville e Vale do Itajaí, e também do Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
No Villa Serena Home Club, empreendimento da Embraed que foi concluído em julho, 35 dos 164 apartamentos foram vendidos para famílias de Curitiba, segundo Adriana Amorin, diretora do Grupo Embraed.
Mercado de Balneário tem regras próprias
Quem se interessa em comprar apartamento de alto padrão em Balneário Camboriú precisa conhecer as características do mercado local. Em geral, os empreendimentos de luxo são colocados à venda depois que o prédio está quase concluído diferente de Curitiba e da maioria das cidades brasileiras, onde as unidades são comercializadas na planta, a partir do lançamento.
Outra particularidade é que não se fala em valores por metro quadrado. O preço dos apartamentos é dado por unidade. Da mesma forma, a publicidade não costuma trazer a metragem dos imóveis. A divulgação informa se o prédio é de frente para o mar ou a distância da orla, quantas suítes têm o apartamento em geral são três ou quatro , número de vagas de garagem e itens das áreas comuns.
Essas características se explicam pela forma como o mercado imobiliário se desenvolveu em Balneário Camboriú, um município jovem e com apenas 6,8 km de orla.
Com a praia cercada por morros ao norte e ao sul e áreas de preservação, o crescimento é limitado. Terrenos para novas construções são escassos e muito disputados. As poucas áreas ainda disponíveis têm o preço nas alturas. Por outro lado, o plano diretor da cidade regula a área mínima dos apartamentos e elitiza a orla litorânea: à beira-mar, as unidades devem ter, no mínimo, 210 m², enquanto na primeira quadra o menor tamanho é de 170 m², e na segunda quadra fica em 150 m².
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